domingo, 26 de março de 2023

 

SÃO JOSÉ, O DONO DO OUTONO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.852

 

São José continua prestigiado em todo o território nordestino. Os sertões ficam de olho no céu e lábios nas preces do seu tão aguardado dia. É que a importância da divisória verão/outono cai praticamente no dia do santo pai de Jesus. Considerado o grande benfeitor das chuvas que molham as terras do semiárido no período de semeadura, São José é aguardado e homenageado com orações caseiras, novenas e louvações diversas que não falham nunca, principalmente no bioma caatinga. Dizem que sertanejo só fala em chuvas. Por uma parte é bem verdade, embora sejam divergentes e amplas as suas conversas, sim, o tema “chuvas” predomina sempre em quem vive da agricultura.

Existe uma cumplicidade, palavra no bom sentido, entre o povo sertanejo e São José que compreende e ajuda o quanto pode na luta diária dos cultivadores de mãe terra. E o seu dia 19 de março, representa a palavra Esperança com “E” maiúscula e obesa de fé. Quando os pífanos, a caixa e o zabumba ecoam na caatinga, sobe e desce a branca fumaça divina da comunicação entre o homem e o invisível.  O dia 20 de março, início do outono, é separado apenas por 24 horas do dia de São José. O nosso sertanejo chama o período outono/inverno, apenas de inverno, que para ele é a chegada benfazeja das chuvas contínuas de cada ano. Daí se compreender facilmente a devoção do agricultor a um dos auxiliares de Jesus na terra abençoada nordestina. Sim, é claro que o cerne da conversa é o agricultor que vive na roça, porém os que migram para a cidade e os que vivem indiretamente da terra, também não esquecem do santo designado para o tempo.

Entretanto, no 19 de São José, não choveu em Santana do Ipanema. E dizem que o inverno não será bom se não chover nesse dia. O céu estava azul com algumas nuvens brancas esparsas. Será, será... Todos os profetas das chuvas reunidos na cidade, afirmaram que o “inverno será bom”, mas com chuvas reduzidas. Vamos ver no que vai dar. A influência do El Niño, da La Niña, das previsões dos últimos tempos... Devem no final escreverem a verdade na terra, a influência dos céus e os ânimos dos terráqueos. Afinal de contas, São José sabe demais o que está acontecendo e o que irá acontecer. Aguardemos, pois.

 

 

 

 


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sexta-feira, 24 de março de 2023

 

SERTÃO DO LEITE

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.851

 

Não existe nenhuma dúvida de que uma fábrica em uma cidade – principalmente do interior – pode gerar progresso em todos os sentidos até porque um grande empreendimento gera outros inúmeros na mesma região.  O governo de Alagoas foi muito feliz ao atrair a Indústria de Leite Natville para implantar uma unidade na sua cidade Batalha, centro da Bacia Leiteira alagoana. Não importa se Batalha é a cidade do governador, o importante é o surgimento de novos progressos tanto para os municípios que fazem a Bacia Leiteira, quanto para todo o médio sertão do estado.  Veja, há pouco tempo foi asfaltado o trecho Batalha – Olivença, usando-se um atalho (por dentro) encurtando a distância entre as duas cidades e Olivença via Agreste e Maceió. Está aí um primeiro grande benefício que agora atraiu o segundo benefício que é a implantação de uma unidade da Natville, aproximadamente em terreno vizinho ao acesso à Olivença, saindo de Batalha, às margens da AL-220.

O investimento anunciado de 500 milhões na implantação da unidade, diz por si só da envergadura do empreendimento. Pobres cidades que não aceitam indústria em seus territórios, para que a população continue sob o cabresto político dos seus dirigentes. Irão ficar a ver navios enquanto a vizinhança cresce, desenvolve e se destaca. Muito bom consumirmos produtos industrializados de origens alagoanas, principalmente do interior, do sertão ou da área agrestina, fora do comando da capital e da Região Sudeste. 

E se uma fábrica por si só já absorve grande número de empregados, mexe muito mais com a cadeia produtiva. E agora, que a duplicação das rodovias Maceió – Delmiro Gouveia, passando pela Bacia está sendo construída, imaginamos um novo fluxo de progresso tanto no médio quanto no alto sertão.

A propósito, a distância Maceió – Batalha é de 183 km e de Batalha a Santana do Ipanema é de apenas 49 km, o que favorece o intercâmbio econômico e cultural. Batalha, Jacaré dos Homens, Monteirópolis e Major Izidoro, formam o importante núcleo da Bacia Leiteira, alagoana. A cidade de Batalha e boa parte do seu município, são banhados pelo rio temporário Ipanema, que, em época de cheias ainda é uma atração à parte pra os que desejam conhecer a cidade e sua vizinhança. Parabéns aquele povo bom.

BATALHA (FOTO:  B. CHAGAS

 

 

 

 


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