SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
HISTORIANDO SERTÃO Clerisvaldo B. Chagas, 26 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.196 Eu nem er...
HISTORIANDO
SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de fevereiro de
2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.196
Eu nem era nascido ainda, quando em 1941 – ano
imortalizado como a maior cheia do rio Ipanema – estava sendo construída a
rodagem da BR-316, trecho Maceió – Delmiro Gouveia. Os trabalhos da grande estrada de terra, já
haviam chegados ao Garcia, ocasião em que seus habitantes cogitaram em
construir uma cidade escolhendo uma das margens do riacho Dois Riachos,
prevalecendo a margem esquerda. Daí surgiu a expansão do casario planejado que
tempo depois seria emancipado e o Garcia passou a ser a cidade de Dois Riachos.
Bem perto dali, surgia também, espontaneamente o povoado Areias Brancas, com
apenas uma casa isolada. (Ver o livro: O
Boi, a Bota e a Batina; história completa de Santana do Ipanema.
A existência do riacho Dois Riachos, foi
fundamental para o surgimento da nova cidade. Os Dois Riachos fazia papel
semelhante ao rio Ipanema, do qual é seu forte afluente, no abastecimento
d´água, da areia, do barro, do pasto, das ervas medicinais, da madeira e do
lazer, vantagens complementares de um rio periódico ou intermitente. E se o
antigo Garcia tinha o valor incomparável do riacho Dois Riachos, ali perto,
entre o Garcia e Santana, escorria outro belo afluente do rio Ipanema, o riacho
Gravatá que banhava as imediações do ponto culminante de Santana do Ipanema, a
serra do Gugi e, semelhante aos Dois Riachos, também corta a BR-316 em busca do
seu coletor, Ipanema. O riacho Gravatá fica a aproximadamente 2 quilômetros do
povoado Areias Brancas, em direção à Santana.
A cidade de Dois Riachos, prestou relevantes
serviços ao nosso estado quando foi ponto de apoio fundamental para os que
buscavam o Sertão bravio para as mais diferentes tarefas. Hoje continua sendo
lugar importante no contexto alagoano e sertanejo. Orgulha-se do seu progresso,
da sua Feira de Gado, do Açude do Pai Mané, das romarias da Pedra do Padre
Cícero. E ali pertinho, o povoado Areias Brancas, é outro orgulho sertanejo que
se a burocracia permitisse, seria uma nova cidade alagoana.
Estarei, após o Carnaval, fazendo uma visita de
cortesia e parceria cultural/religiosa em Dois Riachos e ministrando uma aula
campal para alunos de Areias Brancas.
Quer ir conosco?
ENTRADA DE DOIS RIACHOS (DIVULGAÇÃO).
É DA SERRA? Clerisvaldo B. Chagas, 25 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.196 Conhecemos...
É DA
SERRA?
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de fevereiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.196
Conhecemos no Sertão de Alagoas: A Serra do
Poço e a serra do Gugi. A serra do Poço é vista de vários pontos da cidade de
Santana do Ipanema. Faz parte da região serrana do município, contrafortes do
planalto da Borborema. Possui 505 metros de altitude e se apresenta com metade
no Poço das Trincheiras, metade em Santana. Os antigos fizeram da serra do
Poço, um verdadeiro pomar que parecia um jardim suspenso. Passou a ser o grande
fornecedor de frutas de qualidade da nossa região. Destacavam-se a laranja, a
banana e a jaca. Mas também produzia o feijão
andu que muitas pessoas faziam o famoso “café de andu”.
Nas feiras dos sábados,
chegassem frutas de onde chegassem, a preferência era sempre da serra do Poço. É da serra? – Indagava o freguês. É sim,
Doce que só mé! E a estrada que
levava à serra – que hoje passa pelo Colégio Prof. Mileno Ferreira – ainda
isolada, registrava a passagem de jumentos, burros e éguas de caçuás repletos
de frutos trazidos do cimo da serra do Poço. Ou desciam para Santana pelo sítio
Água Fria ou pelo sítio Poço Salgado. Subir a pé à serra do Poço, gastava-se
duas horas para quem não tinha o costume. Muito menos tempo para o nativo. Ao se chegar, porém, ao topo da
montanha. Surgiam a recompensa da paisagem, das águas, dos pomares, da
culinária serrana.
Há cerca de 15 anos, a
mão-de-obra jovem deixou o campo em busca dos atrativos da cidade, como os
estudos, por exemplo. Os pais envelheceram e não tiveram mais forças e a citada
mão-de-obra jovem para a continuação dos pomares. Sem novos plantios, sem
manutenção, os pomares haviam desaparecidos quase totalmente. Não sabemos a
situação atual da serra do Poço, entretanto, vimos ultimamente um site
mostrando o dono comendo jaca e afirmando ser da serra do Poço.
Mas sempre tivemos pena dos
santanenses aqui nascidos e criados que nunca foram à serra do Poço, do Gugi e
mesmo aos montes que circundam de perto a cidade, como o serrote do Cruzeiro,
do Gonçalinho ou o serrote do Pelado, mas querem conhecer outros países.
SERRA DO POÇO, VISTA DA CIDADE
DE SANTANA, NO INVERNO EM 2013. (FOTO B.
CHAGAS/LIVRO 230).
OLHANDO DO SERROTE Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.195 Entre os...
OLHANDO
DO SERROTE
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.195
Entre os montes residuais que circundam Santana
do Ipanema – mirantes naturais encantadores, da cidade - Poderemos relacionar
em círculo da direita para a esquerda até fechar o círculo: serrote do
Gonçalinho, morro da Goiabeira, serra Aguda, serra da Remetedeira, serrote do
Pelado. Serrote, sertanejamente falando, serrote
é uma pequena serra. Pois bem, o serrote do Gonçalinho, depois que ali
colocaram uma imagem de Cristo, passou a ser denominado popularmente de serrote
do Cristo. Quando o serrote do Cristo recebeu algumas torres de comunicação,
ganhou outro nome, pelo povo de serrote das Micro-ondas. Já o morro da
Goiabeira, quando recebeu um cruzeiro de madeira para marcar o início do Século
XX, passou a ser denominado também popularmente de serrote do Cruzeiro.
Dos outros restantes, o nome só foi mudado do
Serrote do Pelado, artificialmente, para Alto da Fé. Cada serra ou serrote tem
sua história, mas vamos falar agora apenas do serrote Gonçalinho. É um monte
residual, isto é, que resistiu aos desgastes das intempéries durante milhões de
anos. A parte à barlavento é úmida, a parte de sota-vento, virada para o rio
Ipanema, é seca. Do cimo se avista
melhor os bairros maniçoba, Bebedouro, o açude do Bode e a serra da Camonga e,
apenas uma parte do bairro São Pedro. Tem uma estátua do Cristo que ninguém
sabe quem ali a colocou. Tem algumas antenas e por isso passou a ser chamado de
serrote das Micro-ondas. No seu sopé, a barlavento, ultimamente formou-se um bairro
denominado Santo Antônio, onde a pobreza impera.
Certo tempo houve uma seca grande na região e
roubos de bodes. Muita fome! Mas os meninos de um morador do serrote eram todos
gordinhos. Um soldado chamado Zé Contente, investigando o roubo de bodes,
resolveu torturar e matar o pai dos meninos acusando-o de ladrão. Ao furar o
seu bucho com punhal, só havia alastrado e mais nada. O fato foi editado em
crônica pelo escritor Oscar Silva que viveu a época e deu o nome do escrito de
“Bucho de Alastrado”. A cruz do morto ficou ao sopé do serrote que tinha o nome de sítio Cipó. Hoje essa crua foi
engolida pelo avanço da cidade por aquela zona rural, rumo ao Curral do Meio I.
Estaremos lá dia 17, vamos!
SERROTE DO GONÇALINHO, NO INVERNO DE 2013
(FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.