O
EXÓTICO E O BOM – IMBU
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de março de 2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.205
Nada melhor de que uma andança pela caatinga em
missão difícil, quando chegam as esperanças em forma de imbuzeiro repleto de
frutos maduros e inchados. O imbu mata a sede, mata a fome e ainda embarca
quietinho e prestativo no seu bornal, embornal, aió, bizaco ou nos seus bolsos.
Depois daquele belo descanso à sombra do imbuzeiro, é muito bom quando você
consegue levar para a casa, quantidade suficiente para a patroa fazer uma
imbuzada. Garantimos que ele não vai lhe fazer pergunta besta se o nome certo é
imbu ou umbu, imbuzeiro ou umbuzeiro. Mas vai preparar aquela iguaria cozinhada
ao leite que se come em prato sopeiro ou copos de vitaminas. Uma delícia
oferecida pela Natureza e caprichada no fogão da sua esposa.
Ainda não temos no interior de Alagoas, nenhuma
cooperativa do imbu para preservar, plantar, colher, transformá-lo em sorvete,
geleia, sucos e movimentar uma teia grande do produto com se faz em alguns
lugares da Bahia. Nunca vi um agricultor do meu Sertão plantar imbuzeiro e
muito menos de cuidar de um. Mas na hora
de usufruir das benesses da Natura, sobe na sua galhada com botina e tudo atrás
dos frutos arredondados e doces que lhe dá prazer. Nem todo imbu é doce, é bom,
também pode ser azedo. Pode ser grande, enorme, pode ser pequeno. Encontramos
imbuzeiro em terras barrosas e compactadas, com imbus visivelmente sofridos,
pequenos e ruins.
Sempre foi tradição em nossas feiras semanais,
encontrar para vender o doce tijolo, tanto
de jaca quanto de raiz de imbuzeiro. Batatas que acumulam água e que eram
usadas, nas grandes secas, enfrentadas por soldados e cangaceiros. Esse doce tijolo é uma verdadeira delícia e
tradição dos antigos doceiros da região sertaneja. Levou muito meus quinhentos
réis e destões nas feiras livres de Santana do Ipanema, Carneiros e Olho d’Água
das Flores, nas mascateações do meu pai, Manoel Celestino das Chagas – Seu Manezinho
Chagas. E, como diz o título desta matéria: Imbu, fruto exótico, saboroso e
doce dos sertões nordestinos. Obrigado escritor “Primo Véi”, João Neto, por me
ter enviado a reportagem sobre o imbu gigante. Deu nisso aí.
IMBUS (IMAGEM: STOCK).
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