LAMPIÃO E CANDEEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2013. Crônica Nº 1056 O Diário de Pernambuco é quem dá a notícia ...

LAMPIÃO E CANDEEIRO



LAMPIÃO E CANDEEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2013.
Crônica Nº 1056


O Diário de Pernambuco é quem dá a notícia do falecimento do ex-cangaceiro Candeeiro. Entretanto é bom dizer que o Diário aponta Manoel Dantas Loiola como o último cangaceiro vivo. Outras reportagens pelo Brasil já deram como último cangaceiro outros personagens do bando de Lampião. Loiola, contudo, não foi o último, pois ainda resta o cangaceiro “Vinte e Cinco” que ingressou e atuou, particularmente, no grupo de Corisco. Por essa reportagem do Diário e outras sobre Candeeiro, não encontramos no homem o bandido feroz que caracterizava o componente do cangaço. Não porque o homem ao envelhecer fica com rosto de inocente, mas porque nunca ouvimos falar sobre Candeeiro em outras ações. Era um cangaceiro anônimo, ao contrário de Jararaca I e Jararaca II. Manoel Dantas Loiola, testemunho próprio, afirmava que era homem de confiança de Virgolino, em relação a dinheiro. Era como se fosse o secretário e tesoureiro do chefe. Temos a impressão também de que Candeeiro era uma pessoa, não queremos dizer delicada, para não sermos interpretados de outro modo, mas pelo menos deveria ter sido muito mais de burocracia de que de combate.
Disse Loiola, que era ele quem levava os bilhetes de Lampião aos coiteiros e a outras pessoas pedindo dinheiro. Era tão chegado a Virgolino que Maria Bonita sentia ciúmes dele. Aqui também não cabe uma interpretação dúbia. Lampião gostava dele e o mantinha como uma espécie de tesoureiro rápido, devido ao homem diferenciado, educado e sensível que o chefe encontrou. Ingressando no bando em 1937, Candeeiro também não pega os grandes combates de Lampião. Assim, sem destaque nenhum de valentia no cangaço, Candeeiro entrega-se à polícia após a hecatombe de Angicos. Vai para a prisão com mais dezesseis cangaceiros e passa dois anos por trás das grades. E assim o Diário de Pernambuco complementa:
 “Morreu nesta quarta-feira o último cangaceiro do bando de Lampião, Manoel Dantas Loiola, de 97 anos, mais conhecido como Candeeiro. Ele faleceu na madrugada de hoje no Hospital Memorial de Arcoverde onde estava internado desde a semana passada, após sofrer um derrame. O sepultamento está marcado para as 16h, no cemitério da cidade de Buíque”.
Acaba a parceria espiritual entre LAMPIÃO E CANDEEIRO.








CARNE DE GALO Clerisvaldo B. Chagas, 24/25 de julho de 2013 C rônica Nº 1055 Foto: (blogdorium). O Brasil , ultimamente, en...

CARNE DE GALO



CARNE DE GALO
Clerisvaldo B. Chagas, 24/25 de julho de 2013
Crônica Nº 1055

Foto: (blogdorium).
O Brasil, ultimamente, encheu-se de grandes notícias para o mundo. Ainda em voga àquela famosa pergunta sobre o que você quer saber primeiro, podemos definir dois enormes acontecimentos positivos e dois negativos. Entre os negativos está a morte de Djalma Santos, um dos maiores jogadores de futebol do planeta e que teve enorme destaque na seleção brasileira. Por décadas, seu nome foi lembrado como único na posição, quando esbanjava classe e segurança. Ultimamente havia sido entrevistado e mostrava ainda aspecto de uma velhice segura, saudável e tranquila. Entrevistas assim parecem adivinhar o tempo curtíssimo que rodeia a pessoa entrevistada. O esporte brasileiro e mundial perderam um atleta daqueles citados como inesquecíveis. O outro ponto desagradável que nos leva a refletir sobre o sucesso nessa existência, foi à partida do sanfoneiro, cantor e compositor Dominguinhos. Aproveitando o talento, o apoio e a onda de forró que se espalhou pelo país, o homem ganhou a mídia e as plateias, não só nordestinas, mas de todas as regiões. Como os maiores artistas forrozeiros vão desaparecendo ou ficando envelhecidos, novos ícones do forró pé de serra, deverão despontar no mercado, muito embora não seja nada fácil. Djalma Santos e Dominguinhos cumpriram as respectivas missões na terra, cada qual na área profissional desenhada pelo berço.
No lado positivo, a chegada do Papa, apesar das melhores informações sobre o seguidor de São Pedro, foi retumbante, inúmeras vezes maiores do que o previsto pelo povo católico. A euforia das multidões, mostrada, talvez, a todos os países do mundo, chegou até a causar inveja mal disfarçada de alguns jornais estrangeiros. As atitudes inteligentes e estudadas, pelo representante do Cristo, elevou-o à condição de carismático, coisa natural do ser humano que não precisa subterfúgios. E, para compensar ainda mais a perda dos dois artistas acima, à alegria de Francisco veio somar-se a raça do Atlético de Minas Gerais, conquistando a Libertadores. Noite surpreendente em que o torcedor mineiro incentivava e acreditava no seu time até o final do espetáculo. E o slogan: “Caiu no horto, é morto!”, foi incrível. Pense, cabra velho, num vascaíno emocionado! Valeu à pena varar a meia-noite para aplaudir o novo campeão da taça Libertadores das Américas. Mas o Papa mesmo já havia avisado antes, brincando com os nossos provérbios populares: “Deus é brasileiro”. Com a melhor culinária regional, dizem, tenho certeza de que todo mineiro no dia de hoje, vai respeitar CARNE DE GALO.

HOMENAGEM A ANA Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2013. Crônica Nº1054 Dia 23 de julho. Chove em Santana do Ipanema nesta ...

HOMENAGEM A ANA



HOMENAGEM A ANA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2013.
Crônica Nº1054

Dia 23 de julho. Chove em Santana do Ipanema nesta madrugada festiva da padroeira. Enquanto o Papa Francisco vai descansar da longa viagem e da calorosa recepção de ontem, no Brasil, o foguetório das seis horas espoca em céus alagoanos. Prossegue a programação tradicional do novenário, relembrando edições de esplendor e glória à dona das nossas terras. Dentro das lembranças particulares dos devotos sertanejos, a fartura dos campos é associada ao inverno salvador. Mudam-se os aspectos profanos entre o serrote do Cruzeiro e a imponente Matriz que vê os montes. A essência permanece nos corações dos que buscam paz e esperança no cruzar templário dos batentes. Prédio iluminadíssimo, vozes que se elevam, neblina que se abaixam, refletem louvores a quem atravessa às nuvens. O calendário vai armazenando histórias populares com os marcantes dias do sétimo mês. E os balões fantasmagóricos ressurgem por trás do virtual “sobrado do meio da rua”, da onda, do curre, acompanhados por foguetes e risos da meninada. Filme do tempo no centro peregrino de conquistas.
Foi há muito, quando o senhor Caiçara era sacristão do padre Bulhões. O Benedito Caiçara que matou um dos irmãos Porcino, a pedrada, e o pai do futuro Lampião, em diligência policial. O mesmo homem que se tornara, depois, auxiliar do padre, quando aconteceu. Bulhões, adoentado, foi substituído por um colega de Viçosa que amava o jogo de bozó. A nave repleta aguardava o início da missa, durante noite de Senhora Santa Ana. A hora chegava e o padre não aparecia na igreja. Mandaram o sacristão procurá-lo nas bancas de jogo que ornavam a festa. Encontrado e alertado para a hora da missa, o vigário viciado retrucou que estaria indo. Somente após três idas e voltas do sacristão, o padre de Viçosa, amante dos dados, respondeu balançando e soprando os bozós para lançá-los ao pano verde da mesinha: “Caiçara, se o povo bem soubesse o que era u’a missa celebrada por mim e auxiliada por você, não daria por ela destões furado!”.
Vai passando a nova edição de festejos à padroeira; mas os quadros da Praça e do Largo do Mercado estão registrando novas peças do folclore nordestino. A chuva compassada faz amanhecer e os pardais danam-se numa cantoria só. Hoje é descanso do Papa, hoje é mais um dia de HOMENAGEM A ANA.