quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 

FIM DE MÊS

Clerisvaldo B. chagas, 1 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.807

 



Chega o final do mês de novembro, como foi previsto pelos espíritas “tudo vai mudar”, E não somos nós apenas que estamos notando as mudanças no mundo, principalmente sobre o tempo. Novembro, o mês dos ventos para nós do sertão, este ano não aconteceu tantos ventos fortes assim. Final de outubro, quis ensaiar os sopros consistentes, mas ficou por aí. E também sobre a secura do mês que geralmente não chovia e que poderia acontecer ou não uma trovoada, foi diferente. Um mês praticamente chuvoso com alternância dos dias, mas coisa nunca vista por aqui. Hoje mesmo, dia 30, o dia foi nublado com pancadas de chuvas e aspecto de inverno em algumas horas do dia. Quer dizer, tudo está bem diferente após os castigos divinos do Covid 19.

Em várias horas do período, vamos dar uma espiada na rua e até nos causa arrepios. Nem uma viva alma, nem um gato, nem um bicho... E retornamos ao interior da residência pensando: “Será que estamos sozinhos no mundo?”. Tudo, tudo de fato diferente. Quanto ao tempo para o campo, uma riqueza, coisa nunca vista pelos mortais de mais de 70 anos de zona rural. Por algumas poucas horas, os jogos da copa conseguem quebrar a monotonia que se abate pela urbe. E nem presta para engendrar ideias de como será o mês de dezembro na situação temporal da Terra, mas para esquecer as diferenças existenciais, podemos prever boa movimentação financeira no período natalino, com aquelas mesmas esperanças que insuflam a consciência no aniversário de Jesus.

E se os jogos da copa, não só do Brasil, mas de todas as seleções vão mostrando suas curiosidades, também correndo as lembranças dos jogos do interior; nas ruas, nos campinhos, nos areais do rio seco Ipanema. Bola cobrindo o adversário, era lance chamado “banho de cuia”. Bola passando por entre as pernas do oponente era drible “por debaixo da saia” e, bola por um lado e alcance por outro, chamava-se “arrodeio”. Estamos traduzindo o ontem do hoje, respectivamente: ‘chapéu”, “caneta” e “drible da vaca”, será que deu para entender? Estar bem pertinho de terminar essa euforia da copa. Será que a monotonia pós-Covid retorna ou vamos continuar levando da Natureza o drible da vaca?

Paciência, Zé.


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/11/fim-demes-clerisvaldob.html

terça-feira, 29 de novembro de 2022

 

 

ANGICO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.806

 

O angico é uma árvore da caatinga sertaneja tão famosa quanto o juazeiro. O seu tronco mostra espinhos de forma grande, arredondada, em forma de nódulos. Suas cascas guardam o tanino, substância muito utilizado no curtimento do couro. Podemos dizer que é uma árvore exuberante, bela e de fácil identificação. Produz uma resina que é medicinal e muito utilizada pelos macacos e soins se habitarem na área. Suas folhas são pequenas e enfileiradas de um lado e de outro, parecendo uma pena. O angico gosta muito de terreno pedregoso e mais elevado como os serrotes. Sua forte raiz racha a pedra onde quer se fixar e após, fica gozando o pouco de frieza nela encontrada, em terras quentes do semiárido.

Utiliza-se o angico sem a casca para se fazer estacas. A madeira nua é muito mais resistente. E, no caso das cascas, elas são vendidas para os curtumes, por causa do tanino, transformando o couro em sola, na última fase da curtição. Os antigos compradores de cascas de angico, procuravam nas fazendas, o produto. Quando o fazendeiro ia pelar o angico para fazer estacas, não cobrava pelas cascas e ainda agradecia. Mas quando não ia fazer estaca, cobrava a mercadoria que custava numa carrada de carro de boi, dez tostões (destões), por uma arroba. O jegue e o burro eram os meios de transportes mais utilizados pelos donos de curtumes na compra das cascas dessa madeira. Ainda no mato, os compradores de cascas, faziam feixes e usavam a embira ou mesmo as próprias tiras das cascas para amarrarem os feixes e colocarem nos dois lados da cangalha. Muitas vezes esses compradores passavam mais de um dia na caatinga para realizar esse serviço.

Esses dados detalhistas estão no livro recém terminado: Santana: Reino do Couro e da sola. Calculado antes em apenas três páginas de papel A4, encerramos com cerca de trinta e cinco, o que na gráfica, em formado de livro, poderá alcançar até mais de 100 páginas. Temos a certeza de que tantos detalhes vão impressionar o povo santanense, pois fala da estrada de Delmiro, da Matança, do padre Capitulino, dos artesãos, das fases da curtição de couro, das fabricas de calçados, dos sapateiros, do futebol do Panema e muito mais, inclusive preços de mercadorias e fotos de cédulas antigas.

O que fazer para publicar?

ÁRVORE ANGICO (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/11/angico-clerisvaldo-b.html