LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( I ) Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2012. Crônica Nº 809  ARCHIMEDES MARQUES ...

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( I )


LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( I )
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2012.
Crônica Nº 809 

ARCHIMEDES MARQUES
Alagoas, no geral, sempre foi um estado quase arredio para assunto de cangaço e para cantador repentista. Talvez, pelo gosto mais reservado para esses temas, não tenha havido repercussão por aqui do livro embargado pela Justiça “Lampião, o Mata Sete”, do juiz Pedro de Morais. Grandes repentistas e famosos livros sobre Lampião também não causam impacto nenhum no “Paraíso das Águas”, assim como já antevejo o nosso “Lampião em Alagoas”, cujo esforço está concentrado para o lançamento ainda este mês.
Embargado pela Justiça, através da família Ferreira, “Lampião, o Mata Sete”, conseguiu escapar com alguns exemplares, lidos por abnegados pesquisadores do tema cangaço. Alguns ficaram horrorizados com as baboseiras e delírios do autor (um verdadeiro Zé Limeira cantador do absurdo). Confesso que não li o citado livro que, mesmo clandestino, não circulou por essas bandas. Reagindo aos sonhos eróticos do juiz, surgiu na praça um veemente protesto comandado pelo livro antagônico “Lampião contra o Mata Sete”, do delegado de polícia, estreante na Literatura e como novo escritor do cangaço, colunista, “blogueiro” e pesquisador Archimedes Marques, no estado sergipano.
Quando o escritor atinge certa idade, reduz quase a zero a sua leitura livresca em troca das escritas frenéticas como a querer reconquistar o tempo. Pela minha parte, abri exceção para o início da frase acima, ao receber o calhamaço de 552 páginas do homem da lei Archimedes Marques. Há muito, não passando de uma leitura de 50 páginas, mergulhei no “Lampião contra o Mata Sete”, como nos velhos tempos da adolescência, lendo-o em dois dias. Sobre qualquer tipo de assunto, desde a crônica ao romance, tenho atração pelo fraseado simples, acessível, porém, mágico, burilado e criativo que faz a diferença entre o ótimo escrito da pessoa comum e o jogo atrativo de palavras e frases literárias. É assim que Archimedes consegue levar o leitor até o fim do livro como se fosse a sua linguagem a de um veterano escritor de qualquer coisa. Portanto, esse seu estilo, é um dos atrativos das páginas contra o “Mata Sete”.
Lendo o livro de Marques, não preciso mais espiar a safadeza de “Lampião, o Mata Sete”, pois as constantes citações sobre ele − apresentadas e contestadas por Archimedes − provocam náuseas desde os escritores sérios às raparigas mais fuleiras dos becos do Nordeste. O livro “Lampião contra o Mata Sete”, de Archimedes Marques, é um terremoto máximo nas pretensões do juiz aposentado Pedro de Morais.  
(continua amanhã).




  FICANDO DE CASTIGO Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2012. Crônica Nº 808 Fonte: www.globo.com Vai embora o mês de junh...

FICANDO DE CASTIGO

 FICANDO DE CASTIGO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2012.
Crônica Nº 808

Fonte: www.globo.com
Vai embora o mês de junho, com importantíssima vitória para a Venezuela. Bem diz o povo “que morre uns a bem de outros”. Protelando sempre a entrada do país setentrional no MERCOSUL, o Paraguai usava seu direito de voto, puxando às rédeas da decisão até não se sabe quando. Beneficiado pelo afastamento oficial do Paraguai, pelos demais países do bloco, o senhor Chávez tem muitas comemorações ainda pela frente, em face da inclusão do seu país como membro total do MERCOSUL. É de se ver como já disse o senador Pedro Simon, que o Chávez passa, mas a Venezuela fica. Independente do polêmico “fura penico”, Uruguai, Argentina e Brasil (fundadores do bloco do sul), só têm a ganhar com a inclusão do país vizinho do norte, fortalecendo as amarras latinas e robustecendo a Economia regional. Quando o próprio Paraguai terminar o seu lero-lero, irá notar como a América do Sul ficou mais encorpada. A Venezuela é um grande importador dos nossos produtos e não vemos nada de negativo com essa nova parceria, a não ser possíveis chateações com o camarada da boina vermelha.
Dessa vez se saiu bem a presidente da Argentina Cristina Kirchner e toda diplomacia das outras nações, inclusive as dos países ainda associados ao bloco como Chile, Bolívia, Equador e Peru. Esperamos, aliás, que  futuramente esses quatro países façam parte plenamente do MERCOSUL, assim com a Guiana e a Colômbia. Também foi bem feita a costura do Brasil para que o povo paraguaio não sofresse sanções por parte dos seus vizinhos. Um puxão forte de orelhas deve fazer muito mais efeito de que sacrificar mais ainda a população do país mais pobre da região. Apesar da reunião acontecida não ter sido mostrada amplamente pela Imprensa, não se sabe de nenhuma discórdia e nem incidente que levasse a assembleia a um fracasso. Certamente estaremos vivendo uma fase diferente sem a presença política paraguaia por longos meses que ficam mais longos ainda pela crise mundial. Já no fim da reunião, Cristina Kirchner passou a presidência do bloco para a presidenta brasileira, no revezamento democrático do conjunto.
Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo”. Na escolinha de aprendiz ainda, o Paraguai, no entendimento dos parceiros, errou a lição na cartilha Lugo-Franco. Vai perder um belo de um recreio, baixando a cabeça e FICANDO DE CASTIGO.

FOGUETES Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2012. Crônica Nº 807   A mulher me fez parar bem defronte ao museu e perguntou-me...

FOGUETES


FOGUETES
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2012.
Crônica Nº 807
 
A mulher me fez parar bem defronte ao museu e perguntou-me por que estava havendo tanto foguete na cidade. Aspecto humilde, mas demonstrando bastante vontade de conversar, quase não me deixava responder nada. “Será pelo São Pedro?” − tornava a perguntar. Eu falei calmamente que não sabia o motivo do tal foguetório. “Mas o senhor não é professor? Não é escritor? Insistia a mulher. Sim, madama, voltei a responder, porém, não sou professor para investigar o porquê dos fogos. E escritor é para escrever, não para perscrutar estouros. “Pois figue sabendo professor, que isso não é coisa de santo, não. É bem safadeza de político. Não tá no tempo? Eita povo triste, meu Deus! Eu mesmo não dou meu voto esse ano a fio da peste nenhum. Pode soltar o tanto de foguete que quiser! O senhor não é candidato não?” Não senhora. E me desculpe que estou partindo. A mulher deixava explícito que estava precisando urgentemente falar mal de alguém. Seus olhos dançavam nervosos e pareciam querer espiar os meus blindados pensamentos. Senti a pregada no ar. “Estou precisando comprar um botijão de gás e pagar as minhas contas de água e luz... Mas o senhor tem certeza mesmo de que não é candidato?
Ouvimos juntos outros espocar ali por perto. Realmente a tradição de soltar fogos em época junina, continuava, se bem que em menor quantidade. Aliás, tudo que se referia aos festejos do mês de junho havia encolhido principalmente a prática de acender fogueiras, as bombas mais robustas, a venda de comidas típicas e os forrós arretados em cada rua do interior. Somente o velho foguete, inventado no tempo em que Adão era menino, continuava em voga. Santo Antônio, São João e São Pedro precisavam dos estouros e da luminosidade daquelas varas finas com pólvora para se sentirem mais honrados ainda pelos sertanejos devotos do Nordeste. “Mas não era tempo de confissão!”, teimava a mulher. Expliquei: Não senhora, o padre está danado com esse negócio de confissão. A senhora vai se confessar? Os partidos estão fazendo as convenções e não as confissões. Todos eles usam o foguete. Mas, como à senhora não gosta de foguetes e nem vai votar em “fio da peste nenhum”, é melhor eu nem dizer quem está pagando água, luz, gás e telefone. A mulher, sentindo que ainda restava uma esperança, ficou “mordendo na corda”: “Não professor, é que todo político quer subir e a gente precisa mesmo dá uma ajudazinha a eles, não é? Eles botam um foguete no r... e a gente toca fogo, né não! Eles sobem que só a beleza!”. Na hora lembrei-me de Seu Lunga.
Bem, estou indo, eu disse. “Vai para onde?” Vou ajudar as pessoas que precisam pagar as suas contas; aproveito e vou à ponte do Urubu comprar foguetes. “Comprar foguetes? Comprar foguetes para que, se o senhor não é candidato e nem vai à confissão?”.  Perdi a paciência e respondi: É certo que não vou à convenção, os foguetes são para a senhora que eu os dou de presente. A madama vai usar cada um no mesmo lugar onde o político coloca, sabe! Na hora de tocar fogo pode me chamar que eu venho.
Não sei dizer se a irritante tagarela esperou à compra dos FOGUETES.