A FILA DO FEIJÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 13.10.2009) Fazia bastante tempo que Santana do Ipanema não demonstrava manifestações sobre o noss...

A FILA DO FEIJÂO

A FILA DO FEIJÃO
(Clerisvaldo B. Chagas. 13.10.2009)

Fazia bastante tempo que Santana do Ipanema não demonstrava manifestações sobre o nosso feijão de cada dia. Nenhum site da cidade registrou a fila enorme de caminhões carregados de feijão que tomou conta da BR-316, trecho: entroncamento urbano Maracanã—armazém da CIDAL. Estão ali ainda, durante dias, aguardando a vez do armazenamento. Antes, víamos naquelas imediações, somente filas e mais filas de caminhões pipas vindos de todas as cidades do sertão. Com o ano de chuvas bem distribuídas de 2009, ora chovendo, hora fazendo sol, foi permitido ao sertanejo arrancar da terra uma ótima safra de feijão, prato da culinária brasileira. É pena mesmo não se vê uma única foto em qualquer meio de comunicação santanense, mostrando a beleza da fartura sertaneja. De qualquer modo, sentimos alegria em relembrar os velhos tempos em que éramos campeões na produção desse alimento básico. A fila que se prolonga, os carros que passam horas aguardando a vez do desembarque, em nada atrapalham o movimento normal do trânsito no Bairro Camoxinga. Também não embaraçam os que se deslocam para outras cidades do sertão como Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, Canapi ou mesmo Mata Grande. Isso faz lembrar os áureos tempos da “Festa do Feijão”, comemorada em nosso município, quando atingimos dimensão nacional.
Dizem os nutricionistas que a melhor refeição ainda é o feijão com arroz, salada e bife. Ainda bem, para nós pouco importa o motivo, estamos novamente a contemplar a movimentação do progresso agrícola pelas ruas da cidade. E se a nossa vizinha, Senador Rui Palmeira, resolveu reviver a Festa do Feijão — à semelhança de Santana — parabéns para ela. Senador Rui Palmeira, a antiga Riacho Grande, sempre foi a grande fornecedora de feijão para Santana do Ipanema e para o Brasil inteiro. Mesmo situada no alto sertão, suas terras são apropriadas para o plantio. No passado, o município de Rui Palmeira chegou a rivalizar com Santana e vivia, durante as safras, abarrotadas de carretas do país inteiro em busca do feijão. A feira passou a igualar-se a de Santana do Ipanema e, o comércio de cereais da “Rainha do Sertão”, faltou pouco para perder a liderança do ramo.
Além do simples movimento do produto e dos inúmeros eventos, as atrações dos festejos, contribuem com enorme quantidade de visitantes, que alem de abrilhantarem a festa, vão semeando o real pela cidade inteira. O sertão tem que mostrar que não estar morto. Se as fileiras de caminhões tivessem tido o acompanhamento da mídia local, por certo novamente Santana seria lembrada nacionalmente como aconteceu com o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Enquanto isso o Bairro Camoxinga, desmembrado em São José, vai recebendo as cargas desses profissionais do volante que às vezes cochilam na fila enquanto aguardam a vez de penetrarem no enorme armazém da CIDAL. E nós que passamos por ali todos os dias, vamos abençoando com o fundo dos nossos mais nobres sentimentos a grande FILA DO FEIJÃO.


NOTÍCIA BOA (Clerisvaldo B. Chagas. 12.09.2009) Finalmente “ depois de longo e tenebroso inverno”, surge uma notícia alvissareira ...

NOTÍCIA BOA

NOTÍCIA BOA

(Clerisvaldo B. Chagas. 12.09.2009)

Finalmentedepois de longo e tenebroso inverno”, surge uma notícia alvissareira em termos de Alagoas. Diante de décadas na mídia sobre violência, caos na saúde, greve na educação, não pagamento de impostos de usineiros, fugas de indústria do estado e noticiazinhas de receitas de bolos, é para não acreditar no que saiu na Gazetaweb e no Tudonahora, do último sábado. Segundo os portais, será construído em Alagoas o maior estaleiro das Américas, no litoral sul do estado precisamente no Pontal de Coruripe. Naquele local, ainda segundo as fontes acima, será utilizada uma área de 2 milhões de metros quadrados, quando serão beneficiadas cerca de cem mil pessoas. O estaleiro chamado EISA ALAGOAS S.A., compõe o grupo Synergy e dele faz parte o empresário boliviano, presidente do grupo e radicado no Brasil, German Efromovich. Informam ainda às reportagens que o maior estaleiro das Américas terá início ainda no primeiro trimestre de 2010 e irá empregar 4,5 mil pessoas diretas e cerca de 20 mil indiretamente. O primeiro navio totalmente construído em Alagoas deverá ficar pronto em 2013. O estaleiro, além de navios, fabricará também plataformas, entrando definitivamente no circuito de exploração complexo do pré-sal.

Quem conhece a belíssima região do Pontal de Coruripe, onde as pessoas vivem da pesca e do artesanato, não pode deixar de ficar satisfeita com a notícia bombástica trazida pelos portais. Balneário famoso, lugar de descanso de empresários alagoanos e de muita natureza, o Pontal tem em suas imediações outros povoados conhecidos. Assim apontamos Lagoa do Pau, Miaí de Baixo, Miaí de Cima e o célebre Pontal do Peba, região de foz do rio São Francisco, santuário ecológico e lugar de muitas dunas e desovas das tartarugas marinhas. As regiões citadas são verdadeiros paraísos que surgem como paisagens mais belas do mundo.

Como já se fala que em relação ao ambiente, tudo já está em ordem, aguardemos a continuação dos acontecimentos. Primeiro, se for mesmo verdade que será o maior estaleiro das Américas, não somente a região de Coruripe sofrerá um gigantesco surto de desenvolvimento, como Alagoas num todo. Caso o “Cana do Profeta” seja concluído no alto, médio sertão e agreste, e o estaleiro comece a trabalhar no litoral (mesmo com a grande rejeição do atual governo), este poderá dar uma guinada histórica nas próximas eleições do estado. Tanto o caso do estaleiro quanto o canal, não são coisas de brincadeiras. Constituem as mais altas esferas da seriedade. Pode ser que a partir de agora, Deus tenha realmente tido pena do longo cativeiro a que o povo alagoano foi submetido há décadas e tenha resolvido libertar esses caetés da submissão dos “senhores de engenhos” e dos coronéis que sumiram com esse estado. Nossos avós, nossos pais, nós e nosso filhos, cansados de notícias dos cocares das tribos, talvez comecemos a ouvir os sons dos ocos tambores do progresso nas selvas. Coloquem para funcionar agora o hospital geral de Santana do Ipanema, tragam para a nossa cidade o Curso de Medicina e complementem — senhores caciques — a raridade da NOTÍCIA BOA.

A CUECA DO ENEM (Clerisvaldo B. Chagas. 9.10.2009) Querendo discutir o que é uma cueca, de onde veio ou quem a fez, gastaríamos...

A CUECA DO ENEM

A CUECA DO ENEM

(Clerisvaldo B. Chagas. 9.10.2009)

Querendo discutir o que é uma cueca, de onde veio ou quem a fez, gastaríamos uma noite inteira antes que encerrássemos a discussão. Para alguns, o homem das cavernas que viveu há sete mil anos, já usava uma espécie de toga que poderia ter sido a precursora da cueca. Para outros, esse pedaço de pano teria surgido no século XII, quando os guerreiros usavam um tipo de tecido por causa dos arranhões das armaduras. Segundo mostram os filmes, os egípcios usavam um tecido fino de fibra vegetal que seriam as primeiras manifestações das atuais cuecas. Quando assistimos aos filmes romanos antigos, notamos panos por baixo dos saiotes dos soldados e, mesmo nas películas sobre a Palestina, vimos aquelas tiras de panos em forma de “X”, como a que representa o Cristo Crucificado.

Naturalmente a cueca, assim com a calcinha e o sutiã, foi tornando-se peça cada vez mais sofisticada, de tecido, de lona, de algodão de sede, de quase nada. Tem gente que nem usa essas coisas por achar objetos inúteis. Quando reclamamos certa feita de que Fulano estava com a calça rasgada atrás, ele nem se abalou. Indagou apenas: Para que é que eu uso cueca? Uns usam-nas por necessidade, outros para ficarem sex. E outro ainda não usa cueca para não gastar dinheiro; porque incomoda; porque fica no osso como cavalo de índio.

O certo, porém, é que a cueca, de uma maneira ou de outra, sempre serviu para alguma coisa. Depois de ter enfrentado esse tempo todo da história, surge agora como peça chave utilitária da corrupção. Sim, meus amigos, após cobrir as genitálias, a pequena peça entra na sofisticada “máfia” do Senado e do Enem. Não sabemos ainda se os dólares encontrados na cueca — pelo cheiro característico por onde passou — passaram a valer mais ou menos, no comércio interno e externo. As notas do Enem, também não sabem, até porque a tramóia foi descoberta a tempo. Caso o aluno soubesse que tinha sido reprovado poderia questionar: mas o cheiro ativo do lugar por onde passou a prova não me deixou respirar. Como poderia ter tirado nota melhor? E assim, ficando na memória dos povos como simples peça de pano, a cueca se especializa na criatividade brasileira que vai exportando para o mundo outras prestações de serviços. Antigamente as mulheres jogavam as coisas mais leves no sutiã, como bilhetes e dinheiro. Agora os homens vencem com dólares, cadernos do Enem e celulares para presídios. Está faltando muito pouco para que a cueca seja decretada peça fundamental da república brasileira. Por outro lado, aproveitando o prestígio e a organização, talvez o MST também saia às ruas defendendo a cueca como peça chave nacional. Cuecas verdes, amarelas, azuis, desbotadas, fubentas, fuleiras, esculhambadas, continuando assim, poderão formar até o símbolo das olimpíadas 2016. Quem diria! Pano saído das cozinhas nordestinas para as sofisticações do Enem, do Senado...

Eu mato, eu mato

Quem roubou minha cueca

pra fazer pano de prato...”

Cruz Credo! Cabia um caderno NA CUECA DO ENEM!