segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 

A CRAIBEIRA DA SAUDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.401

CRAIBEIRA FLORIDA AO FUNDO DA IMAGEM. (F. B. CHAGAS).
 

Do serrote do Cruzeiro percebe-se a intensidade arbórea nos quintais de Santana do Ipanema. A arborização das ruas parece se esconder diante do jardim que se forma visto do alto. E fomos buscar de longe a florada representativa da craibeira da Escola Professora Helena Braga das Chagas. Árvore símbolo de Alagoas, a craibeira já começou a se ornamentar para o período natalino. Sua madeira de lei produz cachos de flores amarelas que muito combinam com o belo verde da folhagem. E aquela imponente árvore de vinte metros de altura sabe muito bem ornamentar a nossa cidade como rainha do bairro São José. No final do ano despeja suas sementes nos arredores que vêm em invólucro semelhante ao fármaco band-aid. Sua madeira faz a base do carro de boi dos nossos sertões.

Antes da construção da escola Helena Braga, havia uma craibeira centenária no local, testemunha da estrada construída pelo coronel Delmiro Gouveia, ao passar por aquele trecho. A craibeira atual que chama atenção de longe da Avenida Castelo Branco, foi germinada já com a escola funcionando há mais de trinta anos. Descobrimos que foi plantada pelo senhor conhecido como João Boêmio, esposo de professora da própria unidade. Chegamos a planejar uma festa para homenagear seu semeador: placa na árvore com nome popular e científico, corpo discente e docente reunidos, autoridades e cantos para deflagrarmos no dia da árvore. Mas como sempre surgem os imprevistos, a citada escola voltou à pertencer ao município como era antes.

Direção e professores foram designados para outras escolas e até a biblioteca organizada com muito sacrifício e amor, teve seu acervo removido para a Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira. O projeto da homenagem se desfez, tanto para a rainha da flora quanto para quem a plantou. Seria uma surpresa para o senhor João Boêmio e que agora pedimos desculpas pela frustração. Muito rara a lembrança de quem fez o benefício após 30 anos, com a nova geração.

Não sabemos até quando viverá a nossa querida craibeira, ou morrerá de velhice ou vítima de novo machado como foi a sua antecedente centenária. Continuamos agradecendo ao senhor João Boêmio pelo presente que orna o nosso Bairro. Matamos a saudade da escola em horas contemplativas por cima dos quintais.

Craibeira florida ao fundo da imagem. (Foto: B. Chagas).

 


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