SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
SÃO PEDRO Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 069 A construção definitiv...
SÃO
PEDRO
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 069
A construção definitiva da igrejinha de São
Pedro, na mesma rua, no mesmo bairro, pareceu ter sido o sinal do
desenvolvimento que viria logo a seguir, naquela região de Santana do Ipanema.
Uma igrejinha que vinha pelejando desde 1915 com seus percalços, finalmente
ficou pronta. Assim foram surgindo zeladores e zeladoras e progressos pela
vizinhança como a escola Batista Accyoly, “Bacurau”, fábrica de calçados,
fábrica de mosaicos, enorme prédio de Fomento Agrícola, pracinha, calçamento,
bodegas, bares e, atualmente, mercadinhos e posto de saúde. O Bairro São Pedro
estirou-se, mas continua sendo um bairro voltado para o pacifismo residencial.
Há poucos anos a igrejinha passou por reforma e virou igrejinha belíssima e
moderna, porém, ainda é pouco movimentada em comunhão com o próprio cotidiano
do bairro.
A igrejinha de São Pedro sempre abrigou a
imagem de Santo Antônio que não tinha igreja própria. Inclusive, ficou famosa
pela distribuição do “pãozinho de Santo Antônio”, tradição católica que diz que
quem leva o pãozinho de Santo Antônio para casa, nunca mais faltará alimentos
na sua residência. Geralmente guardamos o pãozinho dentro do depósito de
farinha. Na década de 80, Santo Antônio ganhou a sua igreja própria no Bairro
da Floresta onde é o seu padroeiro. Fica na mesma rua que leva ao Hospital
Clodolfo Rodrigues de Melo. Este ano de 2024, pode até não ter tido grandes
atividades nas ruas da urbe, porém, ouvimos mais fogos do que no dia de São
João.
A crendice popular sertaneja diz que o santo
apóstolo do Cristo é quem tem as chaves do céu e é o controlador de chuvas na
Terra. Nem sei se deveria dizer aqui, pois não fui autorizado a isso, mas São
Pedro é o grande santo mentor do padre Cícero do Juazeiro que sempre recorre a
ele nas coisas mais difíceis – dito a mim pelo próprio padre Cícero – Na
verdade, São Pedro que é o santo alvo do maior número de piadas sadias do
sertanejo, tem um prestígio enorme com Nosso Senhor Jesus Cristo. Quase sempre sua imagem é apresentada com uma
chave na mão. E se não é a chave das portas do céu, é a chave que abre inúmeras
outras portas até chegar à principal.
Viva São Pedro!!!
SÃO PEDRO (CRÉDITO: PINTEREST).
ALTO DO TAMANDUÁ Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2024. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.067 O Alto do Tama...
ALTO
DO TAMANDUÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2024.
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.067
O Alto do Tamanduá no município de Poço das
Trincheiras estar localizado na fronteira com o município de Santana do
Ipanema. Divide-se entre as duas margens
da BR-316 e foi formado por quilombolas migrantes de outra sede quilombola bem
perto e localizada no mesmo município à margem do rio Ipanema: Tapera do Jorge.
Aliás, Tapera do Jorge foi um dos centros dispersores de negros no Sertão de
Alagoas. Sua habitação imediatamente vizinha, é o sítio Baixa do Tamanduá, mas
já dentro do município de Santana e tem as mesmas origens dos moradores do Alto
do Tamanduá. São quilombolas também. Alto do Tamanduá não, mas a Baixa do
Tamanduá, conhecida também como Lagoa do Mijo, aparece no primeiro documento
sobre Santana do Ipanema que se conhece e vai se encaixando na vida moderna com
essa última denominação.
Lugar agradabilíssimo e pacato, o Alto do
Tamanduá com seus artesãos, sempre abasteceram a feira de Santana Ipanema com
artefatos de barro como panelas, potes, porrões, pratos, brinquedos como éguas
e seus caçuás, cavalos e bois, tudo de argila de boa qualidade. Essas eram as
incumbências das mulheres, enquanto os artesãos trabalhavam com caçuás de cipó
e balaios. Fonte de pesquisa sobre diversos assuntos, tem acesso fácil e rápido pela sua posição estratégica na BR-316
e na fronteira de dois municípios. Também fica muito próximo do Poço das
Trincheiras cidade, como seu povoado mais perto da sede. Dali da sua rua
avista-se toda a beleza da serra da Caiçara, já na cidade de Maravilha.
Da Tapera do Jorge vieram duas pessoas pretas
que se tornaram muito populares na segunda metade do Século XX. O carregador de
malas chamado Zacarias que morava com a família no Bairro Floresta no lugar
Alto do Negros; e o “Major”, zelador da Matriz de Senhora Santana e o sineiro
mais famoso de todos. Um mestre nos domínios dos sinos da torre da Igreja.
Negro velho, educado, generoso e querido por todos de Santana do Ipanema e que
morreu dormindo num compartimento nos fundos da Igreja. De Santana do Ipanema
para a Baixa do Tamanduá e o Alto do Tamanduá, deve ser apenas dois ou três
quilômetros de distância da sede.
Nunca vi um tamanduá de perto, mas conheço o
povoado.
POÇO DAS TRINCEIRAS, BANHADO PELO RIO IPANEMA.
(FOTO: PREFEITURA).
PALAVRAS Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.067 Existem palavras que se...
PALAVRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.067
Existem palavras que se perdem no tempo por
falta de uso. Outras continuam ativas, porém ninguém lembra mais o significado.
Foi assim quando nós viajávamos numa Van e uma passageira pediu para deixá-la
no Guari. Isso na região de Cacimbinhas,
Alagoas. Fiquei curioso com a palavra
que jamais ouvira falar. E se perguntasse a qualquer um, a resposta seria um
lugarejo na periferia da cidade. Sim, mas o que significa Guari ninguém sabe, nem eu sei. Mas que o
termo ficou martelando a minha curiosidade, ficou. Tempos depois fui às
pesquisas e, tudo que encontrei foi “uma espécie de palmeira” ou “um tipo de
ave”. E no Poço das Trincheiras, o seu maior povoado é o Quandu, mas o que é
Quandu? Outro desafio.
Quandu significa porco-espinho e não se pode
confundir com Guandu que é uma espécie de feijão. Mas eu duvido que a maioria
dos habitantes do povoado Quandu, saiba sobre a origem do nome. Porém, a
palavra mais difícil de encontrar até hoje, foi “Minuino”, antiga travessia no
rio Ipanema citado em artigos da década de 30. Nada. Nada a seu respeito
consegui até agora. E se algum leitor curioso achar essa fonte, peço a
gentileza de repassar para nós, o povo santanense. É claro que a busca de palavras estranhas
para nós traz conhecimentos, mas não deixa de ser uma forma proveitosa de
lazer. Essa mistura da linguagem indígena, africana, portuguesa e outras
estrangeiras, enriquece os dicionários e endoidam a cabeça dos pesquisadores.
Bonito é o nome Araçá e Santana do Ipanema
Possui três sítios rurais com essa denominação. Mas será que ainda existe araçá
naqueles sítios? Nunca vi um araçá de verdade, mas dizem que é uma fruta
parecida com a goiaba que pode ser consumida in natura e ser transformada em
geleia, sorvete, sucos... Mas não aparece um só estudioso no Sertão para resgatar
esse fruto, inclusive para a indústria. Onde estão nossos professores biólogos
que só se movimentam entre quatro paredes da escola. E a falta de iniciativa de
gente estudiosa já fez perder muita riqueza do nosso bioma, tanto do reino
animal quanto do vegetal. Muitas denominações estão apenas na nomenclatura do
lugar. Pense no assunto.
CACIMBINHA (FOTO DIVULGAÇÃO)

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.