O BEIJO DE MIGUEL Clerisvaldo B. Chagas, 3 de fevereiro de 2012           Houve uma época em Santana do Ipanema em que a população estav...

O BEIJO DE MIGUEL

O BEIJO DE MIGUEL
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de fevereiro de 2012

          Houve uma época em Santana do Ipanema em que a população estava incomodada. Misterioso personagem, logo ao anoitecer, andava fazendo medo aos passantes em alguns lugares ermos de Santana. Mas a figura também tinha predileção pelas imediações da prefeitura local. A cidade estava às escuras e logo os criativos atacados pelo bicho, passaram a chamá-lo “Zorro”. Quem perambulava pela noite, sempre receava um ataque do Zorro a qualquer momento em algum lugar, em alguma baixada, em alguma esquina. Em uma daquelas noites um boêmio chamado Miguel, cujo murro era considerado um coice de mula de tão potente, passava pela calçada da prefeitura quando a assombração se manifestou. O Zorro, dentro da murada, estirou a manzorra por entre as brechas do muro e puxou fortemente a camisa de Miguel. Este, rapidamente, segurou com ambas as mãos o braço do Zorro, querendo fazê-lo passar por inteiro para fora por aquela mesma brecha onde só cabia um braço. É verdade que o Zorro não passou na marra pela fresta, porém, nunca mais ninguém deu noticia da ameaça vagabunda do indivíduo. Relevante favor o boêmio Miguel prestava aos notívagos santanenses.
          Havia na cidade, uma doida alta, forte e risonha que bebia, fumava e soltava sempre seus gritos de paz e felicidade: “Viva os noivos, senhor!”. Certa feita, o mesmo Miguel do caso acima, retornava altas horas das farras da Rua Tertuliano Nepomuceno, quando se deparou com a maluca embriagada, dormindo na calçada do Mercado de Carne. Acendendo seus instintos em direção à mulher, colocou-a sobre os ombros e desceu pelo beco mais próximo, onde com ela teve relações sexuais. Ao terminar o ato, a doida, meio acordada, meio adormecida, perguntou-lhe: “Espere, e não vai me bejar, não?” Sem o beijo pretendido, o forte boêmio novamente colocou a maluca sobre os ombros e delicadamente, deixou-a no mesmo lugar onde a encontrara.
          Em muitas situações desse país, ficamos atarantados com a ganância e os escândalos envolvendo os grandes do governo. E nesses escândalos estão sempre as verbas do povo, arrancadas de nós pela força das artimanhas e conduzidas aos bolsos fundos dos tecidos modernos. Eles são os zorros de todas às noites, pesadelos das crianças, adultos e anciãos das escolas, das previdências, dos abrigos. Continuamos suas presas porque nos falta à força e a coragem de um novo “Miguel Coice de Mula”. Todos os dias eles estupram a sociedade, com a mesma calma e determinação do segundo Miguel; fazem de nós o corpo embriagado da maluca de “Viva os noivos, senhor!”. E nós, como a própria doida falou, com a vergonha queimando pela face, sequer perguntamos pelo BEIJO DE MIGUEL.


LANÇAMENTO DE LIVRO Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2012.   Decidi lançar o livro paradidático “Ipanema um rio macho”, durante o ...

LANÇAMENTO DE LIVRO

LANÇAMENTO DE LIVRO
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2012.

 Decidi lançar o livro paradidático “Ipanema um rio macho”, durante o próximo mês de março, faltando ainda combinar com a nova editora SWA, do empresário Malta Neto, o dia e a hora. Enquanto isso tive a honra de lançar a minha nona publicação, ontem, no Tênis Clube Santanense, com o título “Santana do Ipanema, conhecimentos gerais do município”. A citada obra, encomendada especialmente pela prefeita Renilde Bulhões, servirá de base para o próximo concurso municipal e que atualmente estar encontrando algumas dificuldades. Convidado através da diretora de Cultura, Vera Malta, para apresentação desse trabalho, vi-me diante de uma elite de professores que iniciava com as atividades de uma semana pedagógica. Com imensa satisfação diante do clube lotado, foi passando um filme na cabeça quando vi ex-alunos (hoje mestres) e inúmeros ex-colegas de quase todas as escolas por onde passei como professor de Geografia (principalmente) História, Sociologia, Filosofia, Biologia e Ciências. Estava presente a Secretária Municipal da Educação, Silvana Belfort e sua equipe, cuja atenção e gentileza foram motivo de regozijo da nossa parte.
            Apresentamos o nosso trabalho sob a batuta do professor Marcelo Fausto, meu atual diretor na Escola Estadual Profª Helena Braga das Chagas, parceiro na elaboração do livro “Lampião em Alagoas” (lançamento para breve) e que soube tão bem se expressar. Na oportunidade também encontrei companheiros de luta da antiga APAL (hoje SINTEAL) coisa que realmente me tocou ao relembrar nossas lutas brabas por melhores dias para o Magistério. Presente ainda a Imprensa local registrando o evento obrigatório e festivo dos professores. Com a bela recepção e os aplausos da plateia, saí emocionado pelo reconhecimento de uma vida prestadora de serviço, notadamente na Educação e na Cultura, sempre afirmando a minha disposição em servir pessoas e cidade.
          Estou muito feliz em ter revisto tanta gente que marchou comigo através de anos a fio, lutando pela vida, dividindo alegrias e dores nesse delgado arame da existência. Logo, logo estarei deixando o calor da Educação pelo solitário gabinete da Literatura. Agradeço a Deus por mais essa prestação de serviço aos professores, estudantes, pesquisadores e povo da “Rainha do Sertão”. 2012 poderá ser o ano favorável das artes e das letras. O ano de LANÇAMENTO DE LIVRO.




RECADO A MARTA Clerisvaldo B. Chagas, 1º de fevereiro de 2012   Sempre estamos passando pelo lugar Dois Riachos. A mesma simpatia da cid...

RECADO A MARTA

RECADO A MARTA
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de fevereiro de 2012

 Sempre estamos passando pelo lugar Dois Riachos. A mesma simpatia da cidade descanso onde todo mundo conhece todo mundo. Nunca dispensamos a espichada do olhar para o leito do riacho que leva nome duplo. O sombreado das margens, poços, cacimbas e areia grossa, cenário simples, mas significativo para àquela população sertaneja criada na liberdade entre o casario e o campo. Aponta-se a grande feira de gado como atração semanal; a pedra do padre Cícero com sua folclórica igrejinha no topo, com direito à escada de concreto e tudo, às margens da BR-316. O transporte diário de água através de carroças com tonéis de plástico, subindo e descendo as colinas secas da periferia, marcam o cotidiano de quem passa. E fugindo da rotina calma de primavera, chega a tradicional vaquejada dos Dois Riachos, quando imensa multidão prestigia o esporte dos encourados. Mas a faixa afixada está ali. A faixa que anuncia com orgulho a terra da maior jogadora mundial de futebol, mesmo tendo perdido o último título para uma japonesa.
          O anúncio da liga americana que suspendeu os próximos jogos de futebol feminino deixou Marta desempregada. A jogadora, porém, já mostrou ao planeta por diversas vezes a sua categoria, fazendo história e implantando seu nome imorredouro entre os pátrios e os estrangeiros. Perguntamos, então, a goleadora, independente da sua vontade de parar ou não, se a vez não é agora para que ela possa formar em nosso país uma nova instituição para assegurar um clube feminino de futebol à semelhança de qualquer grande agremiação masculina? Ao invés de apelos e mais apelos às autoridades esportivas para incentivo ao futebol feminino, por que ela mesma não funda esse grande clube e o mantém como empresa, para estimular outras ações semelhantes pelo país inteiro. Você já mostrou ao mundo quem é, Marta. Precisa agora morar no Brasil e trabalhar diretamente pelo futebol feminino, pois já não precisa provar nada e nem morar obrigatoriamente no estrangeiro para ser o que é. Olhe o magnífico exemplo de Neymar. Quem quiser vê-lo, venha ao Brasil.
           Quando falamos sobre Marta, são falas dos brasileiros empolgados com sua garra, seus dribles desconcertantes e suas arrancadas incríveis. Vê-la morando no Brasil, como já foi dito, poderia assegurar o futuro do futebol feminino como uma imensa fábrica esportiva de novos talentos; de geração de milhares de emprego; de sangue novo na estrutura desportiva; de novas opções para matar a vontade dos que amam a esfera, o bailado e o gol. E como dizem em nossa região: “desculpe aí Marta, se você não quiser ficar em nosso território”. Continuamos nos estádios ou na poltrona, apreciando o seu mágico futebol. Quem pediu em não sei, mas o pedido era claro: “Mande com urgência um RECADO A MARTA”.