OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.830 ...

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.830

FOTO: (DIVULGAÇÃO).
O coronel Delmiro Gouveia construiu por conta própria 520 km de estradas, trechos em Alagoas e Pernambuco. De Pedra a Quebrangulo, passando por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios tinha ramal Bom Conselho – Garanhuns e mais outras em Alagoas. Em Santana do Ipanema ela passava pela Rua da Poeira, Comércio, Antônio Tavares, Rua de São Pedro e Bebedouro/Maniçoba. As estradas começaram em 1911 e, no primeiro semestre de 1912, Delmiro chegava a Santana com seus automóveis. (O primeiro automóvel de Alagoas foi o do coronel). O encontro de Delmiro com o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, foi considerado o “Encontro do Século”. A feira do sábado acabou-se nesse dia com tanto matuto correndo com medo do automóvel e outros querendo conhecê-lo e até “matá-lo”, dizendo que era a besta-fera. Os carros da comitiva eram: um “Fiat”, um “Austim” maior, um “Austim” menor e mais um N.A.G. imenso.
Em 1915, fins de julho, o ministro da Agricultura Dr. José Bezerra e o governador de Alagoas, João Batista Acióli (daí o nome da antiga escola Batista Acióli, o “Bacurau”, da Rua São Pedro, em homenagem ao governador) vieram de Quebrangulo para uma visita à cachoeira. Passaram pela Pedra com três automóveis. Em meados de 1916, na qualidade de governador de Pernambuco, Manoel Borba veio em comitiva com Delmiro Gouveia e o próprio coronel Manoel Rodrigues da Rocha para a Pedra e jantaram em Santana do Ipanema no sobradão do coronel, no dia 22 de agosto.
Essa é apenas uma fração da história do Sertão alagoano que teve repercussão e influência Nacional. Mas, as nossas escolas não ensinam a História de Santana do Ipanema, produzindo gerações e gerações de ignorantes sobre a própria terra em que nasceram. Quantas e quantas vergonhas os nossos jovens passam por não saberem nada ABSOLUTAMENTE nada do nosso passado. AUTORIDADES! FAÇAM ALGUMA COISA antes que seja tarde demais. Capacitar professores sobre a história de Santana é uma necessidade. Cidade sem história é lixo.





JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1....

JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO


JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.829
LOT DE JUMENTOS. FOTO: (NÃO IDENTIFICADA)

Lembro-me bem quando era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”. O empregado analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões, cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.
Podemos transportar a problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer. Quando não acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade (analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão da Terra e da Pátria.
Nem só a honestidade faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer fazer. E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis. Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras, porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.
Continuamos vendados. Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes e Minervas.



BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO Clerisvaldo B. Chagas, 22 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.828 ...

BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO


BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.828
FOTO: (ALBERTO RUI/ASCON).
Finalmente o Alto Sertão entra numa festa esperada durante mais de 40 anos. Demagogias sucessivas e vitórias para muitos mentirosos povoaram as cabeças da população sertaneja de alma simples e muita crença. Mas o próprio homem do semiárido sempre afirmou diante das dificuldades que “tudo tem o seu dia”. E foi montado no ditado popular dos mais velhos que a rodovia BR-316 sacudiu, literalmente, a poeira e os catabios dessa eternidade de 40 anos. Assim a BR-316 desenterra a cabeça de burro fincada entre o entroncamento do povoado Carié (Alagoas) e a cidade de Inajá (Pernambuco) com cerca de 47 quilômetros de sofrimentos. Chamada por nós de “Estrada de Lampião”, por ser a escolhida pelo bandido para entrar em Alagoas vindo do estado vizinho, era margeada de bela e exuberante vegetação de caatinga.
Retomada às obras após recesso de fim de ano, apenas 03 quilômetros faltam para o término da obra que terá sete pontes com acostamentos e passeios de pedestres. É bom saber que os danos ao meio ambiente também estão sendo acompanhados para proteger o bioma tão massacrado durante décadas quando muitas espécies vegetais e animais desapareceram. A BR-316 em Alagoas, é uma longa rodovia federal que corta o estado no sentido Leste-Oeste, desde Maceió até a ponte sobre o rio Moxotó que separa os dois estados e deságua no São Francisco. O extremo oeste-norte de Alagoas é bastante seco tendo até fatia com clima desértico. Para quem quer conhecer uma beleza agreste diferente, é bastante trafegar pela BR-316 com espírito aventureiro e desbravador.
Além do escoamento da produção sertaneja, facilidade em alcançar os maiores centros e comunicações diárias com as demais cidades, a BR irá ajudar também os grandes eventos religiosos ou não há muito consolidados que motivam ampla mobilidade populacional. Como o turismo está em alta, o Sertão tem muito a oferecer como os cânions do São Francisco, histórias de cangaceiros, artes e arquiteturas sacras, festas de padroeiros e acontecimentos diversos ligados à Economia de cada município.

A conclusão da BR-316 é uma vitória alagoana sem par. E se tudo tem o seu dia, teve o dia também da “Estrada de Lampião”.