FAZENDO UM ARTE (Clerisvaldo B. Chagas, 6 de outubro de 2010)      Fez muito bem a equipe do portal MALTANET em estampar a figura do grande...

FAZENDO UM ARTE

FAZENDO UM ARTE
(Clerisvaldo B. Chagas, 6 de outubro de 2010)
     Fez muito bem a equipe do portal MALTANET em estampar a figura do grande artista plástico Roninho. Para muitos, o artista dispensa comentários, pois o seu trabalho já bastante conhecido vai deixando as barreiras do município, do estado, ganhando outra dimensão muito mais confortável, merecidamente. A princípio, com suas pinceladas sendo apenas motivos de riso, Roninho se foi firmando em território alagoano fazendo valer o seu estilo interessante e peculiar. Antes, o seu irmão Roberval Ribeiro, com óleo sobre tela, caricaturas e produção de gibis como o do personagem Zé das Cruzes, fez muito sucesso por onde andou. Depois o famoso artista trabalhou conosco como diagramador e caricaturista do Jornal do Sertão, alegrando as páginas daquele matutino para o leitor de Alagoas e de várias capitais do Nordeste. Atualmente Roberval trabalha apenas na sua empresa localizada em Santana do Ipanema, onde serve o Sertão inteiro e é ponto de referência. Por sinal, é ele o autor da capa do livro que pretendemos lançar ainda este ano (estamos articulando) o paradidático “Ipanema um Rio Macho”. Portanto, Roninho já traz nas veias o poderio do seu trabalho. O artista santanense caracteriza suas obras representando cenas do cotidiano sertanejo. Roninho focaliza os aspectos sociais, chamando atenção como uma espécie de denúncia, das mais diferentes situações difíceis do homem do campo. Suas obras em forma de caricatura, além do exagero de cenas, carregam na tintas vivas como um grito forte por socorro do lugar onde reside. O apreciador do seu trabalho logo encontra o riso fácil, mas também a gravidade da denúncia que está claramente mostrada em suas telas pitorescas. Esse grande artista do Bairro Camoxinga, mora vizinho à Praça das Artes que se transformou no aleijão abandonado de Santana.
     Certa feita ouvimos da secretária de Cultura de Arapiraca (outra gestão) sobre o incentivo aos artistas daquele município. Dizia ela que a Secretaria havia feito um trabalho muito bonito e bem feito que seria motivo de orgulho. Entretanto a coisa não estava dando certo e havia muitas reclamações. Foi feito, então, um trabalho investigativo e detectada a causa. É que o projeto era bonito, mas veio de cima para baixo, os artesãos não haviam sido consultados. Usando novas estratégias, aí sim, pois foram os próprios artistas que disseram como queriam a associação ou coisa parecida. Em Santana do Ipanema estar acontecendo o primeiro caso, pois temos ouvidos inúmeras reclamações de artistas, muitos ainda no anonimato. Um exemplo gritante de insatisfação é com o logradouro representativo da classe que hoje virou local de tudo que não presta, a Praça das Artes. E ao invés de Santana do Ipanema de fato representar a arte, vai apenas remendando, pelejando e FAZENDO UM ARTE.

SEGUNDO TURNO (Clerisvaldo B. Chagas, 5 de outubro de 2010)      As eleições gerais imprensaram assuntos relevantes outros que tomavam cont...

SEGUNDO TURNO

SEGUNDO TURNO
(Clerisvaldo B. Chagas, 5 de outubro de 2010)
     As eleições gerais imprensaram assuntos relevantes outros que tomavam conta da imprensa. Acordamos ontem com a tremenda ressaca do pleito que mexeu com todos durante meses e não somente no dia exato do voto. As ruas amanheceram cheias de papéis com o dilúvio liberado pelos porquinhos. Ali na esquina, na praça, nos bares, vão chegando os costumeiros componentes das rodas com os primeiros ensaios do dia. Realizadas as discussões do alto escalão, os plantonistas diários começam a contabilizar o prestígio e o desprestígio local. Quem se fortificou para as eleições de 2011, cujos candidatos a deputado estadual, federal, senador e governador perderam ou ganharam. Muitas decepções daqueles que se julgavam fortes, imbatíveis, eternos. Os derrotados começam a procurar culpados nas traições dos seus assessores e cabos eleitorais. Rasgam a cabeça puxando os cabelos pela perda do úbere farto da vaca política. Fui avisando com os ingratos, com os que prometem e não cumprem, com os espalhadores de pedra: o mundo é redondo. E como a famosa piada pornô, falta de aviso não foi. Muitos estão sem dormir direito porque ainda não acreditaram na surpresa que de vez em quando o povo faz. Os que conseguiram passar para a terra onde corre leite e mel, estão vibrantes, felizes, nadando na festa de sons, uísque e foguetório que bem caracterizam essas ocasiões. Nas periferias das cidades, nos povoados, nos sítios, os grupos que desafiaram as leis, ainda estão mobilizados esperando novas investidas financeiras no segundo turno.
     A curiosidade agora é para vê se fulano ou beltrano tem a coragem de sair candidato a prefeito sem o seu deputado no círculo dos vencedores. Será que os estaduais, federais e senadores, fora da ciranda, vão honrar os compromissos de ajuda aos pretensos candidatos a prefeito? E os jubilosos também honrarão os compromissos? Dizem os espertos que político não dá prego sem estopa. No Sertão, muitos tem vontade de comandar do gabinete da prefeitura, mas sabem que uma eleição, hoje, para prefeito, está terrivelmente inflacionada. Com quem pegar o dinheiro do povo para estuporar, senão com os candidatos do “alto clero”. Quem tem o destemor de meter a mão no próprio bolso para gastar os trocados, frutos do suor? Ninguém. Todos querem ser prefeito atirando com a pólvora alheia.
     E os grupos municipais de apoio, vão sentindo que perderam o federal e ganharam o estadual ou vice- versa. Outros perderam ambos. Os planos dos pretensos candidatos a prefeito, entre vitórias e cacetadas, estão congelados para novos balanços. Ainda resta o apoio dos que irão se eleger a governador e a vice. Até o dia 31 de outubro, todo plano para o futuro ainda é precipitado. Porém, as próximas eleições municipais, tudo indica, mostrarão um poder renovador nunca visto antes, cheio de caras novas no Executivo. Quem viver verá. Vamos ao SEGUNDO TURNO.

DIVIDIR O BOLO (Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2010)      Levando em conta o tamanho desse país continente, suas diversificações re...

DIVIDIR O BOLO
(Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2010)
     Levando em conta o tamanho desse país continente, suas diversificações regionais e seus recônditos peculiares, o brasileiro pode se orgulhar dessas eleições. As dificuldades encontradas, principalmente na grande região Amazônica onde toda distância é um mundo e os meios de transportes aquáticos, a velocidade com que foram apuradas as urnas e transportados os resultados para a central marcaram uma grande vitória de organização. O avanço tecnológico das urnas eletrônicas é de deixar qualquer país do Hemisfério Norte com inveja e admiração da eficiência e da rapidez nas apurações. Podemos afirmar sem medo nenhum de erro que as partes tecnológica, organizacional e mesmo a social, deixaram um amadurecimento importante, evolutivo, salutar e equilibrado, permitindo ao povo brasileiro entrar numa era de plenitude durante a escolha dos seus representantes. É inacreditável que esse país pudesse dá conta com ordem e tranquilidade de um acontecimento tão significativo nesse dia maior. Os formidáveis exemplos de organização, tranquilidade e democracia, devem tocar fundo nas feridas de arroubos da América do Sul e Caribe. No mínimo, deixarem pasmos os Estados Unidos e União Europeia.
     Em Alagoas mesmo, a serenidade do pleito, deixa pelo menos uma esperança de um novo comportamento do mundo político. Parece que uma série de medidas que antecederam as eleições por parte da Justiça, da polícia federal, da OAB, dos movimentos populares, começa a fazer efeito na capital e no interior. É sabido que uma peneira grossa ainda deixa passar bastantes caroços. Mas pelo que deslumbramos, parece que houve certo aprendizado que deverá ser incluído nas próximas administrações executivas e parlamentares. Ainda que esses indesejáveis grãos tenham conseguido escapar da peneira grossa, a continuação dos vícios não deverá acontecer mais em toda plenitude. Isso, se levarmos em conta as novas e constantes intervenções das classes acima, pela moralização que se faz desejada para abreviar o nosso equilíbrio.
     Por outro lado, a decisão que se realizará no segundo turno ─ apesar de muita conversa batida dos candidatos ─ promete. Pelo menos na disputa pelo governo estadual, poderão ser arrancados compromissos que beneficiarão o povo e em particular aos servidores. Sem definições sobre precatórios e reajustes salariais, dificilmente o candidato levará os votos dessa classe massacrada pelos que fazem o poder. Agora é a vez dos servidores pressionarem os dois sobreviventes pelos compromissos escondidos do primeiro turno. E assim, entre eleições de quatro em quatro anos, pode ser que pingue alguma coisa interessante para os que já sofreram tanto. E o melhor: os tempos de promessas parecem estar acabando. É bem possível que estejamos entrando na era do comprometimento. Hora de DIVIDIR O BOLO.