SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
FIM DE MÊS Clerisvaldo B. chagas, 1 de dezembro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.807 Chega o final do mê...
FIM DE
MÊS
Clerisvaldo
B. chagas, 1 de dezembro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.807
Chega
o final do mês de novembro, como foi previsto pelos espíritas “tudo vai mudar”,
E não somos nós apenas que estamos notando as mudanças no mundo, principalmente
sobre o tempo. Novembro, o mês dos ventos para nós do sertão, este ano não aconteceu
tantos ventos fortes assim. Final de outubro, quis ensaiar os sopros consistentes,
mas ficou por aí. E também sobre a secura do mês que geralmente não chovia e
que poderia acontecer ou não uma trovoada, foi diferente. Um mês praticamente
chuvoso com alternância dos dias, mas coisa nunca vista por aqui. Hoje mesmo,
dia 30, o dia foi nublado com pancadas de chuvas e aspecto de inverno em
algumas horas do dia. Quer dizer, tudo está bem diferente após os castigos
divinos do Covid 19.
Em
várias horas do período, vamos dar uma espiada na rua e até nos causa arrepios.
Nem uma viva alma, nem um gato, nem um bicho... E retornamos ao interior da
residência pensando: “Será que estamos sozinhos no mundo?”. Tudo, tudo de fato
diferente. Quanto ao tempo para o campo, uma riqueza, coisa nunca vista pelos
mortais de mais de 70 anos de zona rural. Por algumas poucas horas, os jogos da
copa conseguem quebrar a monotonia que se abate pela urbe. E nem presta para
engendrar ideias de como será o mês de dezembro na situação temporal da Terra,
mas para esquecer as diferenças existenciais, podemos prever boa movimentação
financeira no período natalino, com aquelas mesmas esperanças que insuflam a
consciência no aniversário de Jesus.
E
se os jogos da copa, não só do Brasil, mas de todas as seleções vão mostrando
suas curiosidades, também correndo as lembranças dos jogos do interior; nas
ruas, nos campinhos, nos areais do rio seco Ipanema. Bola cobrindo o
adversário, era lance chamado “banho de cuia”. Bola passando por entre as
pernas do oponente era drible “por debaixo da saia” e, bola por um lado e
alcance por outro, chamava-se “arrodeio”. Estamos traduzindo o ontem do hoje,
respectivamente: ‘chapéu”, “caneta” e “drible da vaca”, será que deu para
entender? Estar bem pertinho de terminar essa euforia da copa. Será que a
monotonia pós-Covid retorna ou vamos continuar levando da Natureza o drible da
vaca?
Paciência,
Zé.
ANGICO Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.806 O angico é uma árvor...
ANGICO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.806
O
angico é uma árvore da caatinga sertaneja tão famosa quanto o juazeiro. O seu
tronco mostra espinhos de forma grande, arredondada, em forma de nódulos. Suas
cascas guardam o tanino, substância muito utilizado no curtimento do couro.
Podemos dizer que é uma árvore exuberante, bela e de fácil identificação.
Produz uma resina que é medicinal e muito utilizada pelos macacos e soins se
habitarem na área. Suas folhas são pequenas e enfileiradas de um lado e de
outro, parecendo uma pena. O angico gosta muito de terreno pedregoso e mais
elevado como os serrotes. Sua forte raiz racha a pedra onde quer se fixar e após,
fica gozando o pouco de frieza nela encontrada, em terras quentes do semiárido.
Utiliza-se
o angico sem a casca para se fazer estacas. A madeira nua é muito mais
resistente. E, no caso das cascas, elas são vendidas para os curtumes, por
causa do tanino, transformando o couro em sola, na última fase da curtição. Os
antigos compradores de cascas de angico, procuravam nas fazendas, o produto.
Quando o fazendeiro ia pelar o angico para fazer estacas, não cobrava pelas
cascas e ainda agradecia. Mas quando não ia fazer estaca, cobrava a mercadoria
que custava numa carrada de carro de boi, dez tostões (destões), por uma
arroba. O jegue e o burro eram os meios de transportes mais utilizados pelos
donos de curtumes na compra das cascas dessa madeira. Ainda no mato, os compradores
de cascas, faziam feixes e usavam a embira ou mesmo as próprias tiras das
cascas para amarrarem os feixes e colocarem nos dois lados da cangalha. Muitas
vezes esses compradores passavam mais de um dia na caatinga para realizar esse
serviço.
Esses
dados detalhistas estão no livro recém terminado: Santana: Reino do Couro e
da sola. Calculado antes em apenas três páginas de papel A4, encerramos com
cerca de trinta e cinco, o que na gráfica, em formado de livro, poderá alcançar
até mais de 100 páginas. Temos a certeza de que tantos detalhes vão
impressionar o povo santanense, pois fala da estrada de Delmiro, da Matança, do
padre Capitulino, dos artesãos, das fases da curtição de couro, das fabricas de
calçados, dos sapateiros, do futebol do Panema e muito mais, inclusive preços
de mercadorias e fotos de cédulas antigas.
O
que fazer para publicar?
ÁRVORE
ANGICO (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).
O SORRISO DO JULINHO Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2805 Sem perder um...
O
SORRISO DO JULINHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 28 de novembro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2805
Sem
perder um só jogo da copa, o eco das coisas também mexe com a cabeça. Mistura o
futebol de hoje com as “peladas” do passado. E por falar nisso, o termo
“futebol de várzea”, chegou por aqui vindo dos centros maiores, mas antes, em
Santana do Ipanema, era “futebol do meio da rua”, “futebol do Panema”, “futebol
de campinho”. E no futebol do Panema, tínhamos nosso herói, muito embora com
presença de craque que jogara no Santos de Pelé, mas não era esse o nosso ídolo
da bola. Veja como era o procedimento desses jogos não oficiais: Em um desses
lugares, começava a chegar gente para jogar, inclusive o dono da bola. Os dois
reconhecidos melhores jogadores, encabeçavam a lista e, um caminhava em direção
ao outro por cerca de dez metros, colocando um pé na frente do outro e colado a
ele. Quando esses dois cabeças chegavam pertinho um dos outro, aquele que
cobrisse o pé do amigo, primeiro, seria aquele que daria início a chamada para
o seu time.
O
primeiro chamava um jogador, o outro chamava outro e assim sucessivamente. No
geral, eram chamados dez jogadores de cada lado. Primeiro os melhores e depois os
fracos até o refugo para completar os dois times. Depois vinha a escolha do
lado e um juiz qualquer que entendesse alguma coisa de futebol, mas quando não
aparecia juiz, todos os jogadores eram juízes. Entre esses jogadores, havia o
nosso ídolo do futebol no Panema. Era o Julinho, filho do conhecido Pedro
Porqueiro. Nunca vimos um rapaz jogar tanta bola. Jogava rindo e driblando.
Conseguia driblar no espaço tão mínimo que mal cabia duas pessoas juntas.
Dribles curtos, ágeis, sem perder a bola nem o sorriso permanente. Pessoa humilde,
filho de matador de porcos, mas que ali no futebol do Panema, parecia em êxtase,
como se fosse um verdadeiro imperador do mundo.
Infelizmente
os filhos do Senhor Pedro, começaram a criar alguns tipos de problemas na
sociedade. Honesto e direito o pai deve ter sofrido muito, com vergonha. A
família desapareceu da cidade e as notícias foram rareando até o desparecimento
total. Alguém do nosso tempo sabe por anda o Julinho? É vivo, é morto?
Com
defeito, sem defeito, era o nosso Pelé que até agora não deixou substituto.
CAMPINHO
(CRÉDITO: ALAMY).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.