UMA BOIA AOS NÁUFRAGOS (Clerisvaldo B. Chagas. l6.12.2009) Neste início de verão, recebo telefonema de um amigo solicitando os préstimos ...

UMA BOIA AOS NÁUFRAGOS

UMA BOIA AOS NÁUFRAGOS
(Clerisvaldo B. Chagas. l6.12.2009)

Neste início de verão, recebo telefonema de um amigo solicitando os préstimos do espaço. Essa pessoa bem sucedida financeiramente tornou-se alcoólatra, conseguiu sair da situação, voltou à bebida e agora tenta segurar-se definitivamente. Resolvendo socorrer a si mesmo e ao próximo, dedicou-se a divulgação dos Alcoólatras Anônimos - AA, com denodo e fé. É muito fácil cair na esparrela da bebida, difícil é sair da armadilha. Um gole hoje, outro amanhã, um fim de semana embriagado, o encontro com os amigos e finalmente o domínio absoluto da aguardente... Da cerveja. Uma vez viciado, as companhias passam a ser somente de outros viciados. Assim vem as dívidas, a perda de emprego, as desavenças em casa, a depressão... A consciência do fracasso. Não raras vezes são as brigas no trânsito, os assassinatos pela intolerância e a própria vergonha de não encontrar forças para reagir.
Santana do Ipanema, Maceió, Arapiraca e quase todas as cidades brasileiras contemplam com tristeza grupos de jovens dedicados ao vício da embriaguez. Ao ser advertido, o rapaz costuma sempre dizer que não é alcoólatra, que bebe apenas uma cervejinha em final de semana. Mas se ninguém da família tiver pulso forte para afastá-lo dos bares, o futuro não é de maneira alguma promissor. Tenho alertado parentes a amigos para o maléfico, mas fiquei impressionado com a força de luta pelos demais, através do amigo do telefonema. Prometi uma crônica sobre o assunto e estou contribuindo com o que disponho. A palavra amiga e orientadora no espaço reservado.
Entre inúmeros conselhos do meu velho ─ vez em quando citados alguns nesses escritos ─ estava um sobre os vícios. Dizia ele: “quando o homem resolver deixar um vício qualquer, a primeira providência é conversar com Deus e pedir ajuda. Com Deus tudo, sem Deus nada. Não se vence o vício sem ajuda de Deus". Agora para complementar o amor pelos que sofrem, surgiu o AA, refúgio e orientação para os apanhados pelo vício da embriaguez. Em Santana do Ipanema o AA já funcionou em outros lugares e, se não me engano, passou algum tempo sem um ponto fixo. O meu amigo pede para que divulgue o endereço e dias de reuniões. O AA está funcionando no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no Bairro Camoxinga (vizinho ao Hospital Dr. Arsênio Moreira) em Santana do Ipanema. As reuniões acontecem as terças e as sextas às 20 horas. Para informações sobre o AA, é bastante dirigir-se ao Sindicato Rural nos dias e horas estabelecidos. A frase de mão estendida dos Alcoólatras Anônimos é: “Se você não quer deixar de beber, o problema é seu; se quiser parar de beber, o problema é nosso”. Em Olho d’Água das Flores também existe um AA em funcionamento. Se você é alcoólatra, salve sua vida antes que seja tarde, procure o lugar certo. Mas se você apenas conhece um amigo, um companheiro precisando de ajuda, leve-o ou o encaminhe a uma reunião do AA, UMA BOIA AOS NÁUFRAGOS.

FELIZ NATAL E ATÉ SEGUNDA-FEIRA!

AA. Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Bairro Camoxinga, Santana do Ipanema, Alagoas. Reuniões as terças e sextas às 20 horas.

CONTINUAR A JORNADA (Clerisvaldo B. Chagas. 22.12.2009) Sendo esta a semana do Natal, nada mais gratificante de que a reportagem da Rede...

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CONTINUAR A JORNADA
(Clerisvaldo B. Chagas. 22.12.2009)

Sendo esta a semana do Natal, nada mais gratificante de que a reportagem da Rede Record, com o título: “Os Sete Milagres de Jesus”. Um presente máximo para quem se interessa pela religião. Curiosidades sobre a parte física da antiga Palestina onde viveu o Mestre. A apresentação aconteceu domingo passado à noite, com segurança e didática dignas dos maiores elogios. Afinal, muita gente esquece o verdadeiro dono da festa que o deus comércio quer trocar por Papai Noel. Para muitos cristãos supérfluos, o velhinho europeu é quem tudo comanda numa fantasia exagerada que supera o sentido do Nascimento. O mal não está em reconhecer o ancião de barbas brancas, está em elevá-lo ao pedestal que não é dele. Jesus está em poucos lares, Noel em todas as vitrinas. E se os adultos esquecem quem os convidou para os festejos, imaginem as crianças ansiosas pelos embrulhos.
Lembramos perfeitamente de duas coisas marcantes na adolescência. Havia duas farmácias importantes em Santana do Ipanema que chamavam atenção com objetos à parte. Uma delas era o busto de um negrão lustroso envergando resistente barra de ferro. Essa estatueta fazia parte de propaganda de certo xarope e já foi motivo de crônica neste espaço. O outro objeto era um cartaz com alegoria sobre a porta estreita e a porta larga que se tornou tradicional na Farmácia Vera Cruz. O motivo era uma alusão ao comportamento humano com a advertência: “Entrai pela porta estreita”. A preocupação consumista parece que vai tornando a porta estreita mais estreita ainda. E como “A” puxa “B” e “B” puxa “A” de novo, não custa nada lembrar a passagem de Jesus na casa de duas amigas. Enquanto ele palestrava sobre a vida com uma delas, a outra se preocupava em cuidar da casa. E a segunda recebeu amistosamente uma advertência sobre o que era mais importante.
Dizia Nelson Gonçalves em uma das suas belíssimas canções:

“Esses moços
Pobres moços
Ah se soubessem
O que eu sei (...)”.

Não, não somos contra a fantasia do Papai Noel. Mas não podemos esquecer que é para o filho de Deus todo o aparato, toda honra e toda glória dos preparativos de dezembro. Quem conhece a sugestiva frase de lameira de caminhão: “Eu não sou o dono do mundo, mas sou filho do dono”? Bem elaborada, não? Ah, com seria bom se esse reconhecimento também fosse feito no Natal!
É tempo de reflexão; de um balanço profundo nos proveitos e desperdícios de 2009. E que as lembranças das boas semeaduras não aconteçam somente na missa do galo, na leitura da porta estreita ou em lameira de caminhão. “Ah esses moços (...)”. Vamos CONTINUAR A JORNADA.




PRESTAR ATENÇÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 21.12.2009) Sempre soubemos que as piores situações da vida deixam resíduos positivos. Assim co...

PRESTAR ATENÇÃO

PRESTAR ATENÇÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 21.12.2009)

Sempre soubemos que as piores situações da vida deixam resíduos positivos. Assim como a bateia do faiscador deixa passar a água suja e retém o ouro, as vicissitudes também deixam a sabedoria.
Vendo por um ângulo a conferência de Copenhague, foi um fracasso. Olhando por outro lado, um degrau acima. Nunca na história da humanidade houve tanto interesse e participação como no encontro da Dinamarca; nem mesmo durante e após os dois conflitos mundiais. Estamos em uma nave só, chamada Terra. Não existe uma segunda morada para o homem. Caso a ela aconteça algo, todos pagarão o mesmo preço nem que seja de forma diferente. Acontece que os ricos ainda querem manter a pose, como aquele que pensa enganar a morte mandando o outro primeiro para o cadafalso. Quando o navio submerge também vai o comandante.
Resvalando do assunto climático realizado na Dinamarca, notamos claramente a política vacilante do presidente americano. Com o congresso ou sem ele, Obama continua com sua dúbia política inicial. É como se tivesse medo de um escorrego que manchasse a elegância da vitrina. A nação mais poderosa tem um peso, sim; por isso todos esperavam melhor posicionamento naquela conferência. Entretanto, como dissemos em nossos trabalhos anteriores, o mundo já iniciou uma nova ordem que só os americanos não veem ou não querem ver, porque eles sempre ficaram dentro da bolha. As nações se fizeram ouvir. As forças intermediárias de Brasil, Índia, China e África do Sul, mostraram aos ricos que está havendo uma revolução em busca de novos assentos para lideranças globais. Os pobres também resistem. A transformação já está sendo feito e será consolidada nos próximos cinco ou dez anos. É irreversível.
O Brasil está sabendo aproveitar o momento. Ou fracassando ou não a conferência do clima, o País sai com a voz ouvida e respeitada, tanto pelos pobres quanto pelos ricos mais os seus colegas emergentes. Como disse o ministro espanhol, o Brasil já é presente de um futuro que nunca chegava. Agora a República passa a fazer o papel de ator global, queira ou não o Tio Sam. Após a rodada de Copenhague o mundo não será mais o mesmo no assentamento da poeira. E os países desenvolvidos ─ graças às explorações de colônias nas Américas, Ásia e África ─ irão sentir seus antigos escravos à porta querendo ser também sócios do mundo. A conferência para o clima deixa um leque de novas posições políticas, sociais, econômicas que irão criar sulcos profundos na Geopolítica. Se as nações pobres e emergentes saem desanimadas sobre acordos ecológicos, o ensaio dos movimentos em blocos mostra o contrário. Novas forças são incorporadas ao torneio mundial de quebra-de-braço. De agora em diante é só PRESTAR ATENÇÃO.