segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A FILA DO FEIJÂO

A FILA DO FEIJÃO
(Clerisvaldo B. Chagas. 13.10.2009)

Fazia bastante tempo que Santana do Ipanema não demonstrava manifestações sobre o nosso feijão de cada dia. Nenhum site da cidade registrou a fila enorme de caminhões carregados de feijão que tomou conta da BR-316, trecho: entroncamento urbano Maracanã—armazém da CIDAL. Estão ali ainda, durante dias, aguardando a vez do armazenamento. Antes, víamos naquelas imediações, somente filas e mais filas de caminhões pipas vindos de todas as cidades do sertão. Com o ano de chuvas bem distribuídas de 2009, ora chovendo, hora fazendo sol, foi permitido ao sertanejo arrancar da terra uma ótima safra de feijão, prato da culinária brasileira. É pena mesmo não se vê uma única foto em qualquer meio de comunicação santanense, mostrando a beleza da fartura sertaneja. De qualquer modo, sentimos alegria em relembrar os velhos tempos em que éramos campeões na produção desse alimento básico. A fila que se prolonga, os carros que passam horas aguardando a vez do desembarque, em nada atrapalham o movimento normal do trânsito no Bairro Camoxinga. Também não embaraçam os que se deslocam para outras cidades do sertão como Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, Canapi ou mesmo Mata Grande. Isso faz lembrar os áureos tempos da “Festa do Feijão”, comemorada em nosso município, quando atingimos dimensão nacional.
Dizem os nutricionistas que a melhor refeição ainda é o feijão com arroz, salada e bife. Ainda bem, para nós pouco importa o motivo, estamos novamente a contemplar a movimentação do progresso agrícola pelas ruas da cidade. E se a nossa vizinha, Senador Rui Palmeira, resolveu reviver a Festa do Feijão — à semelhança de Santana — parabéns para ela. Senador Rui Palmeira, a antiga Riacho Grande, sempre foi a grande fornecedora de feijão para Santana do Ipanema e para o Brasil inteiro. Mesmo situada no alto sertão, suas terras são apropriadas para o plantio. No passado, o município de Rui Palmeira chegou a rivalizar com Santana e vivia, durante as safras, abarrotadas de carretas do país inteiro em busca do feijão. A feira passou a igualar-se a de Santana do Ipanema e, o comércio de cereais da “Rainha do Sertão”, faltou pouco para perder a liderança do ramo.
Além do simples movimento do produto e dos inúmeros eventos, as atrações dos festejos, contribuem com enorme quantidade de visitantes, que alem de abrilhantarem a festa, vão semeando o real pela cidade inteira. O sertão tem que mostrar que não estar morto. Se as fileiras de caminhões tivessem tido o acompanhamento da mídia local, por certo novamente Santana seria lembrada nacionalmente como aconteceu com o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Enquanto isso o Bairro Camoxinga, desmembrado em São José, vai recebendo as cargas desses profissionais do volante que às vezes cochilam na fila enquanto aguardam a vez de penetrarem no enorme armazém da CIDAL. E nós que passamos por ali todos os dias, vamos abençoando com o fundo dos nossos mais nobres sentimentos a grande FILA DO FEIJÃO.



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