terça-feira, 11 de setembro de 2012

QUE COISA!



QUE COISA!
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2012.
Crônica Nº 862

Santana antiga: ao fundo prédio e sobrado do meio da rua.
As sucessivas administrações municipais ─ por ignorância ou má vontade ─ conseguiram aniquilar parte do patrimônio histórico de Santana do Ipanema, Alagoas. Coube também à sociedade organizada, grande parte da culpa, pela falta de mobilização. A juventude perdeu as referências históricas e, o município vacila nas mãos de calçadores de ruas. Caso algum intelectual saia pela cidade com alguns curiosos, irá somente apontando, repetindo as palavras “ali era... Ali era... Ali era...”. Tudo teve início com a demolição do “prédio do meio da rua” e do “sobrado do meio da rua”, na gestão Ulisses Silva, fato que dividiu opiniões, só. Peças importantes sumiram do museu. A igrejinha de São João, fato histórico e religioso de 1917, ruiu, pelo descaso e abandono, no subúrbio Bebedouro. A “pedra do barco”, Bairro Lajeiro Grande, parte do primeiro documento de Santana, foi destruída, transformada em blocos. A casa do padre Bulhões, na foz do riacho Camoxinga, marco de inúmeros acontecimentos históricos, inclusive cangaço, ruiu e só resta o terreno. O prédio do “Fomento” está uma coisa feia. Foi a sede de uma revolução agrícola no sertão alagoano.
O ponto turístico “Barragem”, no rio Ipanema, foi assoreado.  Tiraram a imagem protegida em redoma e pedestal de Frei Damião, da praça do mesmo nome, para à calçada, para facilitar as ações dos vândalos. O prédio e o espaço da grande história do DNER na cidade foram transformados em garagem e oficina da prefeitura. A “Sede dos Artistas”, clube que tantas alegrias deu aos mais humildes, transformou-se em pó. É bem verdade que passado é passado, mas como haverá futuro sem passado? Santana vai ficando desmemoriada e, pelo menos o livro “Lampião em Alagoas”, trará episódios sobre Santana do Ipanema que essa juventude jamais soube; essa mesma juventude em que parte dela estuda no casarão que foi sede do combate ao cangaço, e não sabe. Escritores criticam cidades sem alma. A alma está nos seus monumentos, na sua história. E cidade sem história é apenas um amontoado de prédios e gente. Não tem documento, não tem identidade, não tem o que dizer. É como pinto filho de chocadeira.
Novo prefeito vem por aí a partir de janeiro. O que resgata ou o que destrói? “Nem só do pão vive o homem”. Cultura também alimenta. Mas QUE COISA!

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