SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
INDEPENDÊNCIA Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.103 Esse dia 7 de se...
INDEPENDÊNCIA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.103
Esse dia 7 de setembro, além das nossas
comemorações históricas brasileiras, traz esperanças de melhores dias por ser o
mês da primavera. Abro o portão e vejo um dia nublado, escuro, úmido e frio e
nem um pé de pessoa na rua. Estiro a vista para uma parte alta do Bairro
Floresta, lá em cima, do outro lado do rio e, contemplo mais uma vez o Palácio
de Herodes, isto é, os fundos de um edifício ainda não terminado, na vizinhança
do Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Mas, se o dia é tristonho, a
vegetação do entorno, do rio, das colinas, dos serrotes está verde, risonha e
feliz nesse prolongado inverno. Não há dúvida de que o tempo nos convida para
um passeio; passeio sem compromisso, pelo asfalto, pelas trilhas, pelas matas,
pelos caminhos.
Ê véi...
Já passou há muito o tempo dos grandes desfiles cívicos dos nossos
colégios. Desfiles que além da beleza ainda eram janela de oportunidades para
músicos adultos e adolescentes que se destacavam após, até nacionalmente. Mas
não estamos lamentando épocas, até porque o tempo é como um trem viageiro
mostrando as diversas paisagens que permeiam a vida até o desembarque na estação
final. Assim chegará a primavera para mantermos a esperança, o outono para o
aquecimento, o verão para gastar energias e novamente o inverno para as
profundas meditações. E assim vamos marchando entre provações e expiações,
metamorfoseando o corpo, aprimorando a mente presa antes da liberdade que nos
aguarda.
Enquanto isso, olho novamente em direção ao
“Palácio de Herodes”. O comprido edifício de primeiro andar se recorta sob o
céu chuvoso de marfim, pedaço de serrote da Reserva Tocaia, balanço de
coqueiros isolados nos quintais, árvores nativas de acenos verdes, fazem a
camuflagem antecipada da primavera. O Sol escondido no branco encardido das
gazes celestes limpa a minha rua de qualquer forma de vida e parece que somente
eu estou navegando no planeta de nata. Não, não vejo outra solução e travo a
porta da rua. Convido Nosso Senhor para um café simples da Palestina e exercito
a mente para uma crônica que lave, enxágue e centrifugue meu espírito e a alma
inquieta de algum leitor ou leitora amiga.
Sim, vamos enxugar o pranto.
MINHA RUA (FOTO: B. CHAGAS).
SANTA LUZIA Clerisvaldo B. Chagas, 6 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.102 Santa nascida em S...
SANTA
LUZIA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de setembro de
2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.102
Santa nascida em Siracusa, na Itália, é muito
forte no Nordeste brasileiro. Sua tradição pelas zonas rurais parece mais forte
ainda, onde suas novenas são celebradas com muita esperança no seu dia, 13 de
dezembro. Padroeira dos oftalmologistas e das pessoas que têm algum tipo de
deficiência visual, a presença de Santa Luzia está no cotidiano dos
agricultores que muita a veneram. Perseguida por Diocleciano para que se
convertesse aos deuses pagãos, sofreu absurdos e assegurando milagres em sua
defesa, até que finalmente se tornou mártir. Seus solhos foram arrancados e
entregue no prato ao imperador. Mas nasceram outros olhos sadios e mais belos do
que os primeiros. Finalmente sua cabeça foi ao chão aos golpes dos
perseguidores.
Na sua literatura se apresenta sempre com os
dois olhos em um prato e que essa representação se encontra nas casas de
inúmeros devotos, sertões afora. Em Santana do Ipanema, cidade sertaneja
alagoana, entre tantos santos em nomes de ruas, está o de Santa Luzia que,
segundo a população, foi promovida a bairro. Contemplamos muito os ternos de
zabumba pelas ruas de povoados e cidades de casa em casa pedindo donativos para
leilão e dinheiro para a novena de Santa Luzia. Tocadores atrás, mulher à
frente com a imagem da santa protegida por pano branco, sombrinha protetora do
Sol forte.
No meu mais recente romance do ciclo do
cangaço, “OURO DAS ABELHAS”, tem uma cena de terno de zabumba tocando em um
povoado onde iria haver novena de Santa Luzia, pela noite. A personagem
principal do romance, Mocinha, pág. 54 do Capítulo: Onça assando Batata, canta:
Santa Luzia já vem
Cheia de luz e louvor
Curar os olhos do povo
Sem escolher pecador.
E assim vamos se deliciando com as belas
história de Santa Luzia. Inclusive, muita gente devota se recusa a trabalhar no
seu dia.
É dia santo no coração.
TERNO DE ZABUMBA NA RUA ANTÕNIO TAVARES, EM
SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: JEANE CHAGAS). ACERVO DO AUTOR. SANTA LUZIA.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.