O BICHO GARÇA     Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2012.        Crônica Nº 804  Quando o nosso amigo cientista Joã...

O BICHO GARÇA



    O BICHO GARÇA
    Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2012.
       Crônica Nº 804
 Quando o nosso amigo cientista João Nepomuceno, perguntou qual seria o bicho da vez nas eleições de Santana do Ipanema, Alagoas, respondi que primeiro teria que sonhar. Todo viciado no jogo do bicho, que se preza, sonha primeiro para poder fazer sua fezinha no cachorro, no urso, no veado ou em outro vivente qualquer do total de vinte e cinco da roleta. Quando o obcecado pelo jogo não sonha, vai tentando decifrar o animal da noite, assim que pula da cama. Se nos primeiros minutos, não avista nada dos bichos mais corriqueiros das ruas, gato, cachorro, papagaio, macaco... Parte para interpretações avistando outros bichos fora da lista e faz a associação: rato, barata, mosquito, sapo... E se ainda assim não tiver a sorte de enxergá-lo já, apela para a vizinha que gosta dessas coisas, pede o palpite do dia, se desespera, puxa os próprios cabelos até encontrar o que acha ser a resposta correta. Depois parte para o primeiro cambista que encontra na rua, taca o real do pão das crianças na mão do outro lunático e liberta o sorriso maroto que pedia liberdade desde a madrugada.
Domingo passado teve início a série de convenções para candidatos a prefeito e vereadores do nosso município. Muitos jogadores já estão afilados, rindo das apostas feitas e outros estão vendo miragens no Sertão e iniciando o jogo perdendo. Como coincidência da indagação amiga de Nepomuceno, chegou de repente na cidade um bando de garças de regiões longínquas, para apreciar as convenções de Santana. Pelo dia, as brancas aves sobrevoam o campo a procura de alimentos. Com a aproximação da noite, o bando sobrevoa a cidade e vai pousar no Bairro Floresta, entre o lugar Alto dos Negros e o Hospital Geral Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Na barreira que dá acesso ao rio Ipanema, as garças escolheram uma grande clareira no matagal, onde mais de mil aves cobrem o chão e os arbustos de branco concentrado. Se o jogador quiser fazer sua interpretação pessoal pelos três candidatos que sairão a prefeito de Santana, pode se enganchar nas três interpretações, conforme as profissões dos postulantes: Caso ele diga que as garças se vestem como enfermeiras, pode aposta no doutor. Se ele vê as garças como motivo ecológico, tão em voga no momento e defende a causa, vai por o dinheiro no advogado. Mas se ele interpreta o bando de aves como lições para o ambiente, despeja no professor.
Não sei se respondi ao cientista Nepomuceno, do nosso Mural de Recados, mas pelo menos afunilei o jogo. O profissional que vai ganhar eu não sei, mas se animal das canelas grandes estivesse na roleta, não teria para ninguém, somente na cabeça O BICHO GARÇA.







O NÓ DAS LUVAS BRANCAS Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2012. Crônica Nº 803 Cai Fernando Lugo por não saber governar o se...

O NÓ DAS LUVAS BRANCAS


O NÓ DAS LUVAS BRANCAS
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2012.
Crônica Nº 803

Cai Fernando Lugo por não saber governar o seu país, dizem os seus compatriotas. Se essa moda pegasse aqui no Brasil em relação às prefeituras, apenas um punhado de prefeitos continuaria no poder. E se levasse o caso para o legislativo, seria outro punhado apenas de vereadores, deputados e senadores que continuaria mamando nas gordas tetas governamentais. Um arrastão pelo Judiciário, como a coisa anda, somente Deus não se surpreenderia com o resultado. De vez em quando, perdidamente, ainda se ouve uma notícia que injeta um pouco de ânimo na população, porém, com muitas dúvidas ainda como o caso de auxílio paletó. Entretanto, isso não justifica o que aconteceu no Paraguai que até hoje não deixou a Venezuela fazer parte plenamente do MERCOSUL, por causa da meia democracia do seu dirigente. Quando se pensa, então, que no país central havia solidez democrática, surge o exemplo de um golpe sutil, um golpe de luvas brancas que não irar permanecer somente no inchaço da pancada. A América Latina, a velha América Latina, viciada em golpes no passado, ainda não esqueceu em definitivo a velha prática malfazeja. De vez em quando evoca fantasmas de cartucheiras ou de tronchos idealistas que ainda não deixaram a nossa atmosfera.
“Lugo sofreu impeachment nesta sexta-feira por ‘mal desempenho de suas funções' após a morte de 17 pessoas durante uma desocupação policial violenta em uma propriedade rural”. Como o processo para derrubar o homem foi rápido, nem houve tempo para nada. A condenação já estava carimbada antes do suspeito julgamento do presidente. A reação da América do Sul, por enquanto, parece quebrada e sem muita consistência, mas esperamos todos que após a reunião que será realizada na próxima quarta, entre os países da região, possamos enxergar com mais clareza como ficará a novidade do Paraguai. Está à mesa o primeiro grande teste da UNASUL, criada para esse tipo de coisa mesmo. Fazem parte da UNASUL Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Uruguai, Suriname e Venezuela. Entre “trancos e barrancos”, o mercado do Sul vai caminhando, sem ter mais como retornara à individualidade.
O bloco reúne 440 milhões de habitantes. E como se fala hoje em dia em PIB, ele aparece por aí em torno de US$ 2,3 bilhões. Como ficará tudo isso? Para o Paraguai que representa um estado sufocado normalmente, muito mais sufocado ficará se vierem duras sanções oficiais de seus vizinhos.  Um castigo de luvas pretas para O NÓ DAS LUVAS BRANCAS.









O REI DO BAIÃO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2012. Crônica Nº 802 Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na cidade pernambuca...

REI DO BAIÃO


O REI DO BAIÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2012.
Crônica Nº 802

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na cidade pernambucana de Exu em 13 de dezembro de 1912 e faleceu em 2 de agosto de 1989. Ao se tornar sanfoneiro e cantor, era acompanhado de sanfona, zabumba e triângulo e passou a cantar todos os aspectos do Nordeste, ficando famoso com o apelido de “Rei do Baião”. Os pais de Luiz Gonzaga eram trabalhadores rurais, Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, conhecida por “Santana”. Januário trabalhava na roça alheia, tocava e consertava acordeon. Foi ele quem ensinou Gonzaga a tocar.
Adolescente, Gonzaga apaixonou-se pela filha de um coronel que não queria esse namoro. Ficou namorando escondido. Seu pai, Januário, deu-lhe uma surra por causa desse negócio e Gonzaga fugiu de casa, alistou-se no exército no estado do Ceará e passou nove anos sem dar notícias em casa. Andando pelos estados, Gonzaga conheceu em Minas, um soldado que tocava acordeon e começou a se interessar pela música. Em 1939, deu baixa do exército no Rio de Janeiro e passou a tocar nas feiras e nas casas de prostituição. Tocava músicas estrangeiras. Em 1941, cantou uma música nordestina da sua autoria e foi aplaudido. Logo fez um contrato com a gravadora Victor, gravou “Vira e Mexe”, seu primeiro disco e mais cinquenta depois. Passou uns tempos vivendo com uma cantora chamada Odaléa Guedes dos Santos que teve um filho de outro, mas Luiz assumiu a paternidade e deu-lhe o nome de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior que depois se tornou o cantor Gonzaguinha. Em 1946 foi visitar os pais, desde a surra que levara, em Exu. Em 1948 casou-se com a professora Helena Cavalcanti. Odaléa morreu de tuberculose nesse mesmo ano deixando Gonzaguinha órfão, mas Helena não queria saber de criar o menino. Houve muitas páginas de sofrimento entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, rejeitado pela família da esposa de Luiz. O garoto chegou a ser internado. Muitas brigas houve entre Luiz e a esposa por causa de Gonzaguinha. Depois o menino cresceu e ficou viciado em bebida, aumentando os problemas da família. Somente muito mais tarde, Gonzaguinha resolveu se curar e tornou-se compositor e cantor e fez as pazes com o suposto pai.
Luiz Gonzaga sofria de osteoporose e morreu vítima de uma parada cardiorespiratória no Hospital Santa Joana, no Recife. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e sepultado em Exu.
Luiz Gonzaga gravou centenas e centenas de músicas e cantou o Nordeste inteiro. Juntamente o que Frei Damião e padre Cícero representam para os católicos nordestinos, Luiz Gonzaga representa para a música dessa imensa região.  Outro Luiz Gonzaga só agora daqui a cem anos. O maior ídolo musical do Nordeste ainda é O REI DO BAIÃO.








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