segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

AS SEMENTES

AS SEMENTES
(Clerisvaldo B. Chagas, 28 de fevereiro de 2011)

Toda pessoa tem missão a cumprir na Terra. Ninguém veio para esse Planeta apenas para dormir e comer. Cada profissional, sendo honesto, está fazendo parte dos planos de Deus. É que as incontáveis profissões espalhadas pelo mundo em diferentes épocas terminam fazendo um todo como qualquer quebra-cabeça, objeto comprado para entretenimento. Por isso é importante que cada indivíduo procure fazer o melhor possível dentro do seu trabalho por grandioso ou humilde que esse trabalho seja.  Fazer propositadamente péssimo o que lhe foi confiado desagrada ao dono do trabalho terreno, tanto quanto ao dono superior. Quando não ligamos muito para o nosso desempenho, nos assemelhamos ao homem que tem excelentes roupas, mas se traja como mendigo. Não tem mérito no trajar, nem no pedir. Dizer que é mal remunerado e fazer trabalho sujo, tentando justificar-se, é estar sem norte algum como uma boia ao sabor das ondas.
A Bíblia em geral, com seus evangelhos (sem nenhum fanatismo) representa a ciência da vida. Por mais que o homem seja versado nos mais diversos saberes, tem que possuir o que ensina a viver. Isso faz lembrar a parábola das sementes, segundo o Mestre. Um agricultor saiu a semear o trigo. Algumas sementes caíram no caminho. Os pássaros desceram e as comeram. Outras sementes caíram em lugar pedregoso.  O trigo brotou, subiu, mas como havia mais pedra do que areia, ele logo murchou e morreu. Mais outras sementes caíram onde havia muitos espinheiros.  Pelos espinhos foram sufocadas durante o crescimento e morreram. E os grãos restantes, tendo encontrado solo bom e trabalhado, teve grande êxito em plantio e desenvolvimento. O próprio Jesus explica as quatro situações das sementes. O terreno é a nossa alma, o nosso espírito. Na primeira situação, recebemos as boas palavras, os bons encaminhamentos, mas logo vêm os maldosos encarnados e desencarnados e os arrebatam. No segundo exemplo, são os nossos primeiros entusiasmos a seguir os bons e seguros conselhos, mas somos tentados pelos que zombam da situação (das mais diferentes maneiras) e nós terminamos acanhados e abandonamos as boas causas. Já o caso dos espinheiros, estes são os embaraços da vida como luxo, riqueza, luxúria e outras atrações que desviam a palavra divina, fazendo com que a pessoa troque seu Deus pelas coisas chamadas vaidades, diz o livro sagrado. Quanto à quarta semeadura, é a do terreno fértil e preparado daqueles que, mesmo com seus defeitos, estão sempre e sempre dispostos a seguir em frente, praticando o bem em qualquer lugar onde estejam. São as pessoas iluminadas que, muitas vezes são humildes e confundidas com os mais variados adjetivos.
Todas as formas de violência que estamos vivendo, com certeza não são originárias da quarta semeadura.  E mesmo para os terrenos preparados e férteis, é necessário observar a qualidade das SEMENTES.


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sábado, 26 de fevereiro de 2011

NOS BICOS DOS SEIOS

NOS BICOS DOS SEIOS
(Clerisvaldo B. Chagas)
26/27 de fevereiro de 2011

Vou chegando de solo resistente
Mesclado em fulni-ô pankararus
De altivos reais mandacarus
Do veneno terrível da serpente
Da terra onde a seca mata gente
Das morenas de corpos sedutores
Das sonoras de vates cantadores
Do Sol inclemente todo dia
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

Sou da zona mais seca e pastoril
Dos alforjes de couro trabalhado
Das flores pequenas sobre o prado
Dos balanços da alça do cantil
Das antigas coronhas de fuzil
Que marcavam os cangaços matadores
Dos volantes ferozes caçadores
Do facheiro que acena à penedia
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

Numa besta Fubana vim montado
Pulando ao cavalo Fulustrecos
Bebendo aguardente nos botecos
Pegando na beca de soldado
Com buchada de bode fui criado
Palmilhei nos espinhos furadores
Embriaguei-me na fonte dos amores
No descalço que à bota não cabia
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

Do sereno da noite fiz meus panos
Da manhã mais feliz trouxe o orvalho
Rezei num cruzeiro de carvalho
No lajeiro deixei meus desenganos
No bojo das cavernas fiz meus planos
Nas montanhas matei os meus temores
Levantei os meus braços lutadores
Recebendo o troféu da ousadia
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

Trago a flor que entre as pedras vinga
Com espinhos cruéis dos juazeiros
As ponteiras dos relhos dos tropeiros
O cheiro do balcão após à pinga
O barulho da chuva na caatinga
As esporas dos galos multicores
O divino sugar dos beija-flores
O silêncio das grotas mais sombrias
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

Banhei-me no fulgor das alvoradas
Resisti à dolência do poente
Relutei nos esconsos da vertente
Balancei-me nos traços das ramadas
Copulei em orgia às madrugadas
Nos montes de Vênus chamadores
Gozei em amparos cobertores
Que o cio das deusas oferecia
E nos bicos dos seios da poesia
Dei vazão aos meus lábios sugadores

FIM












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