FOZ DO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.571   O final de um rio, i...

 

FOZ DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.571

 

O final de um rio, isto é, o lugar onde o rio despeja suas águas chama-se foz, barra, desembocadura, desaguadouro. Um rio pode despejar suas águas numa lagoa, no mar, em outro rio. O tipo de foz pode ser classificado basicamente em duas formas: Delta, Estuário.  Quando o rio despeja suas águas em só um canal, sem nenhum obstáculo, temos uma foz de estuário. Quando surgem vários braços ou ilhas na desembocadura, chamamos de foz tipo delta. Muitas vezes nem se diz a palavra foz, mas se vai direto ao seu tipo: “Vou viajar para o delta do rio A”.  “Cheguei ontem do estuário do rio B”. É como se alguém dissesse: “Vou tomar uma Pitú”. Ao invés de dizer: “Vou tomar uma cachaça marca Pitú”.

Assim, quem chega ao povoado Barra do Ipanema, percorre com a vista a parte lateral esquerda da sua chegada com uma pequena planície de aluvião. Ali o rio Ipanema represa quase sempre nas águas do rio São Francisco aonde desemboca. Uma ilha rasa, pequena e redonda forma-se na sua foz dividindo as águas em dois braços. Poderíamos nesse momento chamar a foz do rio Ipanema de delta, porém, cremos que em situação de cheia forte, as águas façam desaparecer a ilha de aluvião, deixando apenas o estuário. Entretanto, logo na foz do Ipanema, mas já pertencente ao rio São Francisco, surge o morro do Prazeres com a igreja antiga no topo, também com o título de Nossa Senhora dos Prazeres. Lugar de muito significado para os habitantes de Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, Batalha e zona rural de Olivença e Major Izidoro.

O povoado Barra do Ipanema com cerca de 600 anos de existência, já foi entreposto do São Francisco. Era ponto de encontro importante de aventureiros, expedicionários e sertanistas. Está situado no atual município de Belo Monte que recentemente ganhou asfalto de Batalha até à sede. Da bifurcação à barra a distância gira em torno de três quilômetros de estrada larga, boa e de terra. Muitos empreendimentos que acontecem em foz de rio no mundo inteiro, levam em conta os tipos delta ou estuário. Temos um livro ainda inédito que descreve o lugar, sua geografia, história, sociologia, economia e turismo, a quem dei o título de “Barra do Ipanema, um Povoado Alagoano”.

Louvemos a nossa história!...

FOZ DO RIO IPANEMA (FOTO: CLERINE CHAGAS).

  FINALMENTE O BOI VAI BERRAR Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2021 Escritor Símbolo do Sert]ao Alagoano Crônica: 2.570   Por fa...

 

FINALMENTE O BOI VAI BERRAR

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2021

Escritor Símbolo do Sert]ao Alagoano

Crônica: 2.570


 

Por falta de condições, inúmeros abatedouros de bovinos foram fechados em cidades alagoanas. Isso já faz bastante tempo. Estamos mandando abater as nossas reses em Arapiraca com o nosso antigo e obsoleto matadouro localizado às margens do Ipanema sem atividade. O governo estadual elaborou um plano de construir matadouros regionais para atender com presteza cada uma das regiões de forma mais moderna possível. Pois bem, tudo indica que chegou a vez de Santana do Ipanema que tem mais de 200 homens na atividade de marchante. Foi divulgado que o governo estadual e municipal, estão entrando em parceria e que logo o novo terreno do matadouro será visitado pelo IMA e ADEAL para avaliação do projeto.

Santana do Ipanema ganhará assim um presente dos céus. Além da companhia que irá administrar o órgão, a sociedade terá um lucro extraordinário em relação a Saúde, deixando de consumir carne desclassificada. Pensem quando tudo tiver pronto (essas coisas são demoradas) os milhões e milhões que circularão todas as semanas em nossa cidade! Criadores, boiadeiros, marchantes, transporte de gado e tantos e tantos empregos que serão assistidos no entorno da atividade. Dizem que a capacidade é para se abater até 200 reses/dia. É o comércio da carne, do couro, dos ossos... Até porque “do boi não se perde nem o berro”. O seu regionalismo abrange as cidades do Médio Sertão e a Bacia Leiteira, o que se vislumbra como “negócio da China”.

Valeu o período de sacrifício para os que vivem do gado e para a população que procura consumir produtos frescos e seguros para   a firmeza da saúde do município. Enquanto o território de Dois Riachos continuará dando seus espetáculos de feiras de bovinos, nós trilharemos pela senda do abatedouro, do frigorífico, do movimento sertanejo que não para nunca. Outra oportunidade dessa para alavancar mais ainda o município, somente quando a prefeita resolver trazer uma faculdade de Medicina para Santana, pública ou particular.

Estamos atentos às coisas que dão futuro à “Terra de Senhora Santana”.

E o melhor é que todos nos acompanharão nesse futuro.

UM DOS ASPECTOS DO CENTRO COMERCIAL DE SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS).

  NOSTALGIA Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.569   Além da frieza do mês de ...

 

NOSTALGIA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.569



 

Além da frieza do mês de julho, a pandemia vai deixando tudo diferente em algumas ruas. Enquanto na Pedro Brandão, o trânsito virou uma loucura, a nossa Rua José Soares Campos, parece nem existir no mapa do mundo, ou existir sozinha, tal a sua quietude. Madrugada ainda, pássaros cortam os ares fazendo alarido, a exemplos de espanta-boiadas e marrecas. Vão em busca de açudes, lagoas e riachos louvando a escuridão que precede o amanhecer. As quatro e quinze, ainda no escuro, as lideranças dos pardais vão acordando seus companheiros num chilrear compassado e irritante. As luzes diurnas ainda não saíram quando se ouve o canto da rolinha branca. Nem sabemos se a ave é de cativeiro! Mas esse canto mais saudoso que se conhece chama a atenção.

Uuuu.Uuuu... Arrulha a rola branca em algum lugar dos arredores. Ainda não apareceu por aqui, a rolinha fogo-pagou, a rolinha azul e caldo de feijão. Mas a rolinha branca estará na fiação da rua mais tarde, visitando as pedras do calçamento. E quando a luz diurna chega à rua, trata de dissipar a neblina que botam os gatos para correr. Fon-fon-fon, a buzina do pãozeiro vai cortando a manhã. Sim, ainda temos pãozeiro itinerante, vida inteligente tentando assegurar o café. As sete e meia passa o que virou tradição de um ano para cá, o carro do ovo, gritando 30 ovos por 15 reais e, às oito e meia, buzina a moto do leiteiro com o som estridente de Mercedes Benz. Após a obrigação cotidiana da rua, tudo vira silêncio e raro ruído se ouve como o longínquo martelar em alguma coisa.

É a rua do Posto São José, cujo movimento acontece dentro da unidade, talvez pela frieza do tempo complicado com a COVIDID. Passa das dez horas e, ao se abrir o portão, nem um pé de pessoa na via, nem um sapo na sarjeta, nem um gato no calçamento, nas árvores, nas portas. O parecer por essas bandas, é um convite às orações de que tem fé, para tentar uma melhoria no mundo. Às vezes, nem sempre, um nosso amigo professor e cantor ensaia em casa deixando as melodias engancharem-se nas árvores da rua. Isso faz a Natureza caprichar mais ainda no saudosismo que não perde tempo.

Melancolia!

Fim de mundo, gente!

RUA JOSÉ SOARES CAMPOS (FOTO B. CHAGAS).