terça-feira, 7 de março de 2023

 

BIOMANCIA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.849

 



Há bastante tempo, baseado na sensibilidade espiritualista, inventei, sem notícia de algo semelhante, a Biomancia. Trata-se de uma espécie de tarô doméstico baseado em animais selvagens e criados pelo homem. Cada figura (imagem) de animal representa uma situação, uma letra que, associada a outras imagens juntas, formam então, a frase reveladora do que se quer saber. É um baralho adivinhatório em que cada imagem animal repousa sobre um naipe. Nem mesmo sei porque estou revelando essas ações transcendentais caseira e muito pessoal. Aqui, acolá vamos guiando parceiros, amigos e amigas que se interessam em saber incógnitas da vida. Talvez uma pomba, tipo rolinha azul, na fiação da rua defronte a minha casa, tenha sido o motivo.

As pombas são aves bíblicas e representam a Divino Espírito Santo. No tarô adivinhatório indicam “caminhos abertos”, “siga em frente pelo que você busca”, “êxito total na sua empreitada”. Mesmo sem o uso da Biomancia (cartas de baralho com figuras representativas de animais) o simples avistar de uma rolinha ou o som do seu canto, já lhe revela tudo de bom para as suas pretenções do momento, um sinal verde para seu projeto. E se essas aves persistem em plantão pelos arredores, estão sendo anunciadas coisas boas para você e seus familiares. Na vida não existe coincidência, tudo é medido e pesado pelos grandes arcanos que nos guiam.

E nessa conjuntura o amigo poderia indagar, então, qual seria a representação do tarô doméstico, “Não vá”, “você não terá êxito”, etc., têm vários animais que lhes previne, dependendo da frase formada outros animais juntos. E os mistérios entre o céu e a terra, continuam desafiando os mortais, mas não negam concessões aos que procuram entender. Além disso, é costume das tradições misteriosas, que homem não ensine a outro homem, e sim, homem ensina a mulher que repassa para o homem ou ao contrário. É fácil ou difícil aprender? Tudo depende da vontade. Espero que a Biomancia possa lhe ajudar se algum dia for preciso. Quer saber mais? Faça seu contato por Email.

 

 

 


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domingo, 5 de março de 2023

 

O PEIXÃO FEMININO E O PEIXÃO DO RIO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.848


O rio São Francisco, é belo, extraordinário e surpreendente. Luta contra todas as pancadas e não aceita morrer. Lembramos de uma viagem a cidade de Piranha para comermos uma peixada na beira do caudal e fomos surpreendidos. Isso já foi após a instalação da Usina hidrelétrica do Xingó. Todos reclamavam da escassez de peixes com a construção da usina. Em lugar algum havia peixada até que nos indicaram a residência de uma senhora que sempre servia aos de fora como se fosse uma espécie de quebra-galho. Fomos até lá numa rua central e ladeirosa que dava para o rio. Comemos a tal peixada, mas a senhora avisava que o peixe não era do rio São Francisco e nem de Piranhas, viera de longe. No rio não havia mais peixes. Voltamos tristes com a escassez de proteínas que afeta o ribeirinho.

O tempo passou, o Velho Chico enfrentou crises e mais crises, inclusive em trechos que poderiam ser atravessados a pé.  Vez em quando, as grandes cheias controladas pelas hidrelétricas e as correrias dos ambulantes que se estabelecem nos longos areais com o recuo das águas. Construções de tábuas, de alvenaria, de palhas... Geladeiras, fogões, cadeira e mesas ou descem com as cheias ou são transportadas às pressas para terra firme. O recuo do rio em tempos difíceis, a invasão do mar, salgando tudo e até mesmo a penetração de peixe de oceano pela sua foz, são coisas anotadas nos anais do rio.  Mas agora uma notícia virou manchete e percorreu o Brasil. É que um pescador conseguiu pescar um peixe estranho e maior do que ele nas imediações da cidade de Piranhas.

Naquela época, os homens chamavam de “peixão”, à mulher alta, bem feita, bela e sensual.  E sobre o pescador da cidade de Piranhas, teve muita sorte ao fisgar um peixe maior do que ele, com mais de dois metros.  Trata-se de um bichão chamado Camurupim. Sendo animal de vida oceânica, o danado deve ter entrado pela foz do rio na cidade de Piaçabuçu. E para não falar sobre mentira de pescador, o homem registrou e fotografou o resultado da pesca com seus amigos. Notícia alvissareira que veio logo após a liberação da pesca, presa com a lei da Piracema. Pelo tamanho do troféu, quase que o pescador fisga também uma sereia, isto é, uma “peixona” que bem poderia abrandar sua vista assim como seus óculos escuros. Assim o “peixão” animal e o “peixão” feminino vão fazendo parte da paixão e do imaginário verídico do rio São Francisco.

FOTO PARA ENCURTAR CONVERSA.

 


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