SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
BEIJA, BEIJA, BEIJA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3239 Não quero ...
BEIJA,
BEIJA, BEIJA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3239
Não quero falar aqui somente
sobre o pequeno pássaro, o que daria muitas e muitas crônicas. Apenas registrar
a presença de uma das 362 espécies, na fiação da minha rua. Sim, é ele mesmo,
Sua Majestade o Beija-flor, que fazia anos e anos que eu não via um. Pois o Trochilidae,
com inúmeras denominações no Brasil, também é conhecido como Beija-flor,
Colibri, Cuitelinho e aqui no Sertão Alagoano, como Bizunga. Bizunga dos meus
antigos quintais, dos nossos jardins, das nossas capoeiras da caatinga... Criatura
encantadora tão pequena e, a mais bela ave da Natureza. Só pode ter vindo das
bandas ajardinadas do rio Ipanema, ali bem pertinho, ora cheio ora seco. Mas o
Beija-flor, se já é ligeiro e parece elétrico naturalmente, parecia com medo de
alguma coisa, pois logo deixou a fiação e zás!
Por
falar nisso, em um dos meus romances recém-lançados, tem um personagem por
apelido Bizunga. Faz parte de um trio de cangaceiros de Lampião, separado, que
se mete numa grande e perigosa aventura. Trata-se do romance DEUSES DE
MANDACARU, um clássico nordestino inigualável, segundo os que já o leram.
Também existe uma página musical belíssima chamada “Cuitelinho” na voz
dos sertanejos Jacó e Jacozinho, página que eu estava sempre a pedir ao saudoso
poeta e cantor Ferreirinha e sua viola de “ouro”. Graças a Deus eu era ruim de pontaria com a
peteca (estilingue) e quando criança ou adolescente nunca consegui acertar uma
bizunga.
Continuamos
a receber pássaros da região do rio Ipanema. Como já disse inúmeras vezes, o
rio seco é um grande jardim, mas parece que só eu, eu, poeta, eu geógrafo, eu
apaixonado pela Natureza que isso descubro. Sim, já vi outras pessoas falando
sobre coisas belas do rio Ipanema, mas parece-me que, igual a um disco que
rachou, para por ali como a obrigação de ganhar um prêmio e pronto. E chega a
rolinha, chega o bem-te-vi, chega o anu-preto e passa na rota da manhã os
bandos de espanta-boiadas (quero-quero). E se esse desfile, vez em quando, de
pássaros selvagens não for privilégio da Natureza, não sei o que é privilégio. Ninguém amou o rio Ipanema mais do que eu,
tanto é que foi instituído o DIA DO RIO IPANEMA, A 21 de ABRIL É um dos poucos
rios do Brasil que tem aniversário oficializado. Graças a idéia desse caboclo e
sua persistência à Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte.
BEIJA-FLOR.
ATÉ QUANDO? Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.237 Você pode até ser mai...
ATÉ QUANDO?
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.237
Você
pode até ser mais um indiferente da capital. Um ser que estar desligado da
realidade do campo e até da sua própria realidade. Mas, se você estar
desconectado do campo, mas está atento ao que vai ter à sua mesa, hoje, ao supermercado,
ao preço das mercadorias e até na variedade dos gêneros alimentícios que a
redondeza tem para lhe oferecer. Porém eu lhe posso dizer que é do campo que as
mercadorias lotam os lugares de venda direta ou indiretamente. Fique atento nas
chuvadas do campo que elas podem melhorar ou piorar o estoque do dinheiro no
seu bolso. Por aqui, no Sertão alagoano, com essas primeiras chuvas, ainda que
sejam fracas, permitiram as primeiras arações de terras. E algumas, a maioria,
ainda na base do arado puxado a boi. Uma parelha de bois.
Há
muito que acompanhamos o homem do Sertão. É o sofrimento à base do arado
milenar. Uma parelha de boi puxando o arado, um homem segurando a ferramenta e
a guiando no revolver da terra e outro homem guiando a parelha de bois. Isso é
o dia inteiro, para um lado e para outro, para cima e para baixo. Quando os
bois são bem treinados, ainda, ainda, mas quando não, o sofrimento é maior. E
onde estar o trator, o mini trator? Onde estar a cooperativa agrícola. Onde
estão as associações comunitárias, que não se juntam para a compra de vítimas
dos coronéis, ferramentas do século XXI? Ah! Pode até ser bonito para quem
passa na estrada, mas para quem está no batente, ai, ai.
Como é
possível que a família sertaneja atravesse séculos ainda puxando um arado
movido a bois? Vejam os engenhos, antes puxados por tração animal e hoje na
maior tecnologia no fabrico do açúcar. E porque nós continuamos como os pairas
do mundo, vítimas dos dirigentes públicos, dos patrões, dos coronéis, da
ambição ou da indiferença de certas cooperativas que nada melhora dos seus
associados. Voltamos ou continuamos com o tempo de antes do Dr. Otávio Cabral e
sua Revolução na Agricultura.
Tinha
graça!
ARADOD
NO MUSEU (FOTO: B. CHAGAS).
CHUVA NA TERRA Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.238 O tempo continua c...
CHUVA
NA TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.238
O
tempo continua chuvoso na região de Santana do Ipanema. O céu, por vários dias,
completamente tomado pela cor marfim vai agradando ao homem do campo e a todos
que conhecem o seu significado. Cresce a rama, o boi engorda, incha os
barreiros, se move a semente, a frieza atinge os alpendres das fazendas, o amor
é mais cedo nos colchões e o galo, com muita pompa, anuncia o novo alvorecer.
Alvorecer cheio de esperanças e fé em um bom inverno para a barriga fica rmais
cheia, o bolso deixar o liseu e São João que se aproxima, ser um festejo
de melhor qualidade. Riachinhos estão escorrendo fazendo aquela zoadinha tão
desejada aos ouvidos sertanejos. As aves se assanham em alvoroço em beiras de
açudes, o mundo semiárido se transforma.
Que
pena, as tradições juninas escorregando pelo ralo por causa do progresso e a
falta de cuidados. Não podemos almejar, entretanto, que o mundo dos nossos avós,
dos nossos pais e nossos, sejam iguais aos dos nossos filhos. Mas que é gostoso
a gente lembrar do São João dos anos 60. é. E por falar nisso, ainda alcancei
Seu Eloy, ele em idade avançada e que, segundo o povo, era o maior puxador de “quadrilha
de São João” das redondezas. Foi substituído por certo tempo pelo filho, Valter
da Geladeira e, também por certo tempo. As quadrilhas foram arrefecendo em
Santana. Os palhoções das ruas e dos bairros foram desaparecendo.
Pode
ser até que Caruaru e Campina Grande tenham se agigantado no São João, visando
o interesse comercial que deve ser altamente compensatório, porém, do nosso
interior alagoano, somente fragmentos dos autênticos festejos. Ainda escapam as
comidas típicas, e um estouro de bomba perdida aqui ou acolá. De vez em quando,
uma tentativa sem êxito, de ressureição semelhante ao Carnaval. Não tem mais
volta. Morreu, morreu. Mesmo assim, vamos fazendo a nossa parte caseira e
particular, de acordo com o prazer de louvar o santo. Aliás, se deixássemos a
canjica e a pamonha de lado, seria isso sim, um tremendo desastre para o
paladar.
Viva
o São João!!! Valerá gritar de novo.
O
IMPERADOR DO FORRÓ: MANEZINHO + MARCÍLIO ((FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.