A AVENIDA DAS ELITES Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.531          A Avenida...

 

A AVENIDA DAS ELITES

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.531



         A Avenida Coronel Lucena é a principal de Santana do Ipanema. Coronel Lucena foi o comandante de um batalhão de polícia sediado na Rainha do Sertão para combater os cangaceiros. Três das suas forças volantes acabaram o cangaço no Nordeste trucidando Lampião, Maria Bonita e mais nove sequazes (1938). Lucena foi ainda prefeito de Santana, deputado e prefeito de Maceió. Acreditamos que a Avenida em sua homenagem tenha ocorrido na década de 40. Os ricos da cidade moravam espalhados pela urbe. Quando surgiu a estrada de rodagem que hoje é representada pela BR-316, a Avenida Coronel Lucena valorizou-se muito, a ponto de atrair as elites do município.

Era ali o corredor entre o Centro Comercial e a rodagem rumo ao alto Sertão e à capital Maceió. A avenida era uma espécie de galeria para os grandes espetáculos: desfilavam os primeiros automóveis, as procissões da Padroeira, as paradas escolares, as bandas de música... Via em primeira mão as novidades que chegavam da capital. Ali moravam o padre, o prefeito, o comandante, o alto fazendeiro, o médico, o advogado, o comerciante, o juiz, o promotor... Além do funcionamento de Fórum, cinema, prefeitura e cartório. As residências eram compridas e seus quintais com portões, atingiam as ruas dos fundos.

Santana progrediu, os cabeças das elites da Avenida, faleceram gradativamente e as residências, pouco a pouco foi sendo vendidas pelos descendentes e transformadas em comércio e prestadoras de serviços. Com as sucessivas vendas de terras do seu entorno, formaram-se muitos conjuntos residenciais, condomínios... Que muito ajudaram a recolher os remanescentes da via antes cobiçada. Fica a Avenida Coronel Lucena cada vez mais bonita e brilhante com tantas lojas modernas de fachadas e interiores convidativos.

O movimento na cidade triplicou e a avenida passou a funcionar com mão única. Mesmo assim, o trânsito, principalmente, pelas manhãs, mostra toda a dinamicidade de uma cidade polo. Está para ser inaugurada mais uma clínica de alto nível, justamente defronte ao Banco do Brasil. Embora várias ruas tenham movimentos impressionantes de automóveis e pedestres, a Avenida Coronel Lucena não deixa de ser a grande reveladora das novidades, transformando-se De Crisálida em Borboleta. Tiro o chapéu.

TRECHOS DIFERENTES E DOIS MOMENTOS DA AVENIDA (FOTOS: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 

  O SOLTEIRÃO DA VOLTA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.530   O rio Ipanema ...

 

O SOLTEIRÃO DA VOLTA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.530


 

O rio Ipanema entra na cidade de Santana pela periferia onde foi construída uma barragem, hoje assoreada. Ao passar pela barragem em cerca de 800 metros, faz uma volta e desce ruma ao São Francisco. Essa curva do rio sempre foi chamada “Volta do Ipanema” e que depois ficou apenas “Volta”. Atualmente a referência está em desuso e a nova geração talvez nem saiba disso. Pois bem, um dos escritores santanenses da família Monteiro, escreveu que visitou a Volta, quando rapaz e deparou-se com uma casinha solitária naquele lugar, descobrindo que era habitada por um homem solteiro chamado Satuba. Travara diálogo com ele e ficara sabendo sua vida.

Satuba contou que amava muito a uma senhorita, mas por não ser correspondido, resolvera trocar o amor à jovem pelo amor à Natureza. Viera morar ali na Volta onde era muito feliz. Tinha o Sol da manhã, o perfume das flores, o canto dos pássaros e a paisagem toda que o cercava. O futuro escritor fora embora pensando no caso de Satuba, mas não fala mais sobre ele em seus escritos. Embora o caso tenha acontecidos há muitas décadas, também fiquei curioso com a referência “Volta” naquelas páginas. Conhecendo bem o rio Ipanema, resolvi visitar a Volta dos tempos passados.

Manhã convidativa, saí pela Rua Nair Amaral, Bairro São José, chegando até a parte final da via com acesso ao rio. Contemplei o longo areal do rio seco e iniciei a travessia contemplando as craibeira novas que nasceram nas rachaduras das pedras para se tornarem as rainhas do Ipanema. Craibeira, árvore símbolo de Alagoas. Na “Volta”, não encontrei vestígio algum da casa do personagem de Monteiro. Havia apenas uma residência nova de alpendre, cujo fazendeiro aproveitara a foz do riacho Salobinho, afluente do Ipanema, onde fizera barragem, desviando a foz do riacho. Como era bem perto do Matadouro dei um pulinho até ali. Matadouro fechado não vi pelos arredores “nem um pé de pessoa” com diz o sertanejo. Sim, os pássaros estavam ali, o Sol, o mundo, mato perfumado, paisagem bucólica e bela, conferiam com as desculpas do solteiro romântico do escritor.

Não encontrei vestígios da história, mas diante do cenário ribeirinho e da ausência de humanos, compreendi perfeitamente a solidão de Satuba, o solteirão da Volta.

SEGUI PELA RUA NAIR AMARAL (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

  CARACOL Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.528   Não, não é o caracol dos se...

 

CARACOL

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:2.528


 

Não, não é o caracol dos seus cabelos, é a serra do Caracol no município de Santana do Ipanema. Estar encravada após os povoados São Félix e Óleo. Faz parte da região serrana e foi citado como marco de sesmaria no primeiro documento que se conhece sobre o nosso município. Sua denominação, ao contrário do que muita gente pensa, vem da sua forma física avistada de cima, parece com um caracol. Como quase todas as elevações da parte serrana, a serra do Caracol é bastante habitada e apresenta boa cultura frutífera, como a manga, por exemplo. Havia olhos d’água na região, inclusive, fontes da chamada água mineral.  Atualmente, o Povoado São Félix funciona como abastecedor e socorrista daquela área, cumprindo assim o seu papel de intermediário entre o campo e a cidade.

Informações dão conta de que o Óleo, quase encostado a São Félix, de quatro ou cinco casinhas e terreno esburacado de olaria, cresceu, desenvolveu, virou povoado e faz séria concorrência a São Félix, antigo povoado Quixabeira Amargosa. Ambos usam a boa política de levar benefícios para esses aglomerados que terminam de extrema utilidade para o restante dos entornos, a exemplos de escolas, postos de saúde, ambulância e investimentos particulares no pequeno comércio que caracteriza um povoado.  Quem pretende conhecer esses lugares, deixa a cidade de Santana do Ipanema pelo Bairro São Vicente, passando pelo Santuário de Nossa Senhora Guadalupe, sempre seguindo em frente até pegar uma estrada de terra que leva à serra do Caracol.

Caso o amigo ou amiga queira conhecer mais a zona rural, naquela direção, passando serras e grotas poderá chegar em ponto muito distante de inscrições rupestres no sítio Pedra Rica. Não tem tantas coisas assim, mas as inscrições que são encontradas nas abas de um grande lajeiro podem deixar qualquer pessoa satisfeita. Daí originou-se o nome do sítio Pedra Rica, pois se acreditava que as inscrições indígenas indicavam um tesouro escondido, porém a riqueza são as próprias inscrições na pedra.

Diversos pesquisadores têm chegado até ali, vindo dos mais diferentes estados, mas ficam “batendo fava” diante dos estranhos desenhos. Pode-se chegar à Pedra Rica também seguindo pela cidade e município de Dois Riachos...

Mas, primeiro beba uma água fria na serra do CARACOL.

INICIE A JORNADA PELO SANTUÁRIO DE N. S. DE GUADALUPE, NO BAIRRO SÃO VICENTE. (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).