VAMOS A PARICONHA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de fevereiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1847 PARICONHA. Fo...

VAMOS A PARICONHA


 VAMOS A PARICONHA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1847
PARICONHA. Foto: (Rádio Jornal Web).

Caso você deseje fazer um “tour” pela região serrana do Sertão alagoano, não esqueça Pariconha. O município fica distante da capital, sim. A cidade é a mais longínqua de Maceió, dentro dos seus 354 km, rumo ao extremo oeste. O município faz fronteira com Pernambuco diante do rio periódico Moxotó. Pariconha foi emancipada de Água Branca, em 7 de abril de 1992, sendo seus cidadãos conhecidos como pariconhenses. O município começou a ser habitado no início do século XIX com fazenda de gado miúdo. O nome Pariconha tem origem num pé de ouricuzeiro que havia onde hoje é a sede. Seus frutos eram formados de duas partes chamadas “conhas”. Dizia-se: um par de conhas. Com o tempo veio à junção Pariconha.
Seu território pertence à Microrregião Serrana do Sertão Alagoano e tem como padroeiro o Sagrado Coração de Jesus, cujos festejos acontecem no mês de novembro. Ali chegou logo cedo um grupo de índios jeripancós – originários de Tacaratu, Pernambuco – e habitou a serra do Ouricuri, próxima da cidade. Pariconha é um pequeno núcleo que se moderniza com seus 10.684 habitantes, numa altitude de 401 metros e um território de 260.858 k2.  Suas imediações são Delmiro Gouveia, Água Branca e Mata Grande.
Para quem gosta de narrações sobre cangaceiros, a região oferece boas histórias, pois, ainda como povoado, Pariconha sofreu duas ou três invasões por Virgolino Ferreira e asseclas, antes mesmo de se tornar conhecido como Lampião. (Lampião em Alagoas, do mesmo autor). Ali também atuou o pequeno bando dos Porcino, o qual Virgolino se enturmou quando seus pais vieram de Pernambuco para morar em Alagoas.
Rodar pelo Alto Sertão do estado, vai ficando cada vez mais fácil devido o asfalto por todos os lugares. A região serrana, além do clima diferenciado, oferece belas paisagens entre serras e vales verdejantes onde a vista se espraia. Saindo de Maceió a Pariconha a viagem pode ser através de Arapiraca, Batalha, Delmiro Gouveia ou através da BR-316, Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, entroncamento do povoado Carié.
Muitas novidades podem surpreender o homem da cidade grande, nessas turnês pelos sertões de B. Chagas. Vamos experimentar chegando à cidade do par de conhas.








MARACANÃ Clerisvaldo B. Chagas, 20 de fevereiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.846 Antiga Churrascaria M...

MARACANÃ


MARACANÃ
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.846
Antiga Churrascaria Maracanã, em 19.02.2018. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Maracanã é o ponto de referência mais falado de Santana do Ipanema, Alagoas. Trata-se de um largo no centro do gigante Bairro Camoxinga, cortado pela BR-316. É ponto de convergência e divergência de sete ruas e possui um dinâmico comércio miúdo sendo o segundo da cidade. No Largo do Maracanã e adjacências, você encontra posto de gasolina, padarias, casas de lanches, funerária, oficinas de motos, mercadinhos, farmácia, barbearia, casa de móveis e uma flutuante movimentação em ponto de transportes para municípios do oeste como Poço das Trincheiras, Maravilha, Canapi, Ouro Branco e para todas as outras do Alto Sertão alagoano. Outrora fora lugar tão perigoso que certo delegado chegou a comentar: “Entre dez ocorrências policiais, oito são do tal Maracanã”.
No livro ainda inédito “O boi, a bota e batina, história completa de Santana do Ipanema”, o autor detalha a origem do nome Maracanã e que raríssimas pessoas conhecem. E os que conhecem não vão além de uma churrascaria que havia no local e que ostentava a denominação do maior estádio do mundo.  Mas o livro também traz os detalhes de origens de todos os bairros e pontos de referências da cidade. É o maior documentário jamais produzido no Sertão Alagoano, que ainda não foi publicado por falta de patrocínio. E as autoridades que têm verba para isso, fazem ouvidos de mercador e, o santanense fica sem sua história completa e verdadeira, porque políticos odeiam intelectuais. 
O prédio que deu origem a Churrascaria Maracanã, ainda continua de pé. Foi churrascaria, dormitório, bar, restaurante, pequena mercearia, tudo sob comando do proprietário conhecido como Seu Neguinho. Sem atividade que valha à pena, o edifício se deteriora com dificuldade de venda e os passos implacáveis do tempo. Sua importância como valor histórico é grande para o centro do bairro que o acolheu, mas nada parece evitar o futuro que o aguarda assim como a casa do padre Bulhões, o Fomento Agrícola, a igreja de São João, o Colégio Santo Alberto Magno, a Pracinha Emílio de Maia e outros importantes e fundamentais pontos santanenses. Em tempos de campanhas políticas, o Largo do Maracanã torna-se o ponto mais importante para discursos. Coitado! Sem anel rodoviário e abandonado à própria sorte, torna-se o lugar mais perigoso do trânsito da cidade.



SIM À MOCOCA, NÃO À MACACOA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.845 ...

SIM À MOCOCA, NÃO À MACACOA


SIM À MOCOCA, NÃO À MACACOA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.845

MOCOCA (DIVULGAÇÃO).
     Aos oito anos vivendo por uns tempos em Maceió, já ouvia a propaganda agradável que me chamava atenção: “A vaquinha Mococa está falando/a vaquinha Mococa está dizendo/beba leite em pó Mococa...” E um mugido longo e saudoso de sertão fechava a propaganda: “moooon...”. Minha tia, Carminha Braga, sempre comprava o leite em pó que vinha com uma vaquinha simpática desenhada no pacote. E como vai bastante tempo, pensei até que não existisse mais a marca. Olha a surpresa! Estava escrito na notícia: “Unidade da Mococa fechou e deixou 157 desempregados no interior de São Paulo”. Corri os olhos na Folha e vi que era mesmo a Mococa do meu tempo de criança.
     O lado ruim ficou para o município paulista de Cerqueira César, onde a Mococa possui uma unidade de produção de leite UHT. A unidade foi fechada no último dia 6, deixando de produzir 500.000 litros de leite longa vida por dia. A sede da empresa é na cidade de Mococa, onde tudo começou em 1919, produzindo manteiga artesanal. Em 1930 já produzia em escala de indústria.  Entretanto, a unidade de Cerqueira César será vendida e, produtores de leite já estão fornecendo para outras marcas implantadas na mesma cidade. A empresa, por questões estratégicas, quer migrar para outros segmentos de derivados lácteos, terceirizando e produzindo achocolatados. Essa parte ruim é o problemão que a empresa deixa para seus fornecedores, desempregados e a circulação do dinheiro em Cerqueira César.  
     O lado bom é que essa indústria estará funcionando dentro de poucos meses em Alagoas, produzindo achocolatado. Não sabemos como a Mococa foi atraída para essas bandas, provavelmente pela política de governo em trazer mais indústrias com incentivos para o nosso território. Como já existem dois gigantes do leite e derivados em Alagoas (Palmeira dos Índios e Batalha) vem à indagação onde será implantada a Mococa. Tão bom que fosse em Santana do Ipanema, mas nem sonhando! As autoridades nunca deixaram que fosse implantada em Santana sequer uma fábrica de quebra-queixo. Mesmo assim, seja onde for, sendo em Alagoas já está de bom tamanho.
É o leite Mococa da minha infância. Bom, muito bom.