SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O CICLO DOS HOTEIS Clerisvaldo B. Chagas, 1 de outubro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.381 Antigo Hotel Lopes...
O
CICLO DOS HOTEIS
Clerisvaldo
B. Chagas, 1 de outubro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.381
Parece que o ciclo das coisas que cercam os
homens, é igual ao próprio ciclo da vida humana. Hoje refletimos sobre os
hotéis, em todos os lugares do Brasil substituídos por simples pousadas. Voltando
os tempos em algumas décadas, tínhamos em Maceió o magnífico Hotel Bela Vista,
onde a cabeça de Lampião passou uma noite, imediatamente a ser levada para
Salvador. Foi demolido. O Parque Hotel,
onde se hospedavam os prefeitos do interior em missões na capital, deixou de
existir. O não menos famoso Hotel Lopes, final e início de linha das antigas “sopas”
Santana – Maceió e vice versa, parou de funcionar. Um grande hotel que no
momento nos foge o nome, situado na Rua do Sol, também na capital, tão bem
frequentado, cerrou suas portas com fim melancólico, abandonado à própria sorte,
foi aos poucos sendo transformando em coisas. Todos eles tinham nome firme
espalhados no estado.
Em Santana do Ipanema não foi diferente, fechou
o Hotel Central, um dos mais antigos de cidade e conhecido como Hotel de Maria
Sabão. Deixou de existir o Hotel Santanense no Bairro Monumento, chamado Hotel
de Dona Beatriz. Antes mudara de dono, depois... O adeus para sempre. Seguindo
a sequência, encerra as atividades o Hotel Avenida, ainda no Bairro Monumento,
apelidado o Hotel de Seu Leusínger. E por fim o Hotel conhecido como de Maria
Valéria, à Avenida Nossa Senhora de Fátima. Também fecharam alguns pequenos hotéis
e hospedarias sem nomes no lugar Maracanã e na periferia do quadro da feira
semanal.
Após certo período sem hotéis, começam então, a
aparecer as pousadas, muito mais simples, sem almoço, sem jantar, apenas com
pernoites e café da manhã acompanhado de preços populares. Santana se encheu de
pousadas, sendo raríssimo a implantação de hotéis. Em Maceió, após a fase das
pousadas, voltas à moda os grandes hotéis de luxo internacionais, dessa vez não
mais no Centro, mas, principalmente, nos balneários onde imperam o luxo do
litoral.
Cada um desses antigos hotéis tinha seus
acervos orais de histórias e mais histórias que mereciam ser contadas de outra
maneira. Mas os fantasmas que habitavam as ruínas, foram espantados para sempre
com o novo ciclo das coisas.
Todo somos vítimas dos freios de arrumação que
mexe com a vida dos humanos e dos seus temporários bens.
FAÇAM SUAS APOSTAS, SENHORES Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.390 Para...
FAÇAM SUAS APOSTAS, SENHORES
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.390
Para o escritor contista Fábio Campos
Houve época em Santana do
Ipanema que, por isso ou por aquilo, não aconteciam mais jogos do Ipanema e nem
do Ipiranga, os times mais competitivos da cidade. Nada de programa de
calouros, nada de brigas de galo, nada de banhos no rio. Talvez para quebrar a
monotonia dos domingos sem diversões, jovens senhores ligados ao campo
inventaram as brigas de touros, na periferia. Isso foi antes da criação do
Parque de Vaquejadas Bela Vista, no Bairro Camoxinga, lugar atualmente repleto
de residências, imediações do Centro Bíblico. A novidade começou a atrair
apostadores e aficionados. Um pouco antes, um pouco depois o esporte voltou-se
para corridas de cavalos. Começaram a surgir curiosos, desportistas,
entendidos, apostadores e multidões para os eventos.
Com
o sucesso das corridas, era necessário um lugar plano e longo para acomodar
animais e gente. Assim foi escolhido o sítio Barroso que possuía as
características necessárias, no lugar onde hoje existe o Cemitério São José.
Multidão vencia ligeiro os 2 ou 3 quilômetros do Centro até ali e ficava ao
longo da estrada formando um corredor. Nada de segurança, nem cordas, nem
bancadas, nem cercas... Apenas a coragem do corredor humano no qual disparavam
éguas e cavalos. As corridas desses animais eram sucesso absoluto com muita
torcida e preferências. Uns até diziam que “o cavalo não vence a égua, porque
não corre na frente de fêmea”. Mas chovia de apostas, cavalo contra cavalo,
cavalo contra besta. As corridas aconteciam entre dois animais por rodada.
Diz
o povo que “o que é bom dura pouco” e assim foi encurtada a duração das
corridas com uma fatalidade em que se pagava para vê. Em uma dessas belas
carreiras, um cidadão morador da Rua Benedito Melo (Rua Nova), de nome Jacinto
Vilela, muito querido em Santana, levou peitada de um dos cavalos em ação,
vindo a falecer. Houve grande comoção em Santana do Ipanema. Não lembramos se teve
algum tipo de punição ou apurações dos fatos, o certo mesmo é que, com a tragédia
anunciada poderia ter acontecido com qualquer outra pessoa daquela imprudente
multidão. Santana de luto, fim das corridas de cavalos.
Para
a juventude santanense, só existe sobre o caso, essa crônica de hoje e mais nada.
Deixamos a multidão, cavalos, prado,
apostas... E montamos apenas nos livros ou nas “livras” (cavalos e bestas) que
nos transportaram para o FUTURO.
PENHA, VIM QUI ME AJOELHAR Clerisvaldo B. Chagas, 29 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.389 ...
PENHA,
VIM QUI ME AJOELHAR
Clerisvaldo
B. Chagas, 29 de setembro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.389
(FOTO: DIVULGAÇÃO)
Estive
na “Cidade Maravilhosa” em excursão, ainda como estudante do Curso Médio.
Visitamos o Maracanã com um 2 X 2 Brasil e Alemanha, o Arco da Lapa, o Zoo, a
praia de São Conrado, o morro da Urca, o Corcovado e do outro lado, a praia de Icaraí, em
Niterói, com travessia de balsa e mais alguns lugares aprazíveis do Rio de
Janeiro e Petrópolis, museu, hotel Quitandinha e muito mais. A cidade é de fato
maravilhosa, mas fiquei frustrado em não conhecer o penhasco da igreja de Nossa
Senhora da Penha, imortalizado por Luiz Gonzaga, quando o sanfoneiro canta: “Penha,
Penha, vim aqui m ajoelhar...”.
Contam
que em 1635, o capitão Baltazar de Abreu
Cardoso era dono de todas aquelas terras. Indo visitá-las, foi atacado por uma
serpente. Sendo devoto de Nossa Senhora, apelou para a santa e no mesmo
instante surgiu um lagarto que atacou a cobra, enquanto o capitão empreendeu a
fuga. Depois Baltazar vendeu toda a sua terra, construiu uma capela no penhasco
e seu patrimônio serviu para as administrações da igrejinha. A capela ficou
conhecida como “A igreja de Nossa Senhora do Alto do Penhasco”. Aquela ermida
foi sendo modificada através dos tempos, chegando a possuir torres com 27 sinos
vindos de Portugal.
Atualmente
possui toda a estrutura para devotos e turistas, lanchonetes, banheiros, lugar
para eventos culturais. Pode-se se chagar até ali através de bondinho aéreo, vans
e automóveis, mas só chega até o estacionamento, tendo que enfrentar a pé 382
degraus. Do penhasco da igreja de Nossa Senhora da Penha, avista-se uma das
mais belas paisagens do Rio de Janeiro e a própria igreja faz parte dessa visão
surreal da “Cidade Maravilhosa”.
Ir
ao rio e não conhecer o penhasco é grande frustração, sendo pela parte
religiosa ou apenas pelo cenário magnífico que o lugar representa. Inclusive,
os 382 batentes foram construídos por um casal, cuja senhora não conseguia
engravidar até que fez uma promessa em visita à igreja. Engravidou com um ano
depois e no ano seguinte construiu a escadaria.
Penha,
Penha, vima aqui ME AJOELHAR.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.