SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
SANTANA E O TEMPO Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.185 O temp...
SANTANA
E O TEMPO
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de
2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.185
O tempo invernou por alguns dias em Santana do
Ipanema. A chuva que chegou com essa “invernada”, foi molhadeira e mansa. Em
alguns lugares choveu um pouco mais forte e em outros muito pouco. O último
sábado, o céu já amanheceu quase limpo, mas a umidade no Médio Sertão, continua
alta. A temperatura durante as noites, chegam à 24, 23. Tem dias que venta o
dia todo lembrando o nosso antigo mês de novembro, porém, dias é uma calmaria
só. Com as últimas chuvadas, a vegetação ficou esverdeada sim, mas ainda não
atingiu o verde normal de tempo de chuvas abundantes. Mas, de qualquer maneira,
o nosso Sertão cria alma nova, com o último verde conquistado. Os que teimam em
conhecer o pedestal e a estrutura onde será colocada Santa Ana, na Serra Aguda,
sobem, filmam e fotografam a nova paisagem daquela região.
Os que visitam a Represa Isnaldo Bulhões, no
riacho João Gomes – entre três e quatro
quilômetros do Centro – dizem maravilha a respeito do volume d’água. A barragem
está sangrando com seu barulho característico, que para os ouvidos do turista é
uma orquestra muito bem ensaiada. Quanto ao rio Ipanema, recebeu pouca água de
Pernambuco. A mesma coisa se fala do seu afluente riacho Camoxinga que, sempre
coincide às grandes cheias do Ipanema com as suas, quando fica represado,
causando muitos prejuízos por dentro da fatia urbana por onde escorre. Mas como a paz em rio e riachos continuam
apenas proporcionado alegria e mais alegria, sem prejuízo, que continue assim
com essa intercalada entre Sol quente e muita umidade.
Surgem dois casais de rolinhas brancas,
enormes, parecendo juritis e, vão se arranchando por aqui por perto, No
pau-brasil, nas acácias da rua, e tomando banho de Sol montadas na fiação. Os
anus-pretos sumiram. Garças pantaneiras já estão frequentando as plantas
aquáticas do rio Ipanema e o quero-quero (espanta-boiada) sempre estão a
sobrevoar Ipanema, Represa e o açude do Bode. E se você quer saber, é a
Natureza toda se manifestando e louvando à vida. Estou escrevendo neste sábado,
que está uma delícia para se andar pelos campos. E amanhã, domingo, deverá ser
a mesma coisa com esse tempo agradabilíssimo. Choveu muito entre Olho d’Água
das Flores e Senador. Mundo Verde.
Como é bom ser nordestino!
TEMPO EM SANTANA, ONTEM, DOMINGO. (FOTO: B. .CHAGAS).
FOI ASSIM Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.184 Em Santana do Ipane...
FOI
ASSIM
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.184
Em Santana do Ipanema, a Rua José Amorim
(Barulho), foi formada, principalmente, por feirantes; o bairro Camoxinga
expandiu-se por causa da ponte Padre Bulhões e do Cemitério Santa Sofia; o
Bairro Lajeiro Grande formou-se, graças a uma promessa com o padre Cícero; o
Bairro Floresta foi ocupado pela emigração do homem rural, cujo valor dos terrenos
para isso contribuiu; a Avenida Coronel Lucena, foi ocupada por comerciantes e
fazendeiro; a rua Antônio Tavares, ocupada pelos artesãos; o Bairro São Pedro
foi ocupado pelos ruralistas que chegavam do Leste, principalmente da região
Maniçoba/Bebedouro; a Rua Tertuliano Nepomuceno, foi ocupada por baixos
meretrícios e bares; O Bairro barragem foi ocupado pelos cassacos
(trabalhadores braçais do DNOCS); o Bairro Clima Bom, formou-se do Bairro
Barragem.
Quem fez a primeira casa do Aterro, foi Luiz
Fumeiro, quem fez as primeiras casas da Avenida Nossa Senhora de Fátima, foi
Luiz Fumeiro. Quem fundou o time Ipiranga, foi Luiz Fumeiro, quem fundou o
bloco dos cangaceiros foi Luiz Fumeiro. Quem botava água nos tanques da Empresa
de Água e Luz, para refrigerar o motor que abastecia a cidade, (três tanques
enormes de cimento) era Daniel Manoel Filho, a quinhentos réis cada carga de
jumento. Quem era uma espécie de zelador da Empresa era Antônio da Empresa
(sogro de Juca Alfaiate). Quem cuidava do grande motor alemão era o cientista
Agenor. Quem recebia as mensalidades da conta de luz, era o senhor Valdemar
Lins, um dos sócios da empresa, desde 1921.
O motor alemão que abastecia a cidade,
funcionava em um prédio preto e imundo cheio de óleo pelas paredes, na Rua
Barão do Rio Branco, depois foi construído o prédio na Avenida Nossa Senhora de
Fátima para este mister com três grandes repartições. Grande salão do motor,
Sala de pagamento e almoxarifado, e ainda três tanques d´água, gigantes, no bequinho
com um portão verde, que dava acesso aos aos degraus de três tanques. Ocioso
após a pane no motor alemão, o prédio foi ocupado como Fórum. Somente depois
passou a ser a atual Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte. Já os Correios,
funcionando em Santana desde o Século XIX, construiu sua sede própria no Bairro
Monumento em terreno cedido pelo, então prefeito Firmino Falcão Filho.
INAUGURAÇÃO DA EMPRESA DE LUZ ENTRE 1953-1956.
(FOTO: DOMÍNO PÚBLICO).
PRIMEIRA MÃO Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.183 Falo principalme...
PRIMEIRA
MÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.183
Falo principalmente aos
santanenses da terra e aos que estão espalhados pelo Brasil, sobre um detalhe
da nossa história tão carente de pesquisadores. Até chegar o ano de 1966,
quando chegou água encanada em Santana do Ipanema, todo o serviço de abastecimento
do líquido nas residências, era feito através de jumentos com ancoreta de
madeira e seu tangedor, chamado Botador
d’água. A água era retirada das
cacimbas escavadas no leito seco do rio Ipanema. Mais de cem botadores d’água,
prestavam esse serviço em toda a cidade. A água do rio Ipanema era salobra ou azinhavrada,
como disse o escritor Oscar Silva. Quem queria uma água de melhor qualidade pedia
que o botador d’água trouxesse água do sítio Marcela, na região do sítio Água
Fria, cujas cacimbas no leito do rio, era uma maravilha. Era a preferência dos
ricos que podiam pagar melhor.
Nunca vi até hoje ninguém ter
escrito quanto custava uma carga d’água, apesar de tantas repetições do que já
foi amplamente divulgado. Novamente, venho em PRIMEIRA MÃO dizer aos
santanenses que uma carga d’água das cacimbas comuns do rio, custava quinhentos reis. Claro, se fosse duas
cargas seria destões, isto é, dez tostões. Mas se fosse uma carga
d’água da Marcela, se pagaria dois mil
réis, isto é quatro vezes mais. Kkkkkk (Internet). Quer saber a fonte?
Acabo de entrevistar o último botador d’água da cidade, com quase 90 anos e
hoje, meu historiador oral: Daniel Manoel Filho.
Atualmente, embora não seja
amplamente divulgado, existe uma empresa explorando água mineral do sítio Água
Fria. Estamos comprando e usando essa água da Marcela, agora industrializada e
vinda em garrafões, sem diferença nenhuma de preço de outras águas vindas de
outras partes do estado. Agora, cada santanense que viveu a época de água das
cacimbas, que tenha a lembrança do seu botador d’água particular. Os da minha
casa mesmo não era o que é representado na estátua do jegue. Mas sim os dois
irmãos gêmeos Elias e Enoque e o preto de avançada idade, chamado Quixaba e,
seu filho.
Ê Sertão!
Orgulho Nordestino.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.