segunda-feira, 7 de março de 2011

PAI É PEIA

PAI É PEIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2011).

Queixam-se Maceió e Santana do Ipanema sobre o Carnaval que não consegue melhorar. Deu pena lê a entrevista de uma autoridade da capital falando sobre o assunto. Alegava à pessoa que os foliões haviam esvaziado Maceió em busca de outras localidades. Apontava Paripueira, Barra de São Miguel, Barra de Santo Antonio e Marechal Deodoro como destinos dos brincantes no litoral. Dizia ainda a citada autoridade, ser o Carnaval sinal de praia, além de exaltar as belezas naturais das urbes litorâneas acima. Continuava à pessoa, dizendo que não adiantaria um planejamento carnavalesco para um lugar onde faltariam pessoas para a realização do planejado. Resumindo: reconhecia a falência do Carnaval em Maceió, que ficara restrito a um desfile de escolas de samba. “Ê pai! Pai é peia, mas quando pai tiver na peia, acode pai!”. Esses dizeres sertanejos antigos refletem bem a situação de hoje. É semelhante àquele que diz que na casa que falta pão, todos reclamam e ninguém tem razão. Se formos olhar por certo ângulo, a autoridade está certa no modo de vê o reinado de Momo dessa maneira no “Paraíso das Águas”.
Em Santana do Ipanema, capital do sertão de Alagoas, a coisa é semelhante, amigo velho. Digo Santana do Ipanema, por que não queremos falar de outras cidades interioranas, pois cada uma tem a sua realidade. Por mais esforço que o município faça, os foliões formam seus blocos e na hora “H” partem para cidades ribeirinhas, principalmente Pão de Açúcar e Piranhas. Esta última tem se tornado o principal destino dos que pulam o Carnaval no Médio e Alto Sertão. Os prefeitos Cícero Almeida e Renilde Bulhões não estão errados e não são culpados da falência dos carnavais maceioense e santanense. Com os tempos modernos, uma sucessão de prefeitos em ambas as cidades, foi abandonando a tradição, como se apoiá-la fosse uma cafonice que não ficava bem na era da televisão, do computador, do celular. Abnegados que defendiam sempre o folclore foram-se tornando vozes isoladas e as tradições ficando enfraquecidas até chegar aos nossos dias. Como está havendo um novo olhar sobre o Carnaval no Brasil através do mesmo instrumento que o fez hibernar, voltam cidades como Maceió e Santana do Ipanema a querer requebros dos bonecos mortos por elas mesmas.
Percorremos as ruas e praias da capital nesse domingo (6) e só vimos o vazio. Deve ter acontecido a mesma coisa em Santana do Ipanema. Ao longo do litoral maceioense, poucas pessoas às sombras de barracas de praia. Em Santana, os antigos e bons carnavais dividiam-se em três partes. Durante as manhãs, blocos e mais blocos pelas ruas, inclusive com bandos de caretas. Às quatro da tarde, uma orquestra tocava no centro do comércio para quem quisesse brincar, além do corso, realizado à mesma hora. Na parte da noite, a sociedade divertia-se nos dois clubes rivais, Tênis e Sede dos Artistas. Sempre foi ali o melhor Carnaval do interior. Como os dois carnavais foram exterminados, recomeçar do zero não é nada fácil. Vai ser preciso muita competência para pesquisar, planejar, plantar e fazer brotar o novo. Enquanto isso vamos também pegando roteiros espetaculares que desembocam em lugares paradisíacos dentro desse estado de tantas e tantas praias e coqueirais. PAI É PEIA!.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2011/03/pai-e-peia.html

sexta-feira, 4 de março de 2011

BRASIL DO PIBÃO

BRASIL DO PIBÃO
(Clerisvaldo B. Chagas, 4 de março de 2011).

       Não, não minha comadre. A palavra acima não é o que você pensou. Pibão foi apelido dado por um repórter ao referir-se ao nosso extraordinário PIB – Produto Interno Bruto, referente ao ano 2010. O resultado foi tão fantástico que o repórter fez à pergunta a presidenta Dilma, o que ela tinha achado do Pibão. Entendendo na hora e não querendo externar uma alegria doida, Rousseff respondeu apressada que foi bom. O maior resultado do PIB em vinte e quatro anos, quando teve alta de 7,5%. Para nós que sempre acompanhamos o desenrolar do mundo, foi uma alegria tão grande como um gol nosso na Copa do Mundo de Futebol. Com esse resultado, o Brasil passa a ocupar definitivamente um lugar de destaque entre as maiores economias do planeta. Segundo o ministro Mantega, assumimos o sétimo lugar entre as nações, desbancando ─ difícil de acreditar ─ Inglaterra e França; duas nações tradicionais do chamado primeiro mundo, inclusive, a iniciadora da industrialização mundial, Inglaterra. Embora não tenha saído ainda à classificação oficial, ficamos mais ou menos atrás, pela ordem, dos Estados Unidos, China, Japão, Índia, Alemanha e Rússia.
       Por coincidência, chega ao Brasil em cima da bucha, o diretor do FMI, Dominique Strauss Kahn, sendo recebido no palácio do Planalto pela Presidenta, em cuja reunião estava presente também o ministro Guido Mantega. Pois até o poderoso pediu para que o Brasil não crescesse tanto. É dia de festa ou não é? Não se pode passar a vida inteira comendo osso. Deve ter sido também de muita felicidade, para o primeiro-ministro de Timor Leste, a nação jovem da Ásia que fala português e veio pedir ajuda em Brasília. Foi nesse clima que Xanana Gusmão com sua comitiva foi recebido nessa quinta (3) e ficará no Brasil até amanhã (5). Assim o Timor veio fazer intercâmbio na Educação, Justiça, Segurança, capacitação de mão de obra, inclusão social, infraestrutura, e convênios na área militar e defesa. É assim que o Brasil vai ampliando sua atuação significativa em todos os continentes. Para o ministro Guido, a notícia dada pelo IBGE deve ter sido a parte do pão que faltava para preenchê-la com sua própria manteiga sempre virada para cima.
       Como tudo foi somente alegria nessa quinta-feira passada, o restante parece que vai ser entregue ao Rei Momo, para os rebates das celebrações. Felizmente ou infelizmente, a vida é mesmo assim, uma alternância entre a dor e a felicidade. É bom, entretanto, salientar que a oposição é sempre oposição. Carrega o eterno pessimismo das catacumbas. A oposição sublinhada aqui é a dos indivíduos que não enxergam além das suas amarguras e só distinguem em preto e branco, igualmente a touros de arena. Mesmo nada caindo em nossos bolsos, estamos satisfeitos em apontar o tamanho do gigante. O melhor frevo desse ano será, sem dúvida alguma, no Carnaval do bloco maravilhado BRASIL DO PIBÃO.



Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2011/03/brasil-do-pibao.html