MARIA BERRO GROSSO Clerisvaldo B. Chagas. 11.01.2010) ─ Do CD do autor: “Sertão Brabo” – Dez poemas engraçados ─ 1 Era forte e bonit...

MARIA BERRO GROSSO

MARIA BERRO GROSSO

Clerisvaldo B. Chagas. 11.01.2010)
─ Do CD do autor: “Sertão Brabo” – Dez poemas engraçados ─



1
Era forte e bonitona
Os braços dessa grossura
Não gostava de pintura
Morava lá na Cambona
Cada perna dessa dona
Era u´a mão de pilão
Rasteira tapa e balão
Deixavam os home no fosso
Que Maria Berro Grosso
Brigava que só o cão
2
Querendo encontrar Maria
Era nas briga de galo
Nas corrida de cavalo
Nas casas de bruxaria
Berro Grosso todo dia
Bebia pinga e conhaque
No baralho virou craque
Montava em lombo de burro
Se num cristão desse um murro
Foi na titela era um baque
3
Ela zombava e se ria
Se fosse fraco o matuto
Dava tragada em charuto
Que o fumaceiro cobria
Cachimbava todo dia
Na bodega de João Coxo
Dizia que homem frouxo
Nem passasse perto dela
Que só dava um cheiro nela
Se tivesse aquilo roxo
4
O fi de Mané Rebeca
Lhe chamou de popozuda
Ela grandona e parruda
Danou-lhe mão e munheca
Chegaram lá dois careca
Que vinheram se amostrar
Quase morrem de apanhar
Na briga a saia subia
Quem tava de longe via
Mas cadê macho encostar
5
Para lhe falar namoro
Nem mesmo morcego vampa
Porque se visse a estampa
Fazia bico de choro
Receio de entrar no couro
Se não agradasse a loba
Coxa de dezoito arroba
Quem olhasse se engraçava
Mas o medo atrapaiava
Nervoso grande da boba
6
Não aparecia home
Mode se ajeitar com ela
Falar fino perto dela
Só se tivesse com fome
De brinco nem lobisome
Nem amarelo bochudo
Chegou um rapaz sambudo
Com essas carça bem funda
Toda apertada na bunda
Levou porrada e cascudo
7
No futebol da cidade
No fubek deram um grampo
A torcida entrou em campo
O pau quebrou de verdade
Berro Grosso com vontade
Meteu soco em maloqueiro
Mordeu a mão do ponteiro
Como quem dançava regue
Deu um coice que nem jegue
No treinador de goleiro
8
Mas um dia o geringonça
Vaqueiro Zé Bolachão
Que montava em barbatão
Dava na cara de onça
No bar de Pedro Mendonça
Entrou tomando rapé
Deu espirros a grané
Berro Grosso se enfezou
Deu-lhe um chute que pegou
Bem nos negócio de Zé
9
Se virou-se Bolachão
Com seu braço de marreta
Depois duma pirueta
Rodou-lhe a parma da mão
Maria caiu no chão
Sem gritar e sem gemer
Pernas aberta a valer
Se fosse vender retrato
Gritou um cabra gaiato
Todo mundo ia querer
10
Ao levantar-se azoada
Ela disse agora achei
O macho que procurei
Já tou com ele amigada
Zé aceitou a cantada
Que também era donzelo
Depois daquele duelo
Só quer viver na cozinha
Com Bolachão tá mansinha
Já fez dezoito bruguelo

FIM

INTEGRAÇÃO E TURISMO (Clerisvaldo B. Chagas. 8.1.2010) Notícias sobre Alagoas dão conta de que o governo quer integrar as cidades ribe...

INTEGRAÇÃO E TURISMO


INTEGRAÇÃO E TURISMO

(Clerisvaldo B. Chagas. 8.1.2010)

Notícias sobre Alagoas dão conta de que o governo quer integrar as cidades ribeirinhas do rio São Francisco. No governo Lessa já se falava nesse projeto, mas não sabemos se a idéia é anterior a ele. No momento, porém, é o que menos importa. As dificuldades para se chegar a algumas dessas cidades, principalmente as interligadas por estradas de terra, são grandes. Durante a época chuvosa piora tudo. Para se chegar a determinados povoados ribeirinhos, sofre o carro e sofre o dono. Quem sai do Sertão e alto Sertão para Penedo ou Piaçabuçu, por exemplo, tem que viajar por Arapiraca e dali tomar destino sul. Com essa decantada rodovia, tudo seria facilitado. Piranhas fica perto do Sertão e Alto Sertão. Daí em diante seria somente descer margeando o São Francisco na sequência Piranhas, Pão de Açúcar, Belo Monte, Traipu, São Brás, Penedo. Daí em diante já existe a rodovia que leva até Piaçabuçu, foz do grande rio. Prosseguindo desse ponto, as cidades já estão interligadas por revestimento de asfalto. Caso aconteça o que estar sendo previsto, o turismo poderá, enfim, chegar até aqueles lugares também através dos transportes terrestres. Muito tem para ser visto na região. Piranhas, cidade presépio, oferece sítios arqueológicos, histórias do cangaço, trilhas, culinária e, além da hidrelétrica de Xingó, várias outras atrações. Pão de Açúcar, cidade plana, também tem suas histórias de cangaço, de D. Pedro II; casarios típicos, além de ser terra de músicos. Belo Monte mostra o encanto da paisagem tendo o rio como atração máxima. Traipu, cidade entre morros, antiga Porto da Folha, tem muito que contar pelo seu duro relacionamento com a natureza, bem assim como sua vizinha São Brás. Penedo já tem fama no Brasil inteiro. Resistiu bravamente às invasões holandesas, sendo a primeira cidade de Alagoas. Foi o sangue irrigado para todos os outros municípios ribeirinhos. Nessa cidade, não esquecer os livros do escritor penedense, saudoso amigo, Ernani Otacílio Mero (A História do Penedo).
Talvez essa estrada (ela só não basta), traga incentivos para desenvolver essa região tão esquecida pelo poder público. Muitos povoados e mesmo cidades parecem paradas em várias décadas anteriores. Constatamos em alguns lugares uma pobreza absoluta de cortar coração. Mas, ao contrário, constatamos o progresso crescente na outra margem do Opara. E para quem perdeu quase tudo na economia pesqueira após a hidrelétrica, bem que a nova rodovia é uma esperança. Mesmo sendo a esperança do nosso povo alagoano elevada ao quadrado. As encantadoras, deslumbrantes paisagens do “Velho Chico” não podem ficar ignoradas porque as classificamos entre as mais belas do mundo. Quem nunca esteve na região do São Francisco nas Alagoas, não sabe o que estar perdendo. Esperamos que o governo atual possa de fato investir nas cidades ribeirinhas para incrementar a sua economia e promover INTEGRAÇÃO E TURISMO.

OS VALORES DO GRUPO (Clerisvaldo B. Chagas. 7.1.2010) Para os que fazem a Escola Estadual Padre Francisco Correia Inaugurado em feverei...

OS VALORES DO GRUPO

OS VALORES DO GRUPO
(Clerisvaldo B. Chagas. 7.1.2010)
Para os que fazem a Escola Estadual Padre Francisco Correia

Inaugurado em fevereiro de 1938 no Bairro Monumento, o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, em Santana do Ipanema, Alagoas, é um prédio histórico. O citado grupo foi quem marcou a primeira etapa oficial funcionando até a antiga 4ª Série. Antes dessa parte, as escolas que existiam eram particulares e, mesmo oficiais lutavam com bastantes dificuldades em todos os aspectos. Podemos dividir a história das letras em Santana em seis fases. Primeira: escolinhas particulares (nem todas eram pequenas e particulares); segunda: do Grupo Escolar Padre Francisco Correia (séries: 1ª a 4ª); terceira: do Ginásio Santana (séries: 5ª a 8ª); quarta: do Colégio Estadual Deraldo Campos (segundo grau); quinta: (da Faculdade, ESSER); sexta: (escolas superiores à distância). Recebendo o nome de um dos fundadores de Santana, o Grupo Escolar, trouxe as primeiras normalistas da capital para o Sertão alagoano. Várias dessas professoras ficaram famosas na história educacional do Município, entre elas, Helena Braga das Chagas, Hilda D. de Carvalho, Iracema Salgueiro, Leopoldina Lima, Maria José Carrascosa, Durvalina Pontes, Maria de Lourdes Queirós, Audite, Nelzinda Nogueira Campos, entre tantas outras. Construída na gestão do 6º prefeito interventor, Joaquim Ferreira da Silva, a escola que estar completando 72 anos, pouco foi reformada. O pátio externo é grande e, o benefício que recebeu até agora, parece ter sido apenas a troca de um muro baixo cheio de pilares, por outro alto e fechado completamente. Isso há muito tempo. A parte do prédio, poucos benefícios recebeu. É de causar pena, uma escola de tantas tradições, localizada na avenida principal da cidade, continuar praticamente da mesma maneira de 1938. Ali estudaram milhares de crianças, entre as quais aquelas que exerceram ou exercem altos cargos na hierarquia estadual. Se existe em Santana uma escola resistente à falta de reconhecimento pelos seus filhos mandatários, é o antigo grupo Padre Francisco Correia. Está precisando de uma ampla reforma para se transformar em um prédio moderno e digno das suas tradições, com anexos e benfeitorias no terreno que aguarda há sete décadas. Enquanto isso a avenida ganhou praça de luxo, bancos e estabelecimentos comerciais que fazem jus à entrada de Santana. Mas o primo pobre continua lá aguardando, talvez, o centenário, para receber tais vantagens. Enquanto isso as esperançosas e competentes professoras dão continuidade à brilhante história da sua implantação.
Atualmente o grupo mudou o nome para Escola Estadual Padre Francisco Correia. Honrou-me bastante o convite que recebi para uma palestra naquela unidade, tempos atrás. Mas fiquei triste em notar o esquecimento dos que estão no poder estadual e mesmo municipal a respeito da Escola. Os mesmos que beberam daquele mingau que eu bebi durante seus recreios. Só o reconhecimento não é tudo. Gostaria muito de sair com aquelas professoras para uma aula viva sobre a história da nossa cidade pelo comércio e ruas de Santana. Estou sempre fazendo a minha parte. Autoridades, por que perdem a ocasião dos proveitos às raízes? Não esqueçamos, mesmo com atraso, os VALORES DO GRUPO.