PEDRO BAIA (Clerisvaldo B. Chagas, 13 de janeiro de 2011)        Já falei nesse indivíduo antes: Pedro Baia. Anos 60, em Santana do Ipanem...

PEDRO BAIA

PEDRO BAIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 13 de janeiro de 2011)

       Já falei nesse indivíduo antes: Pedro Baia. Anos 60, em Santana do Ipanema, Pedro Baia, pintor de paredes, chamado na época de caiador, era profissional do ramo. Um pincel usado era de um tipo de planta, compacto, leve e comprido com aparência de fêmur, por isso mesmo chamado “Canela de Ema”. Ao terminar o serviço, Pedro costumava desenhar seu logotipo que era justamente o próprio animal. Na época surgiu um atrativo forró, se não me engano, de Jackson do Pandeiro que teve grande sucesso:

“A ema gemeu
No tronco do juremá
Será que é o nosso amor,
Moreninha
Que vai se acabar (...)”

       Pedro Baia era galego, alto, forte, bem rosado, usava chapéu de couro abas viradas para cima e um lenço vermelho no pescoço. Mesmo assim todo cristão se achava no direito de enxugar o braço no pé do ouvido de Pedro Baia. Chateavam-no com perguntas como “Pedro cadê a ema?” Fizeram até uma paródia com a música do forró. Após o estribilho acima, vinha a criatividade:

“A ema quando canta
Pedro Baia se levanta
Com medo de apanhar (...)”

       Um dia, cansado de tantas gozações e taponas, Pedro fez de uma espingarda de cartucho sua companheira de andanças. Foi avisando a todos que daquele dia em diante, o primeiro que mexesse com ele morreria. Dito e feito. Ao tirar a vida do adiantado, foi preso, tirou cadeia e, um dia em liberdade, foi embora para sempre de Santana do Ipanema.
       O Brasil já “apanhou” muito da Inglaterra, no passado imperial. Essa ação corajosa de não permitir que um navio de guerra inglês em direção as Malvinas, aportasse no Brasil, foi também soberana e solidária a Argentina. O exemplo terá repercussão positiva em toda a região. Ele é o líder e é quem tem que mostrar o caminho de destemor e coerência, sem arrogância como fez. Restou a Inglaterra reconhecer a ação do Brasil e pronto. Por que fazer tempestade nessa hora? O ato brasileiro é passo importantíssimo no fortalecimento político de auto defesa coletiva na América do Sul.
       Quanto à Itália que vive às voltas com a crise econômica e com os escândalos do lascivo e imoral Berlusconi, não dispõe de força nem para mudar o seu palhação ministro. Para esconder a situação difícil, quer agora criar problema com o Brasil para sair do ostracismo e ganhar manchetes de jornais, desviando seus problemas internos, heranças de Nero, Calígula, e outros Césares devassos da Roma antiga. A decisão em congelar acordo de defesa, é no mínimo idiota como o outro ministro que levantou o problema. O Brasil deveria também radicalizar, cancelando de vez o acordo e contatando a França ou países outros do continente asiático. Pior para eles que perderiam os bilhões do Brasil. Dilma, por favor, não se afrouxe com esses comedores de macarrão. Diplomacia sim, mas sem urinar os cueiros. De vez em quando o Brasil tem que arreganhar os dentes quando preciso, para não ficar na qualidade da primeira fase de PEDRO BAIA.


CARNAGREVE (Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2011)        Em 1817 , explodia a Revolução Pernambucana, tendo como ideal a proclamaçã...

CARNAGREVE

CARNAGREVE
(Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2011)

       Em 1817, explodia a Revolução Pernambucana, tendo como ideal a proclamação da República e a elaboração de uma Constituição liberal. Entre os motivos, estava o luxo da corte pago com os impostos dos trabalhadores. Muito sangue derramado em Pernambuco. Cem anos depois, aconteceu a greve de São Paulo que passou a ser conhecida como a “Greve de 1917”. Essa foi a primeira grande greve geral da história do Brasil. Com a morte de um operário, por parte da polícia, a paralisação grevista envolveu não apenas a cidade de São Paulo, mas também outras regiões do país. O cálculo é para mais de 50 mil operários participantes da greve. Foram muitos conflitos nas ruas entre polícia e trabalhadores. A violência das autoridades fez surgir, por parte dos operários, passeatas, comícios, piquetes e barricadas. O firme movimento operário deixou o governo e os industriais assustados e que resolveram negociar. Foi assumido compromisso de não haver punições aos grevistas, caso todos voltassem normalmente ao trabalho. As concessões obtidas pela classe trabalhadora, no entanto, eram provisórias. Não havia interesse em melhorar a condição social dos trabalhadores. O último presidente mesmo, da República Velha, Washington Luís, chegou a dizer que a questão social era caso de polícia. Para os poderosos, a revolta social dos trabalhadores devia ser tratada e contida na base da violência policial.
      Nos últimos tempos, conhecemos muito bem quando a paciência do povo atingiu o seu limite. A queda do governador Suruagy foi um exemplo claro e que muitos políticos parecem ter esquecido a revolução de Maceió. Como a greve de 1917, não se pode apagar a violência policial contra grevistas nas ruas da capital sob o comando de tal “coroné” Rochinha, o pau-mandado do, então, governador, Geraldo Bulhões. Agora, com quatro anos sem reajuste salarial, a classe trabalhadora do estado alagoano, promete uma grande mobilização contra a imoralidade salarial dos nossos representantes e a seca prolongada de reajustes para os barnabés. Ninguém sabe ainda o que irá acontecer durante o movimento integrado dos trabalhadores, inclusive, policiais. Nada pode ser descartado. Uma revolta popular, quando tudo parece sob controle, pode surgir de uma simples ponta de cigarro nos entulhos. Não é à toa que lembramos a Revolução Pernambucana e a greve de 1917. Entre as cacetadas do desarvorado Rochinha e o seu amo Geraldo Bulhões e o cerco ao palácio com Suruagy, poderá surgir a Revolta de Alagoas. Toda insurreição inicia com a última gota d’água. O Carnaval será em março, mas fevereiro promete um CARNAGREVE.

BASSOURAS DE GARRANCHOS (Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2011)        Vamos convivendo nesse Brasil velho de meu Deus, entre democ...

BASSOURAS DE GARRANCHOS

BASSOURAS DE GARRANCHOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2011)

       Vamos convivendo nesse Brasil velho de meu Deus, entre democracia e absolutismo doméstico. O aumento “papai Noel” dos parlamentares vai lembrando os contos das “mil e uma noites”, envolvendo arranha-céus nova-iorquinos ou formidáveis minaretes de Bagdá. Assim os caminhos liberais revistos na Revolução Francesa, vão-se transmudando em castelos encantados, inefáveis, cromatográficos que inebriam. A teocracia emanada dos deuses espúrios comanda sem arreios os umbrais de quantidade assustadora de prefeituras. Os sucessivos escândalos no país inteiro arrastam ─ estampados nos jornais ─ todas as esferas dos poderes constituídos. Mas, enquanto a vassoura vai agindo resoluta nessa áspera missão, vem à superfície figuras saídas dos brumosos históricos e longínquas anotações.
       E para não indagar ao amigo se já ouviu falar em Zé Pelim, vamos quebrando a língua com o grego Pisístrato que governou Atenas por volta de 530 anos a.C.. Classificado como tirano realizou importantes reformas sociais. Concedeu empréstimos aos pequenos agricultores. Construiu obras públicas como canais e portos, incentivando ainda o comércio externo e a construção de navios. Psístrato apoiou realizações culturais construindo bibliotecas e incentivando a atuação de artistas, poetas e sábios. Está aí a Filosofia para explicar a lógica das coisas ou as coisas da lógica. Se esse indivíduo fez essas bondades todas há mais de quinhentos anos antes de Cristo, prefeitos do Brasil inteiro deveriam fazer muito mais, após 2.500 anos das ações de Pisístrato, concorda ou não, compadre? Tem prefeituras por aí que até as vassouras continuam como bassouras de garranchos.
       Se olharmos um pouco mais ao lado, vamos para 510 a.C., com outro indivíduo de Atenas chamado Clístenes. Sendo aristocrático, assumiu o governo de Atenas e governou de uma forma em que todos os cidadãos participavam dos assuntos da cidade-estado: a democracia. Nessa época havia a lei do ostracismo. Se uma pessoa fosse perigosa para a democracia, o povo tinha o direito de votar a favor ou contra sua expulsão da cidade por dez anos. Se fosse expulso, o excluído perdia os direitos políticos e os bens.
       Como sem passado não pode haver comparativo, vamos desenterrando figuras que podem ajudar na sintaxe da arte astuciosa, não acham? Ou os amigos continuam na inércia do “ninguém dá jeito?” O Sol de hoje será o mesmo Sol de amanhã, contudo, pela omissão dos pais, o bem-estar dos filhos talvez não seja. Depende de você, amigo leitor, continuarmos ou não nas BASSOURAS DE GARRANCHOS.