PONTE, PASSARELA, VIADUTOS Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.683   Novamen...

 

PONTE, PASSARELA, VIADUTOS

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.683



 

Novamente viemos bater na tecla de pontes em Santana. Na década de 60, o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques conseguiu uma ponte para o rio Ipanema, através do, então, governador João Batista Tubino. Após estudos do melhor local, optaram pela região do Comércio onde foi construída em 1969; contrariando a vontade do povo que preferia a ponte sobre o rio, na região antigamente chamada Minuíno ou região das olarias, antiga estrada para Olho d’Água das Flores, pelo Bairro São Pedro. Com a ponte, a margem direita do Ipanema, antes desabitada, hoje é dona dos bairros: Domingos Acácio, Paulo Ferreira, Santa Quitéria, Santo Antônio e Isnaldo Bulhões. O que não faz uma ponte!

Passados os mais de 30 anos, uma nova ponte no Minuíno é necessária. É necessária para desenvolver diretamente os bairros São Pedro, Santa Quitéria, Isnaldo Bulhões e Santo Antônio e no geral, auxiliar a mobilidade urbana e Santana do Ipanema. Ver o exemplo acima. Além disso, o rio que atravessa toda à cidade Oeste-Leste, necessita também uma outra ponte ligando diretamente a Avenida Castelo Branco – Bairro São José – às imediações do Hospital da Cajarana. No mínimo, uma passarela que evitaria cerca de 6 km de rodeio e aliviaria o trânsito pela ponte do Comércio. Viadutos curtos e longos são necessários em regiões de sufoco desta cidade ladeirosa. Temos que formar estruturas urbanas para hoje e para o futuro. Não podemos ficar só no feijão com arroz. Muito já foi feito, muito se tem a fazer.

Quando será construído um anel viário no Maracanã? Aqui não existem críticas à gestão municipal, porém, sugestões arrojadas para a realidade de Santana século XXI. Uma faculdade de Medicina continua a ser o sonho da cereja do bolo, mas é tão difícil assim? As aspirações santanenses por uma ponte no Minuíno – hoje com o nome de Passagem Molhada – é uma aspiração legítima em que a verba federal faria isso num piscar de olhos. Ali funcionavam as três olarias que ajudaram no crescimento urbano: de Zé Cirilo, de Eduardo Rita e de Seu Piduca. Aliás aquela parte da cidade bem que deveria ser chamada de Bairro Olarias, como no Rio de Janeiro, justa homenagem à tradição e seus heróis.

Construir pontes é erguer ideais.

RIO IPANEMA NA REGIÃO DAS OLARIAS (FOTO: JEANE CHAGAS)

  POU-POU-TÁ-TÁ... BUM! Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.682 As festas mais...

 

POU-POU-TÁ-TÁ... BUM!

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.682



As festas mais antigas da padroeira de Santana do Ipanema tinham um alto padrão de festejos que os tempos atuais não conseguem. Considerada a maior festa religiosa de Alagoas, era repleta de atrativos sacros e profanos que faziam da terra um paraíso. De Penedo vinham cantoras famosas para o coral da Igreja e banda de música. Na praça central, foguetório, balão, barco de fogo, estandarte aberto com fogos, banda de música, parque de diversão e uma infinidade de bancas defronte a Matriz, no Largo da Feira, a se estender pelas ruas José Américo e Tertuliano Nepomuceno. Os balões flutuavam a partir dos fundos do “sobrado do meio da rua” (“Casa A Triunfante” de José e depois Manoel Constantino). Já o foguetório acontecia a partir do Beco de São Sebastião, ao lado da sua igrejinha.

Antes da banda de música do maestro Miguel Bulhões, anos 60, 70, e que tocava tanto fora da igreja, quanto dentro, havia um fogueteiro famoso e muito querido pelo povo, mas não vem à memória o nome dele. Faleceu. Passou uns tempos sendo substituído nos preparativos e fogos da igreja, através do moreno Manoel Domingos que também ajudava nas missas. Depois surgiu o fogueteiro Zuza, principal personagem nesta crônica. O fogueteiro era importante porque raramente aparecia fogos de indústria. O fogueteiro do interior fazia tudo: foguete normal, foguetão, foguete de lágrimas e bombas de todas as espécies. A maior bomba não era atômica, mas só era lançada   bem longe da cidade, no rio Ipanema. Abalava tudo.

Zuza fogueteiro surgiu do nada. Aos poucos conquistou todo o povo santanense. Branco, forte (quase gordo) só andava sem camisa. Paciente e educado, morava numa esquina da rua Tertuliano Nepomuceno, onde fabricava seus artefatos. Podemos dizer que a última banda de música de Santana do Ipanema foi a do senhor Miguel Bulhões (seu filho Ivaldo herdou, mas durou pouco). E o último fogueteiro da terrinha foi o carismático Zuza Fogueteiro. Em se tratando de fogos, deixava a festa da Padroeira sempre na vanguarda. Quanto ao beco de São Sebastião, deva acesso à Rua Prof. Enéas, por trás do comércio, e ao rio Ipanema. Devido à multidão, era dali de onde ganhava asas os foguetes de Senhora Santana.

Deus o proteja e guarde por onde se encontrar.

·         O título da crônica refere-se ao foguetório do Zuza.

COMÉRCIO ATUAL DE SANTANA (FOTO: B. Chagas)

 

  MANDIOCA Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.681   Passeando pelos campos en...

 

MANDIOCA

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.681


 

Passeando pelos campos encontramos uma pequena roça de mandioca, o que indica persistência de certo agricultor. Para quem aprecia a zona rural, a paisagem de um roçado qualquer é sempre gratificante, porém, existem muitas coisas de ordem pessoal no olhar. Não deixamos de registrar as roças que chamam mais atenção pela beleza das plantas em estágio avançado. Ver uma roça de milho bonecando faz parte da beleza exuberante da planta. Uma roça de milho é belíssima, com seus frutos ou mesmo ainda sem eles, foi o que sempre acusou o nosso olhar durante tanto tempo de vida sertaneja. Outro plantio que sempre nos chamou a atenção também pela beleza e elegância, foi o pé de mandioca.  Sua folhagem completamente diferente, rendada, é de uma beleza única nos roçados.

 Realça a elegância da planta, o espaçamento dirigido pelo agricultor e a limpeza da roça em questão. Você contempla ao mesmo tempo a planta e a terra trabalhada. E por ser um plantio de baixo porte, dá para vê muito bem a Natureza e a interferência do homem. Em nossa opinião, nem uma roça “plantation” de algodão supera a planta ajardinada da mandioca. Esse produto sempre fez parte do tripé da agricultura de roça do sertão: feijão, milho e mandioca. Sempre foi a tradição sertaneja e que vem rareando sua existência e crescendo esse mesmo cultivo na região de Agreste. Lembra-me que quando os incentivos governamentais chegaram ao sertão com as construções de modernas casas-de-farinha, houve a coincidência de queda gradativa desse produto;

Nem toda terra serve para o cultivo da mandioca. Talvez tenha sido isso que influenciou no desestímulo ou até mesmo o preço não compensativo. Mas, falar da mandioca em geral é entrar numa vasta literatura de páginas sem fim. Seu histórico, seus benefícios para a saúde, sua diversidade na indústria e sua aceitação em todos os recantos do País. Ainda tem a parte chula dos engraçadinhos de plantão. Entretanto, queríamos apenas expressar a beleza da planta que infelizmente não serve para jardim doméstico, embora seja ajardinada. De qualquer maneira afastamos o estresse citadino do cotidiano e voltamos de pulmões limpos e leveza na alma, após cenário verde e calmante do campo.

Os indígenas estavam certos.

MANDIOCAL (FOTO G1).