segunda-feira, 10 de março de 2025

 

O EXÓTICO E O BOM – IMBU

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.205



 

Nada melhor de que uma andança pela caatinga em missão difícil, quando chegam as esperanças em forma de imbuzeiro repleto de frutos maduros e inchados. O imbu mata a sede, mata a fome e ainda embarca quietinho e prestativo no seu bornal, embornal, aió, bizaco ou nos seus bolsos. Depois daquele belo descanso à sombra do imbuzeiro, é muito bom quando você consegue levar para a casa, quantidade suficiente para a patroa fazer uma imbuzada. Garantimos que ele não vai lhe fazer pergunta besta se o nome certo é imbu ou umbu, imbuzeiro ou umbuzeiro. Mas vai preparar aquela iguaria cozinhada ao leite que se come em prato sopeiro ou copos de vitaminas. Uma delícia oferecida pela Natureza e caprichada no fogão da sua esposa.

Ainda não temos no interior de Alagoas, nenhuma cooperativa do imbu para preservar, plantar, colher, transformá-lo em sorvete, geleia, sucos e movimentar uma teia grande do produto com se faz em alguns lugares da Bahia. Nunca vi um agricultor do meu Sertão plantar imbuzeiro e muito menos de cuidar de um.  Mas na hora de usufruir das benesses da Natura, sobe na sua galhada com botina e tudo atrás dos frutos arredondados e doces que lhe dá prazer. Nem todo imbu é doce, é bom, também pode ser azedo. Pode ser grande, enorme, pode ser pequeno. Encontramos imbuzeiro em terras barrosas e compactadas, com imbus visivelmente sofridos, pequenos e ruins.

Sempre foi tradição em nossas feiras semanais, encontrar para vender o doce tijolo, tanto de jaca quanto de raiz de imbuzeiro. Batatas que acumulam água e que eram usadas, nas grandes secas, enfrentadas por soldados e cangaceiros. Esse doce tijolo é uma verdadeira delícia e tradição dos antigos doceiros da região sertaneja. Levou muito meus quinhentos réis e destões nas feiras livres de Santana do Ipanema, Carneiros e Olho d’Água das Flores, nas mascateações do meu pai, Manoel Celestino das Chagas – Seu Manezinho Chagas. E, como diz o título desta matéria: Imbu, fruto exótico, saboroso e doce dos sertões nordestinos. Obrigado escritor “Primo Véi”, João Neto, por me ter enviado a reportagem sobre o imbu gigante. Deu nisso aí.

IMBUS (IMAGEM: STOCK).

 


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