VAMOS QUEIMAR JESUS Clerisvaldo B. Chagas, 16 de maio de 2012.            Enquanto o Brasil vai dando muitas mordomias a bandid...

VAMOS QUEIMAR JESUS




Clerisvaldo B. Chagas, 16 de maio de 2012.

           Enquanto o Brasil vai dando muitas mordomias a bandidos, o cidadão trabalhador continua acuado ante a ineficiência dos três poderes. O grande filão da imprensa passou a ser casos de polícia e tragédias, antes reservados às ultimas páginas, específicas para quem gostava desses tipos de estampas. Atualmente a imprensa escrita adotou o sistema de putaria da Internet, levando para os lares à prostituição escancarada e crua. Cada dia mais pessoas procuram sair nas manchetes da baixaria, tentando a fama pelos caminhos mais tortuosos possíveis. A destruição dos lares não está cada vez mais ameaçada somente pela droga, mas também por essa forma de violência sem pudor que atinge a juventude quase sem alternativa, principalmente às crianças. Imprensa e site antes considerados sérios partem para a contribuição degradante que envergonha e desintegra. Mas retornando à bandidagem das armas, comunidades inteiras já não suportam mais a ousadia dos marginais em todos os lugares. Estamos chegando ao ponto crucial, em que o homem de bem, acossado por todos os lados, resolve formar seu próprio grupo de extermínio para limpar, pelo menos a área onde reside. Os linchamentos feitos pela população, no trânsito, na rua, nas cadeias, refletem bem o estado de ânimo que bate à porta do trabalhador. Ninguém aguenta mais a proliferação e impunidades de sequazes e o resultado poderá ser uma cruzada popular no país inteiro à caça de bandidos. É quando poderemos virar terra de ninguém.
          Na Bahia, mais de trezentas pessoas invadem a delegacia, quebram cadeados das grades através de picaretas, para arrastarem um criminoso ao meio da rua. Cabra novo, vinte e um anos, acusado pela morte de idoso de oitenta e dois. Ali, em plena via pública, o assassino não teve nenhuma chance quando a multidão resolveu tocar fogo no seu corpo. O povo de Tapiramutá fez justiça com as próprias mãos, mostrando que esse tipo de providência poderá ser seguido por outras cidades do país. Às benesses com os marginais, deixam uma forma perigosa de defesa para a multidão. Ou a Justiça endurece contra a bandidagem ou todos correremos o risco de uma reação popular violenta crescente. Os nervos das pessoas estão em frangalhos, principalmente nas grandes cidades onde ninguém escapa das investidas armadas. Para completar, lá na Bahia, o matador do idoso tinha o pomposo nome de Lucas Pio de Jesus. Vejam só! Lucas é fortuna, pio é pacato, piedoso e, Jesus, o amor em pessoa. Entretanto, a multidão nem quis saber, a origem do nome do inseto e, aos gritos clamava pela própria justiça: “VAMOS QUEIMAR JESUS!”.  




ASSIM DESENCAMINHA A HUMANIDADE Clerisvaldo B. Chagas, 15 de maio de 2012.          Quando sentimos os primeiros sintomas de uma n...

ASSIM DESENCAMINHA A HUMANIDADE


ASSIM DESENCAMINHA A HUMANIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de maio de 2012.

         Quando sentimos os primeiros sintomas de uma nova ordem mundial, berramos aqui. Acontece que os países adiantados possuem estudos profundos para o futuro através dos seus especialistas, sobre todas as áreas onde atuam o ser humano. Mesmo assim, não existe capacidade comportamental entre previsões e realidade. Os Estados Unidos, por exemplo, já previam a China como potência até o ano 2020, assim como o Brasil também chegaria lá. Mas com todas as tecnologias e inteligência não foram capazes de prever que esses acontecimentos chegariam de imediatos. Além disso, não foram capazes também de acertarem na bola de cristal que eles mesmos entrariam numa espécie de decadência financeira que chegou, continua e ninguém sabe ainda quando vai parar. O desemprego e a pobreza alastram-se pelo território do Tio Sam, baixando-lhe a soberba cerviz de derramador de sangue e de donos do mundo. De vez em quando repetimos, virando chavão, que todo império tem começo, meio e fim. É somente passar a vista na história universal para relacionar o desfile dos que galgaram os píncaros e mergulharam ao fundo.
           A velha Europa vai se debatendo entre o fogo e o espeto, deixando os banheiros de luxo e procurando as carrapateiras. Prevíamos sim a mudança radical na ordem, mas não a crise financeira, porque em se tratando de dinheiro, existe um disfarce muito grande que se inicia em qualquer família. Enquanto a quebradeira corrói por dentro, as aparências continuam, despistando os faros caninos da sociedade. Todos se perguntam no momento para onde vai a Grécia, a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e mesmo a sólida Alemanha, enfim, a Europa capitalista e aliada quase incondicional dos Estados Unidos. Mas com essa convulsão social muito perigosa que imita os duros tempos da I e II Grandes Guerras, ninguém é capaz de responder ainda essa indagação. Sabemos apenas que a fervura exagerada pode explodir a panela. A sombra do passado vai rondando o continente europeu com uma boca grande e voraz. No momento, a salvação mesmo contra o caos, ainda são os BRICs, mas também perguntamos até quando os emergentes poderão soprar nessa fervura.
          Com as agitações radicais no Oriente Médio e os vacilos de alguns países da América do Sul, cujos dirigentes ganham para cabos de vassoura, entre falácias e caudilhismos, orações apressadas sobem aos céus. Sempre restam esperanças para os viventes, mas no momento, ASSIM DESECAMINHA A HUMANIDADE.

A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2012.              Vamos retornando aos tempos de seca de D. P...

A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS


A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2012.

             Vamos retornando aos tempos de seca de D. Pedro II, das décadas de 1920-1930, do ano de 1970. Ninguém sabe quando será solucionada a questão da água e da comida no semiárido nordestino que permita o enfrentamento da seca com dignidade. Devido ao conforto citadino alcançado, a população urbana muitas vezes nem sabe o que está se passando no campo. Mas quem se afasta da cidade que tem água na torneira, salário à vontade, víveres à venda em todos os recantos, pode contemplar o sofrimento e o desespero de quem planta e cria. Quanto mais nos afastamos para o Alto Sertão, mais negra é a cara do drama que parece não ter fim. O Sol queima a terra e os vegetais brilhando num azul bonito e devastador. O solo vira um campo imenso de poeira sem grama que assusta a qualquer leigo em trânsito. Em inúmeros lugares o gado não tem abrigo, contra o Sol abrasador onde árvores peladas, cinzentas, agonizantes, viram garranchos. O boi emagrece, a vaca não dá mais leite e a maioria das reses trambeca de fome. Quem tem algum recurso manda buscar na Zona da Mata, o bagaço de cana (cujo preço se tornou proibitivo) numa tentativa quase inútil de salvar da fome o esquelético rebanho. Quem não tem como adquirir o bagaço, vai vertendo lágrima e registrando a tristeza, a impotência, a vergonha, de ser mais um filho enjeitado do Brasil.
           É verdade que muito já foi feito pelo Nordeste que conseguiu crescer em ritmo chinês, mas os caldeirões de gemidos em relação às longas estiagens não saíram do fogo e fervem no desumano. Cisternas, açudes, poços artesianos, barreiros fazem parte de medidas que auxiliam o sertanejo sedento, mas é preciso por em práticas soluções sérias, criativas eficientes e modernas que garantam o alimento para o povo e para o gado. Sabemos que em alguns países, o período sem pasto no campo durante três meses, nem boi nem gente morrem de fome e nem de sede. Por que não copiar as medidas de bons resultados? Enquanto isso vamos lendo um novo livro vivo dos Fabianos, das Baleias do romance de Graciliano ou das secas dos romances de Clerisvaldo. E como se diz por aqui, é de cortar coração, o drama do ausente inverno. Enquanto continuar morrendo pessoas e animais nesse Nordeste, não se pode dizer com certeza que o país está devidamente integrado. As mães da seca sabem como ninguém sobre a amargura desse último dia13. É resistir, mesmo entre A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS.