terça-feira, 21 de junho de 2011

O CHOCALHO DA ONÇA

O CHOCALHO DA ONÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2011.

            A lenga-lenga da OTAN continua rodando como dança de peru. Assanhada pelos Estados Unidos que empurraram os parceiros na briga e negaram o corpo no embate, a Organização não sabe o que fazer em relação à Líbia. Todos sabem que o caminho correto através das armas, é uma invasão terrestre para pegar a muque o dirigente Líbio. Entretanto, ela ainda teme uma desmoralização ao adentrar esse território ou os gastos excessivos que terá que dispor numa invasão por terra. Com a Europa parcialmente quebrada, entra-se num baile sem roupa, com arrependimento durante e posteriormente. Ataques aéreos da OTAN na madrugada dessa segunda-feira (20), segundo a agência oficial Jana, mataram oito crianças e onze adultos. Parece que a cada momento e delongas da Organização, o homem da Líbia vai ficando mais resistente como carcaça de jabuti. A população aterrorizada vai pagando os pecados, tanto de um lado quanto do outro. O ditador e família não têm pena de sua gente, conduzindo-a ao sacrifício, formando escudos humanos para aumentar a carnificina. Quanto mais vítimas inocentes dos ataques aéreos, melhor o grito da matança para o mundo todo ouvir. O governo da Líbia vai costurando como pode suas estratégias mesquinhas para não deixar o poder. Do lado dos atacantes, os cabras vão fazendo como já dizia os mais antigos nordestinos: “Quem tem pólvora pouca não atira em anum”, pássaro preto ou branco do Sertão, bem difícil de ser atingido.
            Assim o tempo vai passando sem uma definição da guerra, cujo alvo diz que anteriormente os atacantes mataram cinco crianças entre seis meses e oito anos de idade, além de dez adultos, entre eles, marroquinos e um sudanês. Quando se anuncia a morte de pessoas de outras nacionalidades, também se usa uma estratégia de comoção dos países citados, como forma de atrair nações em favor dos supostos oprimidos. As bombas continuam caindo, destruindo prédios, mas pelo visto, reforçando a intransigência de Muammar. Então vem a conhecida história da onça que comia os bezerros das fazendas. Reunidos, os fazendeiros descobriram um jeito de alertar a todos quando a onça estivesse por perto. Seria colocar no felino um bom chocalho pernambucano. Sim, a ideia era ótima, mas quem iria colocar o chocalho na onça?
           E como dizem que “em tempos de guerra, notícias são como terra”, correm também as verdades, os boatos, às mentiras pelas rochas, pelos areais, pelos ares, enganando ouvidos cansados de vítimas sem nexo e sem rumo. O regime de Trípoli acusa a OTAN de ter matado 40 pessoas em seus ataques últimos na Líbia. Os atacantes tentam destruir depósitos de armas e terminam atingindo aglomerados civis. Às vezes a OTAN emite notas lamentando os erros, mas adianta alguma coisa? Os mortos voltarão à vida com essas desculpas friorentas?
          Ninguém sabe como esses sopapos da OTAN vão terminar. Eles criaram o monstro e agora querem eliminá-lo. Já sabiam desde muito cedo a história do guizo no felídeo. Até agora, entretanto, ficam somente por cima; ainda morrem de medo quando ouvem o CHOCALHO DA ONÇA.



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segunda-feira, 20 de junho de 2011

SERÁ O BENEDITO!

SERÁ O BENEDITO!
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2011.

          Esse negócio de Brasil no Conselho Permanente da ONU vai apertando cada vez mais, cingindo o pescoço dos donos da Organização das Nações Unidas. Isso é como aqui mesmo em Alagoas, Santana do Ipanema e Nordeste brasileiro. O sujeito passa um tempo em certo estabelecimento público ou misto, vai se acostumando ali e daqui a pouco é o mandachuva, o reizinho, o dono do prédio, das coisas, das pessoas que ali trabalham. Pensando sempre que o povo é besta, ali se arrancha a semelhança de ninho de casaca-de-couro; dali enrica vertiginosamente, acha pouco e aprecia ser homenageado, saindo-se como herói. Ai de quem falar! Contar o segredo é ser marginalizado socialmente, por que esse tipo de mafioso também é tremendamente nocivo à sociedade média lutadora.
          Pois são assim os que, após a segunda guerra, desenharam a ONU a seu modo. Ela é de todos, mas não é. Quem manda mesmo na Organização, pasmem, são aquelas mesmas potências cheias de interesses egoístas e suas geopolíticas de interesses dominantes, assim como moça bonita não suporta outra mais bela em seu espaço. Banco Mundial, FMI, são procedentes em todas as saliências onde mãos poderosas podem alcançar. Mas como nada é eterno nesse mundo e, a roda grande começa a passar por dentro da pequena, vai se avolumando a pressão sobre a carcomida ONU, por falta de oxigenação. O simples toque no assunto vai deixando arrepiada os eternos protetores do clube fechado assim como era com o tal G-8 que vive de roupa esfarrapada. Quem perde o crédito perde tudo. E o G-8 levado ao canto da parede de concreto pelas novas forças do mundo, abriu a porta de bronze pelo menos para o G-20, o que ainda é pouco.
          À medida que o assunto tabu vai rompendo o dique da resistência, frases a respeito vão surgindo, pipocando aqui e ali, a ponto de ser iniciativa de conversas mais públicas dos seus mandões. Como seu antecessor que veio ao Brasil, foi assim que chegou o Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, nessa segunda (20) para reunião com a presidenta Dilma. Reconhece o senhor Deiss que a ONU não representa mais a realidade de hoje. É preciso preencher vazios que contemplem a América Latina, África e Ásia. Sobre as Américas, os Estados Unidos não querem outro galo em seu terreiro. Pelo continente africano, é a própria UE que recusa a pobreza no poder. E especulando pela parte asiática, a China fecha a cara para a concorrência.
          Os problemas do mundo são as questões locais ampliadas. Os donos daqui são como os donos de lá; os “manés” daqui são como os “manés” de lá, escritos assim mesmo como letra de samba carioca. E se o mandão diz que “faz dezoito anos que se discute isso”, achamos que a discussão já atingiu a maioridade. Já pode ser presa e processada, ora bananas! Pois abram alas, velharias, que o Brasil pede passagem com Lampião, padre Cícero, Zumbi, Dilma Rousseff ou Chico Xavier. Índio quer assento na ONU, Já! SERÁ O BENEDITO!


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