SÓ EM SANTANA! Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2013. Crônica Nº 1051 Até agora ninguém tomou providência alguma sobre o ...

SÓ EM SANTANA!



SÓ EM SANTANA!
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2013.
Crônica Nº 1051

Até agora ninguém tomou providência alguma sobre o desastre da Sucesso nas ruas de Santana do Ipanema. Contratada para realizar o saneamento básico da cidade, a poderosa firma (só sendo poderosa) fez o que bem quis com o calçamento em paralelepípedos de todas as ruas. Os seus trabalhadores retiraram as pedras do pavimento, colocaram os tubos no subsolo e fizeram um péssimo serviço de reposição das pedras. É bom dizer que a população toda reclamava, mas não ia às ruas como a juventude está fazendo no momento. A representação do povo nunca movimentou uma palha contra a situação que chegou até os nossos dias. Santana do Ipanema, hoje, retirando as ruas que foram asfaltadas, não presta nem para patas de cavalo. Centenas de pessoas fazem caminhadas durante os três horários, mas a maioria procura o asfalto estreito, sem faixa de pedestres. O perigo de atropelamento é constante na BR-316, trechos Centro – Barragem e Centro – UNEAL. Caso alguém resolva fugir do perigo do tráfego intenso e ganhar uma das ruas que a Sucesso revirou, ligeiro pode quebrar o pé nos milhares e milhares de ondulações e desníveis dos terrenos.
Ninguém sabe ainda o que o novo prefeito vai fazer e só existem duas alternativas. Ou refazer todo o calçamento de pedras da cidade (achamos impossível) ou asfaltá-la toda. Até agora o povo santanense comeu a bucha e a firma Sucesso saiu incólume da cidade. A responsável pelo dinheiro do povo não foi capaz de impor a sua autoridade diante dos que chegam de fora e fazem uma barbaridade dessas. Estão aí as ruas que fazem vergonha! Nem mesmo no tempo de vila com o calçamento bruto era assim. O grupo de vereadores da época cruzaram os braços e o dinheiro do povo foi pelo ralo. Dizem que os canos colocados debaixo do chão não possuem espessura suficiente para a obra de coleta. Até agora nada! Nem vereador, nem prefeito, nem Ministério Público, nem o povo às ruas. Como foi gasto o dinheiro da farsa reposição do calçamento? Não existe uma investigação? Ninguém é punido? Tudo vai ficar por isso mesmo e o esquecimento tomará conta do resto. Qual a posição do prefeito atual? E dos vereadores? Será que a Sucesso está acima do bem e do mal? E a gestora que se omitiu como é que fica? O que dizem as autoridades maiores? Enquanto isso, vamos caminhando pelas trilhas que nem para cavalo prestam. SÓ EM SANTANA!


O TAPETE VERMELHO Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2013. Crônica Nº 1050 Prossegue o mês de julho com pluviosidade pouca ...

O TAPETE VERMELHO



O TAPETE VERMELHO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2013.
Crônica Nº 1050

Prossegue o mês de julho com pluviosidade pouca e um frio de matar sapo. Passada a euforia e os problemas somados da Festa da Juventude, a ressaca da festa vai esvaziando as ruas de tantos motores endoidecidos. Diz o povo que “mês meou, mês findou”. Mal começa a morrer a filha, a mãe vai se erguendo e procurando saber o que restou para ela. É que a Festa da Juventude era um capítulo dentro da outrora maior festa religiosa do interior. Desmembrou-se e, por isso ou por aquilo, continuou atuando dentro do mesmo mês, vizinha de parede com a Festa da Padroeira. O resultado é que a Festa da Juventude cresceu tanto que virou monstro e engoliu a mãe. Duas grandes festas vizinhas não deveriam existir, mas as cabeças organizadoras ignoram as circunstâncias, o desgaste e os problemas, deixando as duas encangadas. O que restou para Senhora Santana? Prossegue o mês de julho com pluviosidade pouca e um frio de matar sapo. Os barreiros, açudes, barragens, não conseguiram captar água necessária para a longa travessia primavera/verão até as trovoadas. O mato está verde. As capoeiras rapidamente recuperaram a plenitude da vida, deixando a falsa crença que os campos estão repletos de animais selvagens de grande porte.
Diante de um inverno que imita a “seca verde”, o agricultor coloca um chapéu à cabeça, joga o currião aos ombros, emparelha os bois e vai à abertura da Festa de Senhora Santana. Talvez a força da avó do Cristo possa mover os obstáculos do clima que maltratam o camponês. Os milhares de pessoas de fora abandonaram à cidade após o farto banquete da Juventude. Senhora Santana vem ocupar o seu espaço que o filho ingrato tomou. Já se deliciaram com toda a carne do banquete e a dona de casa perdeu a sua vez. Onde estão os convivas de outras praças nesse momento? Ora, já chegaram e partiram montados em cavalos de paus de madeira nova. “Mês meou, mês findou”. A filha engoliu a mãe. As abelhas penetram na caatinga, o boi cava o chão e o sertanejo reza. É o terço da mãe de Deus, da crença nos céus, da ingratidão dos homens. Pluviosidade pouca, frio de matar sapo, coração gélido do inacreditável. E bem ali vai se aproximando agosto, o mês do desgosto, para se encaixar na incoerência humana. Puxaram o tapete vermelho da Padroeira.

O PAI DE SANTANA Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2013 Crônica Nº 1049 Poço do Juá, no rio Ipanema (autor). Com o pas...

O PAI DE SANTANA



O PAI DE SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2013
Crônica Nº 1049

Poço do Juá, no rio Ipanema (autor).
Com o passar do tempo, a população mundial vai tomando consciência de que a Natureza é coisa sagrada. Os índios do passado sabiam muito bem que a terra é mãe de todos, assim como as tribos que ainda hoje são independentes. Os índios ensinaram ao branco muitas coisas que se tornaram hábitos diários e ofereceram vários produtos para Culinária e Medicina. O respeito à Natureza, inspirador de tantos e tantos movimentos ecológicos pelo planeta, foi trazido pelos indígenas. Alguns países, grandes poluidores do mundo, principalmente, ainda relutam em fazer alguma coisa séria em favor do ambiente. Pouco a pouco, porém, a pressão geral vai encurralando os resistentes, apontando o planeta Terra como a casa de nós todos. E se a casa é de todos, assim deverá também ser a obrigação de zelar por ela. Nações, regiões, localidades, não ficam mais imunes às investidas ecológicas importadas dos diversos lugares e que despejam nas escolas. Mais hoje, mais amanhã, o entusiasmo pela preservação acontecerá em todos os recantos, trazendo grande sensação de bem-estar.
O rio periódico Ipanema teve os seus dias de glória quando abastecia cidades com suas águas salobras extraídas das cacimbas. Em Alagoas, Poço das Trincheiras, Batalha, Santana do Ipanema e cerca de mais dez povoados, foram crescidos e engordados com as águas do Ipanema que também emprestou seu nome para a maior cidade do Sertão. O “Pai de Santana” sustentou às ruas através do tempo, cujo líquido foi transportado do seu âmago para as residências, através de jumentos com ancoretas, cangalha e cabresto. A água com menor teor de salinidade era bem disputada na época com cerca de cem “botadores d’água” prestando serviço à urbe, completamente indispensáveis até 1966. O transporte da água de cacimba das areias grossas do rio, também era realizado pelas mulheres, através de potes de barro ou de latas de querosene e outras. Havia mulheres que alugavam seus ombros para o mister, a exemplo de Maria Lula, galega alta e forte (vermelha quando bebia), vasculhadora de casas e moradora de perto da antiga Perfuratriz.
Abandonado pelos seus filhos, agora que não buscam mais o seu líquido, o rio Ipanema transformou-se no receptador dos que procuram assassiná-lo de vez. Esperamos que esse movimento que ora se inicia em defesa do rio Ipanema, seja sério, permanente e alivie às dores atrozes que há muito perseguem O PAI DE SANTANA.