terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O VELHO KHADHAFI

O VELHO KHADAFHI
(Clerisvaldo B. Chagas, 23 de fevereiro de 2011).

       Com os recentes pipocar de rebeliões pelo Oriente Próximo e pelo norte da África, ressurge o másculo rosto de Muammar Abu Minyar Khadhafi. Conheci Muammar na era de setenta, após sua chegada tempestiva ao poder, em 1969. A revista Seleções, de circulação internacional, com assinaturas no Brasil, gostava de enaltecer aliados dos americanos. O homem forte da Líbia foi apresentado pela citada revista em longa reportagem elogiosa sobre a sua coragem, inteligência e percepção. Elogiar ditaduras ou fazer vistas grossas, sempre fez parte da estratégia dos Estados Unidos, desde que esses regimes lhes fossem favoráveis. Quando o país não apoiava os interesses dos gringos, sentia o peso de campanhas públicas e camufladas, visando à queda do insistente corajoso. Muammar Khadhafi é e sempre foi polêmico desde sua tomada do poder em 1969. Após a chamada revolta da Líbia, entrou como coronel e tomou algumas providências internas que tiveram variadas repercussões. Declarou ilegal a bebida alcoólica e jogos de azar no país. Solicitou a saída de bases americanas e inglesas do seu território. Expulsou as comunidades judaicas e aumentou a participação das mulheres na sociedade. Gostava de apreciar os elogios que falavam sobre ele na imprensa mundial. Sempre se apresentou em traje de deserto, mas elegante, mostrando zelo pela aparência e planejamento nas fotografias. Khadhafi, dirigindo pela força uma nação pequena, parecia querer se mostrar, ora como estadista, ora como um Rommel em combates no deserto.
       No poder há 42 anos, o calejado coronel apoiou grupos islâmicos de libertação nacional no período 1970-1980. Em 1992-93, a ONU lhes impuseram sanções pelo financiamento ao terrorismo no mundo. Reabilitado depois, ao renunciar o apoio ao terror, Muammar, quando parecia cair no ostracismo, dava um jeito de aparecer. Como não estava incomodando muito o Ocidente, ficou na tolerância externa, mesmo sendo ditador de longas datas do seu povo sofrido, filhos do Sol.
       Já com um filho engatilhado para sucedê-lo, Muammar começa a estremecer com as suas quadragenárias mordomias. Quanto ao filho, ao invés de pedir renúncia de tudo, prefere uma guerra civil, como anunciou. Já está dizendo quem é. A ambiguidade americana de apoio/não apoio às ditaduras amigo/inimigas, ajuda na alimentação às cobras cascavéis, vigilantes implacáveis da escravidão de direitos individuais. É patética a mudança repentina de opinião americana diante das revoltas populares. Daria para ser encenado com sucesso pelo palhaço Tiririca em seus espetáculos circenses.
       Estamos contemplando agora o ocaso violento de Muammar, assim como foi o início do seu poder. Em conjunto solidário com outros dirigentes absolutos da região, desmoronam-se os reinos. É levantar os dedos no adeus ao coronel, à raposa do deserto, ao idealista de ontem, ao VELHO KHADHAFI.


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OS BATONS DA PRESIDENTA

OS BATONS DA PRESIDENTA
(Clerisvaldo B. Chagas, 22 de fevereiro de 2011).

       Foi uma importante vitória para os dirigentes, a presença da presidenta Dilma Rousseff no 12º Fórum de Governadores do Nordeste. O tempo dirá sobre as palavras de Rousseff, durante quarenta e cinco minutos, acalmando os governadores da região. A antiga SUDENE, que tantos projetos fomentou, teve o seu fim cercada de muitas denúncias de todos os tipos. O certo é que o Nordeste, apesar de sempre ser apontado como foco de miséria, deu um salto qualitativo muito importante e continua desenvolvendo. Se não podemos crescer como um todo, progredimos em forma de arquipélago, mas progredimos. O importante agora é fechar o vazio em que ficaram subregiões como a do semiárido, rendido por tantos males que antes incuráveis pareciam. Nordeste que agonizava diante das discussões, quase sempre errôneas dos frascos de mezinhas. Uma região dominada por olhares portugueses, canavieiros, sesmeiros latifundiários, só a partir dos anos sessenta despertou. Descobriu não ser a Geografia, o clima, os culpados das suas pancadas na cabeça, nos pés... No fígado; mas sim, a História, a Política que machucaram em séculos consecutivos. Foi bastante descobrir que a saída do marasmo, da ignorância, das trevas, dependia da política dos governos federais sucessivos, fortes e de boa vontade. Foi assim que nasceu esse grupamento de ilhas que tem que ser transformado no todo. Um crescimento igualitário deixando de privilegiar agreste ou litoral, incluindo definitivamente o Sertão, nessa etapa que o governo estar chamando de Novo Nordeste.
       Mesmo com a expressão batida ─ Novo Nordeste ─ pode ser que o apoio maciço demonstrado enfaticamente pela presidenta, confirme mesmo o vulgo ao final do seu mandato. Se as regiões desérticas de Israel e da Califórnia são desenvolvidas, por que não podemos, então, dizer o mesmo do nosso semiárido? Querer é poder, diz bem essa frase em relação a nós dos sertões nordestinos. O problema é que nunca quiseram. E se quiseram, não entraram a casa pela frente, mas sim pela cozinha. A boa vontade e a esperteza perderam-se nas águas dos açudes, dos caminhões-pipas, nas enjoativas falácias dos palanques. Com as afirmações, portanto, da presidenta e a mentalidade una dos caciques nordestinos, é bem possível que tenha chegado definitivamente a nossa vez. E se não acreditávamos mais nos humanos, bocas de calça, voltamos às esperanças para um rabo de saia. Falavam que os valores estavam invertidos; aproveitemos a inversão das calças. O tempo dirá se os chapéus que passaram são melhores ou piores do que os BATONS DA PRESIDENTA.


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