OS BONS FILHOS Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.545   Santana do Ipanema...

 

OS BONS FILHOS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.545



 

Santana do Ipanema, desde os tempos de Povoado Freguesia, conseguiu um território muito extenso com bastante terras devolutas. Limitava-se até Águas Belas, serra do Chitroá, ribeira do Capiá e Palmeira dos Índios. Os seus limites continuaram os mesmos quando adquiriu a condição de vila. Só veio perder território, praticamente, após a metade do Século XX. Pertenciam a Santana do Ipanema e que hoje são também municípios, Ouro Branco (antigo Olho d’água do Chicão), Maravilha, Poço das Trincheiras (antigo Olho d’Água da Cruz, Olivença (antigo Capim), Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira (antigo Riacho Grande) e Dois Riachos (antigo Garcia). Todos eles, enfrentando inúmeras dificuldades, conseguiram progredir e hoje são núcleos importantes do sertão e Alto Sertão.

A vagareza do carro de boi, a firmeza do casco do burro, a paciência do jumento e a elegância do cavalo, foram substituídos pela rapidez do caminhão, do automóvel... As estradas de terra deram lugar ao asfalto, à rapidez na comunicação e à dinâmica no escoamento agrícola. Dirigindo seu próprio destino, o município emancipado tinha mais condições de lutar com seus habitantes por uma melhor condição de vida. Por outro lado, a cada separação Santana ficava desobrigada de assistir essas terras num tempo carente de recursos. Essas emancipações ocorreram quando Santana ainda possuía a maior extensão territorial dos municípios alagoanos. Todos esses municípios continuam girando em torno de Santana do Ipanema que são os seus satélites.

Na realidade os novos tempos foram lapidando os gestores municipais, quando muitos tinham o município como um feudo particular. Os coronéis foram sendo substituídos por filhos ou netos pendurados na política, estudados e modificando o modo de administrar. As críticas, os meios de comunicação foram ajudando na mentalidade nova e o marasmo de antes, começou a se movimentar e depois a correr para não se tornar obsoleto. Portanto, faz gosto se fazer uma visita a qualquer um destes municípios que antes pertenciam a Santana do Ipanema, desde o maior deles ao menor. Alguns foram mais ronceiros, porém, atualmente a luta e os objetivos são os mesmos. Uns se espelham no outros e o combate por melhores dias não para. Todos aprenderam e passaram a ser (se não já eram) bons filhos da Rainha e Capital do Sertão.

OLIVENÇA (FOTO: youtub.com).

 

  PADRE FRANCISCO CORREIA Clerisvaldo B. Chagas, 1 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.544 Após a construç...

 

PADRE FRANCISCO CORREIA

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.544




Após a construção da capela à Senhora Santana, em 1787, em terras do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e com auxílio deste, o padre Francisco José Correia de Albuquerque, Contava na ocasião com 30 anos de idade. Filho de Penedo, do Bairro Seboeiro, o padre era um visitador das extensas mangas de Alagoas e Pernambuco ao qual nosso território pertencia.

O chamado santo Padre Francisco, passou 8 anos centralizado em Santana do Ipanema. Ausentou-se com 38 anos, portanto, para atender em outros lugares.

Tempos depois, o padre Francisco retornou à Santana do Ipanema, lugar da sua predileção, contando com 55 anos.

Aqui em Sant’Anna da Ribeira do Panema, permaneceu por mais 30 anos.

Quando novamente ausentou-se de Santana contava com 85 anos. Despediu-se dos arredores conduzido em rede.

O padre Francisco José Correia de Albuquerque, faleceu em 1848, com 91 anos de idade, no sítio Casinha, em Bezerros, Pernambuco.

Muitos anos depois, aberto o seu túmulo, o corpo estava intacto e exalava cheiro de rosas por todos os arredores.

O padre fazia sermões arrebatadores, era visionário e vários milagres foram atribuídos a ele. Foi da sua parte a providência como Conselheiro, de transformar o arraial de Sant”Anna da Ribeira do Panema à condição de Povoado Freguesia com os extensos limites das suas terras. Foi ainda o primeiro pároco de Santana e mudou a feira que era realizada aos domingos para os sábados até o presente momento.

O padre já fora visto pairando sobre as águas. Em um sermão no lugar hoje Poço das Trincheiras Interrompeu o tema para anunciar a Revolução Pernambucana que se iniciara, em 1817. Certa feita, na região do São Francisco, vindo montado por uma estrada perigosa, foi abordado por assaltantes em um lugar de muitas pedras. Um deles apontou-lhe uma arma e disse que só acreditaria no que ele pregava se aquelas pedras falassem. As pedras falaram e os meliantes correram como nunca.

Muito ainda se poderia dizer sobre o Santo Padre Francisco, escrito pelo seu Biógrafo, padre Theotônio Ribeiro.

GRUPO ESCOLAR PADRE FRANCISCO CORREIA, HOMENAGEM (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  SANTANA CIDADE Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.543   Santana do Ipanema foi...

 

SANTANA CIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.543



 

Santana do Ipanema foi elevada à cidade em 31.5.1921, através da Lei N. 893. Governava o estado de Alagoas, interinamente, o padre e ex-intendente de Santana Manoel Capitulino de Carvalho, e que no momento era senador.

Santana do Ipanema, já estava completamente preparada para virar cidade. Tinha igreja, Cadeia, Correios, Escola, banda de música, coletoria, calçamento, iluminação pública através de lampiões de óleo de baleia e sobradões que atestavam o prestigio de vila em franco desenvolvimento.

 Naquela ocasião, a grande novidade foi a chegada da luz elétrica através de força motriz. Houve um convênio entre um grupo de investidores e prefeitura e foi criada a Empresa de Força e Luz que a princípio funcionou com seu grande motor alemão à Rua Barão do Rio Branco. Depois foi construído o prédio em que hoje funciona a Câmara de Vereadores para atuar com a parte técnica e administrativa da Empresa. Um ano após a emancipação, Santana do Ipanema iniciou o fornecimento dessa modalidade de luz. Era a gestão de Manoel dos Santos Leite.

Postes de madeira distribuídos pela cidade nova, recebiam energia do escurecer à meia-noite. Bem perto das 24 horas, usuários recebiam o sinal que o tempo estava se esgotando: três piscadelas apagam/acendem.

Esse sistema elétrico, durou até o ano de 1959, quando o motor, já bastante maltratado foi à exaustão.

Assim, Santana do Ipanema passou quatro anos no escuro e só veio gozar da eletricidade total bem adiante, após muitas mobilizações da sociedade. Até mesmo desfiles noturnos com velas e lanternas invadiram as ruas de Santana. Foi criada a rádio clandestina Candeeiro que em todos os dias bradava a fúria do povo santanense por falta da luz. A população somente foi atendida em 1963, com energia de Paulo Afonso (BA). Governava Alagoas o major Luiz Cavalcante, como interventor.

Quanto a água encanada só veio chegar em Santana do Ipanema no ano de 1966 captada no rio São Francisco em Belo Monte. Daí em diante, todos os ventos sopraram em seu favor e a cidade Rainha do Sertão confirmava  o seu favoritismo em ser o polo do semiárido alagoano. Já foi chamada “Terra dos Carros de Boi” e Terra do Feijão.

Orgulho em ser santanense!!!

S ANTANA CIDADE (FOTO: B. CHAGAS).