ZABÉ DA LOCA (Clerisvaldo B. Chagas, 11.10.2010)      Muito boa e emocionante a reportagem da televisão focalizando Zabé da Loca. São poucos...

ZABÉ DA LOCA

ZABÉ DA LOCA
(Clerisvaldo B. Chagas, 11.10.2010)
     Muito boa e emocionante a reportagem da televisão focalizando Zabé da Loca. São poucos os bons programas da televisão. O que tem de lixo, com certeza juntando tudo dá mais de oitenta por cento. Como disse alguém, a televisão brasileira é máquina de fazer doido. Zabé ─ no Nordeste, apelido carinhoso de Isabel ─ é hoje mulher famosa de idade avançada lá da Paraíba. As cavernas no sertão são chamadas locas, sovacos, grutas e furnas, independentes de comprimento e largura. Zabé, perto da cidade de Monteiro, trabalhava na roça e aos doze anos aprendeu a tocar pife. Como perdeu a casa com as intempéries, resolveu morar sob duas pedras que se sustentam. Ali conviveu com marido e filhos, fechando de taipa as aberturas das pedras. Trabalhadeira, animada, espirituosa e festeira, Isabel tornou-se conhecida como Zabé da Loca. A reportagem mostrou os bons tempos em que Zabé saiu percorrendo o País tocando pife com sua bandinha regional. Até prêmios arrebatou.
     Atualmente sem marido, Zabé ganhou uma casa do governo e mudou-se da loca para a casa azul, simples e de varanda onde senta para curtir os seus cigarros ou cachimbo. É tão famosa ainda, que recebeu a reportagem em sua nova residência. Zabé continua, mesmo com os percalços da velhice, alegre, brincalhona, extrovertida. Mas uma coisa mexe muito com a tocadora de pife, que são as boas lembranças da loca. Olhando por trás de casa, está ali, a certa distância, nas colinas das cercanias repletas de matacões, a loca adotada por Isabel. Ela foi mostrar a furna em que vivera mais de vinte anos, mas isso não foi nada fácil para a velhinha que se emocionou com as lembranças. E como todo sertanejo que ama seu torrão, a mulher ainda tem muita vontade de voltar a viver na loca. Isabel resolve dar uma palhinha e toca o pife para a reportagem, mas avisa que vai deixar a arte. Segundo ela, o esforço prejudica muito os pulmões. E quando perguntada se não era o cigarro que prejudicava ela diz animada que não.
     A pessoa que toma conta de Isabel fez projeto musical e implantou uma escolinha de música para os jovens da roça. São vários instrumentos que proporcionam o aprendizado, inclusive zabumba. Para substituir a famosa tocadora, já apareceram talentos que não irão deixar morrer a tradição. Além de conduzir os adolescentes para o mundo musical, o projeto mantém o jovem longe da ociosidade e dos vícios que estão apavorando o Brasil. Aplausos e incentivos para pessoas que dedicam parte do seu tempo a produzir o bem. Diante de tantas barbaridades que acontecem e são publicadas diariamente na mídia, esse assunto da Paraíba parece ser coisa de Deus. O nosso país precisa em todos os rincões, projetos semelhantes ao do município paraibano. E pelo exemplo e semeadura da alegria no Brasil, deixamos em nome de todos, o nosso preito a essa extraordinária mulher sertaneja ZABÉ DA LOCA.

PADROEIRO SÃO CRISTÓVÃO (Clerisvaldo B. Chagas, 8 de outubro de 2010)      Mais uma vez o município de Santana do Ipanema, Sertão de Alagoa...

PADROEIRO SÃO CRISTÓVÃO

PADROEIRO SÃO CRISTÓVÃO
(Clerisvaldo B. Chagas, 8 de outubro de 2010)
     Mais uma vez o município de Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas, está em festa. Ontem, dia sete, houve a solenidade inicial dos festejos a São Cristóvão, padroeiro da segunda Paróquia com sede no Bairro Camoxinga. Na ocasião teve uma caminhada da comunidade Santa Sofia, seguida de cavalgada de vaqueiros, atos que se tornaram tradicionais naquele imenso bairro. Vários segmentos sociais foram responsáveis pela abertura que teve o pároco José Neto de França como pregador da noite. Hoje, sexta, acontecerá à primeira noite oficial do evento religioso que se prolongará até o próximo dia dezessete. Haverá, então, o encerramento com a famosa procissão em homenagem ao glorioso padroeiro, entre a cidade Poço das Trincheiras ─ ponto de partida ─ e a sua Matriz em Santana do Ipanema. A igreja Matriz de São Cristóvão é vizinha do Hospital e Maternidade Dr. Arsênio Moreira. O pregador do encerramento será o bispo diocesano Dom Dulcênio Fontes de Matos, conforme programa divulgado sobre a festa.
     A Paróquia de São Cristóvão foi oficialmente criada em 12 de fevereiro de 1964 e teve como primeiro pároco o padre Alberto Pereira Santos. Consta ainda que também a primeira procissão realizada com o seu padroeiro, foi mesmo antes da criação oficial da paróquia. A imagem saiu da localidade Pai Mané, município de Dois Riachos até o Bairro Camoxinga. Como a maior parte das doações que edificaram a Matriz, veio de condutores de veículos, São Cristóvão ─ padroeiro dos motoristas ─ ganhou a preferência de protetor da paróquia.
     A festa dedicada ao gigante que carregou o Menino Jesus sobre os ombros é sempre realizada em outubro, mês em que as chuvas estão suspensas. Ocupa a praça defronte a sua Matriz, onde também se encontra o hospital acima. Estende-se pelas ruas paralelas que se rejubilam durante esse período de outubro. A tranquilidade do lugar permite se vê ainda a paisagem típica do interior, onde crianças se divertem nos parques comendo pipoca e algodão-doce. As barracas de bebidas e comidas alastram-se pelas imediações, ocupando a via principal, Pedro Brandão, de certa maneira, dificultando o trânsito.
     Cada noite da festa de São Cristóvão é patrocinada pelos chamados noiteiros. Os noiteiros representam vários segmentos sociais que compõem o todo, fracionados em grupos que apresentam as atrações das solenidades. Essa festa vem trazendo cada vez mais pessoas de outros municípios. Além de cânticos, missas e novidades a parte, o hino a São Cristóvão, de inspirada letra e agradabilíssima melodia, emociona pedestres e motoristas com a força da sua mensagem. Aos quarenta e seis anos da Paróquia, convidamos os leitores amigos para uma louvação ao PADROEIRO SÃO CRISTÓVÃO.


PEGAR O BONDE (Clerisvaldo B. Chagas, 7 de outubro de 2010)      Os apelos das eleições continuam segurando as pessoas que parecem sonolent...

PEGAR O BONDE

PEGAR O BONDE
(Clerisvaldo B. Chagas, 7 de outubro de 2010)
     Os apelos das eleições continuam segurando as pessoas que parecem sonolentas, mas ainda curiosas pelo que ainda vem por aí. As alianças são formadas às claras ou nos bastidores, com o perdedor querendo pelo menos uma raspinha do todo que não conseguiu. O leitor já conhece aquela história do macaco que se deparou com um cacho de bananas pendurado em lugar difícil. O símio fez carreira, pulou, mas não conseguiu atingir a penca. Depois de tentar várias vezes, o máximo foi passar as pontas dos dedos nas deliciosas bananas madurinhas. E como já estava cansado, vendo que não conseguiria realizar a façanha, foi obrigado a desistir. E para enganar a si próprio afirmou: “para que tanto esforço por uma coisa que nem gosto!” Ê companheiro, tem muita gente que apostou alto demais e agora se encontra na posição do macaco. Os que antes se acusavam, não somente mostrando a cara de ferro velho de adversários, inclusive com desafios coronelescos, hoje se afagam, se apertam, se beijam em nome de salutar união democrática. Os cálculos dos que perderam talvez sejam mais em cima do que iriam levar mensalmente do que mesmo o que desembolsaram. Uma união agora apaga todas as mágoas das acusações anteriores. A mesma cara conhecida que enfrentou a censura dos eleitores, mostra a mesma madeira para fazer alianças e nem perder de vista o cacho todo de bananas.
     Ontem mesmo um cidadão famoso no mundo do rádio, desabafava sua derrota nas urnas, acusando o povo nos mais diferentes aspectos. Muita coisa que o jornalista falou representa a verdade da compra de voto que não fica restrita ao interior. Mas não adianta falar do povo agora aquele que não conseguiu se reeleger. Ninguém é inocente sobre as manobras que existem no mundo complicado da política. Quem entrou e perdeu deveria ter ficado sem nada falar, porque fez parte do jogo sujo e lutou o quanto podia. Quanto vale agora uma eleição para prefeito em pequenas e médias cidades do interior? O cidadão mesmo dizia custar em torno de cinco milhões. Talvez não seja isso tudo, mas a última aqui na região foi falada e decantada em quatro. Já dizia outro político, há bastante tempo, que a eleição mais cara do estado era a de Santana do Ipanema. Inflação causada por eles mesmos na base dos cenzinhos. Hoje, segundo gente do ramo, para ser prefeito em Santana, ninguém gastará menos de quatro milhões. Menos do que isso é gastar e perder, ainda segundo a fonte.
     Por mais que não quiséssemos falar em política, não conseguimos comentar uma seleção brasileira de futebol tão misteriosa que foge ao pensamento dos mais apaixonados. Uma mistura grande, jogando no desconhecido e com pouca divulgação dos seus bastidores, tenta em vão nos tirar do segundo turno. O Brasil vai adiando as grandes decisões, agora nem Dilma, nem Serra, nem o treinador Mano. Coloque a mochila às costas e vamos PEGAR O BONDE.