MATA GRANDE E ÁGUA BRANCA Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.663 ASFAL...

MATA GRANDE E ÁGUA BRANCA



MATA GRANDE E ÁGUA BRANCA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.663

ASFALTO DA AL-145. Foto: (divulgação).
“Cadê o dinheiro que estava aqui?” programa do Fantástico, escancarou mesmo o escândalo no município de Canapi, no Alto Sertão. O povo sofrido e trabalhador daquela localidade, não merece tanto desrespeito como o que foi mostrado na TV. O escândalo cobriu a boa notícia do asfaltamento da AL-145 trecho Água Branca – Mata Grande.
Região serrana de Alagoas, as duas cidades no oeste do estado são parceiras há muito, assim como Ouro Branco e Maravilha em baixo, nas planuras. Para se chegar a Mata Grande ou vai pela frente, pela BR-316 povoado Carié – Inajá ou por Agua Branca até onde chega o asfalto que vem de Delmiro Gouveia. Tanto pela frente quanto pelos fundos, os acessos de barro com a vantagem apenas de quem quer ver paisagens naturais.
Com o asfalto Água Branca – Mata Grande parte da justiça rodoviária é feita, entretanto, está em falta o acesso pela frente até a BR-316 cujo trecho Carié – Inajá continua na expectativa.
Mata Grande, cidade sertaneja nos confins oeste do estado de Alagoas, já teve grande influência no início do Século XX. Muitas histórias foram contadas naquela urbe, inclusive de cangaceiros. Era frequentada por Virgulino e seus manos, antes da fama de Lampião. Foi a cidade de Alagoas que botou Lampião para correr durante um ataque do bandido. Situada entre serras e vales ficou no quase isolamento pela falta de estrada asfaltada.
Água Branca, cidade pequena e situada no topo de um monte, também possui suas histórias políticas e cangaceiras. O ponto máximo físico, além da sua localidade, é a igreja cujos altares eram feitos de ouro ou banhados a ouro, além da sua própria beleza. Lá de cima avistam-se terras da Bahia. Em tempos de inverno tem clima de montanha e o aproveita realizando festival de inverno. Já foi assaltada por Lampião, meses antes da fama. Virgulino, quando veio morar em Alagoas perambulava entre Água Branca, Mata Grande e Chicão (atual Ouro Branco). Para quem gosta de histórias cangaceiras, foi na serra da Jurema, município da mesma Água Branca que nasceu Corisco, o bandido mais famoso do seu bando.
A estrada que está sendo asfaltada, Água Branca – Mata Grande, também contemplará o povoado de Santa Cruz do Deserto, onde foram sepultados a mãe e o pai de Virgulino Ferreira.
Sem dúvida alguma, esse é um grande empreendimento estadual não se tem como negar. A região ganhará nova dinâmica com o asfalto, mas é bom dizer que falta ainda muita coisa para se programar com o turismo.  
Achamos, porém, que o grande beneficiado como polo do Alto Sertão, será a cidade de Delmiro de Gouveia, em todos os aspectos.


SERTÃO EM FOCO Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.662 Meu Sertão, meu ser...

SERTÃO EM FOCO



SERTÃO EM FOCO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.662
Meu Sertão, meu sertãozinho, após a chuvarada. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Os últimos dias da Semana Santa vieram com mais um milagre para o povo sertanejo e sua puxada seca de seis anos. Os inúmeros filhos do semiárido que deixaram as capitais para rever familiares nessa época depararam-se com um cenário bonito. Nada da foto de alguns dias passados que mostrava o cinza de arbustos e garranchos sobre a poeira pelada que entristecia. Agora um céu nublado, temperatura agradável e fantasma da estiagem se distanciando. Muitas famílias no aconchego do reencontro de Semana Santa vendo do alpendre da fazenda a chuva rodeando e arrancando o perfume de mato verde. Os pássaros não paravam de grasnar pelas baixadas num festejo sem fim. Não foram poucos os barreiros que encheram, os riachos que botaram cheias, os rosários que balançaram com agradecimentos. E a concentração de familiares antes espalhados coincidia na frase: “eu trouxe a chuva para o Sertão”. De Maceió a Pariconha ─ o município mais distante da capital ─ nada de divisório no verdume total.
“Se Deus quiser”, afirma o sertanejo, essa boa chuvarada deve ser o início do esperado inverno. Depois de tanto sofrimento, tanta dor, tanta apreensão, parece que finalmente teremos um ano de fartura, mesmo não dando para recuperar ainda todos os prejuízos. Mas somos um povo forte, resistente, simbolizado pelo mandacaru, uma bandeira de luta contra as adversidades. Passada a tão esperada Semana Santa, para nós cristãos, parece recomeçar um novo ciclo. Mas um novo ciclo de Sertão lavado com a terra e com a alma. Com a humildade e com a esperança. Com a fé e com a determinação.
Agora é trabalhar com denodo e aguardar os festejos juninos época de muito forró e comidas típicas a se perder de vista.
Esperamos que um novo grande ciclo de bonança aja sobre o semiárido, permitindo a renovação da têmpera sertaneja e do capital fugidio dos roceiros. Vamos ver se agora São Pedro costura a boca da seca por um longo tempo deixando reinar a alegria do homem e da Natureza.
Com sofrimento e tudo, orgulho de ser nordestino e sertanejo.

JESUS NO AGRESTE Clerisvaldo B. Chagas, 14 de abril de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.661   Foto: (divulg...

JESUS NO AGRESTE



JESUS NO AGRESTE
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.661
 
Foto: (divulgação).
Quem não ousa não chegar a lugar algum. Ciúmes de padres na minha terra mataram no ainda no nascedouro o drama da Paixão de Cristo no sopé do serrote do Cruzeiro. Com milhares de pessoas acompanhando o teatro vivo, o bairro Domingos Acácio ficou completamente lotado. Abortado o empreendimento santanense, para frustração e revolta geral, um novo movimento foi brotar em Craíbas ─ agreste alagoano ─ onde encontrou a fertilidade do acolhimento.
Foi construída naquele município a Cidade de Maria em cuja área foi erguido o maior teatro ao ar livre do mundo. Especial para apresentação da Paixão de Cristo, o teatro tem grande capacidade. A Cidade de Maria possui 300 mil m2, capacidade para 20 mil pessoas por apresentação, inclusive acesso para portadores de necessidades especiais. No estacionamento cabe 2 mil ônibus, 5 mil carros e 10 mil motos. Toda essa pujança fica a cerca de15 quilômetros de Arapiraca, a maior cidade do interior de Alagoas.
Quem for a Craíbas vai contemplar um elenco de 200 atores alagoanos e figurantes, um grandioso espetáculo e estrutura suficiente nos arredores.
A cidade cenográfica é formada por 12 palcos elevados, pontuadas com cenários naturais, casebres, templos, todos ornamentados com pedras, que dão um realismo ao ambiente. A peça traz figurinos caprichados, cenários arrojados que reproduzem lugarejos e edificações da época e uma iluminação com tecnologia de ponta, capazes de levar o espectador para dentro da cena”.
Afora o sentimento religioso, a emoção, a renovação da fé, qual o impacto financeiro que deixará na região com esses milhares de pessoas vindas de todas as partes de país?
E a coitada da minha terra continua sofrida com a fé em Craíbas e pés no chão crestado da ignorância que não a faz feliz. Quantas décadas ainda precisam para que no meu município apareça um administrador verdadeiro, honesto, manso, dinâmico, visionário e sábio? Como hoje é Sexta-feira da Paixão, podemos afirmar que só Deus sabe. Mas não tenho fé que ainda estarei vivo quando esse homem chegar.