AINDA UM OLHAR URBANO Clerisvaldo B. Chagas, 22 de fevereiro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.474   É deve...

 

AINDA UM OLHAR URBANO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.474

 



É deveras gratificante quando uma cidade tem condições de perpetuar os seus marcos históricos ou de referências. Quando não possível, pelo menos fotografá-los, imprimir seus históricos e arquivá-los nos Arquivos Públicos do município, grande fonte de pesquisas para esta e futuras gerações.

Em Santana do Ipanema, Alagoas, tínhamos dois lugares com denominações irmãs: Cajarana ou Alto da Cajarana e As Cajaranas. Construído na gestão Paulo Ferreira, a Conjunto Habitacional Cajarana – muito sofrido e recentemente pavimentado – fica por trás do Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo, na parte alta do Bairro Floresta. A origem do nome vem de uma árvore robusta e bastante frondosa chamada Cajarana e que produz os seus frutos Cajás. Imortalizamos a árvore em nosso livro “Negros em Santana”. Esta árvore, símbolo daquele conjunto já sofreu tentativa de queimada por um dos seus próprios habitantes.

O outro lugar representa As Cajaranas, área de terras altas na antiga rodagem Santana – Olho d’Água das Flores, vizinho ao término da rodagem com a AL-130, quase por trás do atual “Posto de Gasolina Lemos”. Já falamos sobre isso. Em nossas andanças pela periferia ficamos chocados com a ausência daquele grupo de árvores, dentro do grande cercado da família Alcântara. Enfrentamos arame farpado, mato, mas descobrimos o assassinato das Cajaranas. Só restaram os tocos como cadáveres sem cabeças. Coisa horripilante! Árvores tradicionais que acompanharam toda a nossa infância e a evolução da cidade. Quem serão os culpados? O leite já foi derramado, mas o lugar bem que merece um marco artificial e oficializado de referência para não cair no esquecimento da juventude.

Quanto a Cajarana árvore por trás do Hospital e que precisa de uma plaqueta indicativa e histórica para o Conjunto, até quando resistirá ao vandalismo, à ignorância e à ambição por madeira?

Até mesmo o hospital da cidade também é apontado como o “Hospital da Cajarana”. Dizer mais o quê!

 ÁRVORE CAJARANA DEU NOME AO LUGAR; FUNDOS DO HOSPITAL, EDIFÍCIO EM AMARELO. Não foi possível melhorar a qualidade da (Foto de B. Chagas)

 

  FOI DE FAZER MEDO Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de fevereiro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.473   Na últi...

 

FOI DE FAZER MEDO

Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.473

 



Na última terça-feira, por volta das 19 horas, caiu uma grande trovoada no Sertão de Alagoas, aguardada desde o mês de janeiro. Os trovões foram terríveis com relâmpagos e provavelmente com inúmeros raios pela redondeza. A chuva foi tão forte e duradoura na cidade de Santana do Ipanema que duvidamos de ter escapado uma só casa sem estuque que tenha se livrado de tantas goteiras. As calhas transbordaram e os esgotos de canos de 100, tiveram muito trabalho para escoarem as enxurradas dos telhados. E o pior, faltou energia, Santana perdeu todos os meios de comunicação, ficou completamente ilhada, enquanto os clarões dos céus cortavam o espaço. Comércio fechado, ruas desertas e os trovões encurralando os viventes.

A energia da Equatorial só apareceu lá para as 23 horas, mesmo assim por pouco tempo. A chuva amainou, mas logo voltaram à ativa a escuridão e um resto da chuvarada.  Calor imenso, escuridão sem Internet, sem telefone, sem ar condicionado, sem ventilador, foi uma noite muito dura. O dia seguinte, quarta-feira, nada de energia, nada de comunicações. No anoitecer dessa quarta-feira de Cinzas, nova trovoada teve início, coisa nunca vista, duas trovoadas seguidas em poucas horas. A mesma novela da noite anterior: escuridão total, relâmpagos, trovões e receios, sendo a violência do tempo menor do que a noite da terça. A trovoada só foi se acalmar lá para as 22 horas. Só apareceu a luz no breu da cidade, em torno de 23.30.  Finalmente amanheceu e o sertão mostrou um céu límpido como se nada tivesse acontecido. As ruas estavam lavadas e, cremos que os pecados também.

Só não se perderam os alimentos que estavam em congelador, falam em muito prejuízo. As primeiras notícias da quinta apontaram o apagão em Santana do Ipanema e mais nove cidades sertanejas. Todos queriam uma trovoada, Zé, mas não com as trevas e violência do tempo. O saldo é que deve ter enchido barreiros, açudes, barragens e cisternas de toda a região. Ainda madrugada, espanta-boiadas faziam alaridos sobrevoado o rio Ipanema e logo cedo do novo dia, o leiteiro com sua moto de entrega e buzina de carro grande, anunciava a volta da normalidade na terra de Senhora Santana.

Segundo dia de quaresma.

Amém, amém!

CHUVA EM SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

  NOVO OLHAR URBANO Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.472   Ao percorre...

 

NOVO OLHAR URBANO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.472

 



Ao percorrermos novamente Centro e bairros de Santana, não temos como ignorar a antiga e presente necessidade de assegurar uma nova forma de travessia no rio Ipanema. O velho desejo do povo santanense era a construção de uma ponte no final da Rua São Paulo até o Conjunto habitacional Eduardo Rita, na margem direita, o que corresponde ao trecho da esquecida rodagem Santana – Olho d’Água das Flores. A cidade se desenvolveu, todavia, aquela velha travessia continua sendo a mesma do século passado, isto e, uma frágil passagem molhada que fica submersa durante às cheias, interrompendo a mobilidade urbana. A citada ponte desafogaria a ponte do Comércio, General Batista Tubino, ajudaria a desenvolver toda a região de saída para Olho d’Água das Flores, Pão de Açúcar, Batalha, Jacaré dos Homens, São José da Tapera, Palestina, Senador Rui Palmeira, Carneiros, Monteirópolis, Piranhas e Jaramataia, com inclusão de Arapiraca.

Naquela região de saída estão importantes empreendimentos como o “novo bairro Colorado (Luar de Santana), IFAL, Posto de gasolina, Churrascaria, Casas Comerciais da construção, diante de um tráfego intenso dia e noite. Todos os que viessem dos municípios citados acima, se não precisassem visitar o Centro Comercial de Santana, aliviaria o trânsito pela nova ponte, onde já existem no Bairro São Pedro, várias alternativas de saída para o Norte da cidade e para Palmeira do Índio, Maceió. Achamos que a prefeita atual Christiane Bulhões, poderia deixar a marca definitiva da sua profícua administração com a nova passagem, pois dispõe de um deputado federal e uma senadora na família, além do prestígio inquestionável perante o governo estadual.

Verdade seja dita, foi o prestígio junto ao interventor estadual General Batista Tubino que o, então, prefeito Adeildo Nepomuceno Marques conseguiu a ponte no Comércio e que leva o nome do militar. Assim surgiram os bairros Floresta e Domingos Acácio e tudo de bom que existe atualmente na margem direita do rio Ipanema, inclusive, o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo.

Além dos perpétuos benefícios que a nova ponte traria para Santana em geral e particularmente para aquela região – antigamente chamada Minuino – a atual gestão deixaria um marco indelével do seu período junto a esta e às futuras gerações. Vamos sair do feijão com arroz!

PONTE GENERAL BATISTA TUBINO, INAUGURADA EM 1969, IMAGEM EM 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).