SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
CAROÁ Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.699 Deus concede conhecimentos ...
CAROÁ
Clerisvaldo
B. Chagas, 10 de maio de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.699
Deus
concede conhecimentos ao homem para enfrentar qualquer tipo de ambiente onde
tenha nascido. É interessante observar como era possível viver, por exemplo,
num ambiente de caatinga bruta com apenas pobreza no couro cabeludo. Pobreza,
mais a sabedoria divina para a sobrevivência extraída do próprio meio. Assim o
catingueiro se alimentava das caças e quando não tinha arma industrializada, com
a sua criatividade, fazia armadilhas para os bichos. Pegava o preá, o tatu, o
mocó, o peba e aves da sua região. Às vezes, como os indígenas, usava o bodoque,
armas perigosa e eficiente que ajudava a matar a fome. Mas também aprendeu a
tirar mel silvestre de todas as espécies de abelhas que a caatinga oferecia.
Sendo
o mel um dos alimentos mais nutritivos do mundo, tinha muito significado a
peleja para obtê-lo no oco do pau, no cupim, na terra, nos enxus pendurados nos
galhos das árvores. Mas também chama atenção o fabrico de objetos diversos com
matéria-prima do próprio ambiente e um deles era a corda de laçar, de amarrar e
para muitos outros fins. O matuto para fazer corda utilizava a fibra de uma
planta bromélia denominada caroá, também chamada croá. Folhas compridas,
esverdeadas com alguns espinhos, eram coletadas e trabalhadas com habilidade
até chegar ao ponto de corda e mesmo de barbante. Esse processo era muito
rudimentar dentro da mata, mas às vezes era utilizado com mais conforto nas
clareiras ou no terreiro de casa.
A
cidade de Senador Rui Palmeira, (antes Riacho Grande) teve sua origem numa
fábrica de barbante de caroá ou croá. Esse fabrico fez com que esse lugar, no
início, fosse chamado de “Usina”. Veja como foi importante um fabrico de corda
de fibras nativas na própria caatinga. A cidade de Senador Rui Palmeira
continua crescendo no Alto Sertão de Alagoas, graças ao impulso inicial dos
produtos do próprio bioma. Falar nisso, vem à lembrança uma fabriqueta de corda
no Bairro Floresta, em Santana do Ipanema. Era uma engenhoca ainda rudimentar à
margem da Rua Joel Marques. Isso faz uns dez anos e parece-me que a
matéria-prima não era caroá, mas sim, agave chamado em outras plagas de sisal.
Havia muitas plantações de agave no município, inclusive, no conjunto
residencial onde residimos, era só plantação de agave.
Pesquisas
e observações.
CAROÁ (CNIP).
CAÇADAS CONTINUAM Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.698 Quando o caç...
CAÇADAS CONTINUAM
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.698
Quando
o caçador chegava do mato, da caçada, “desfilava” orgulhoso pelas ruas e pelo
comércio com vários nambus e nambus-do-pé-roxo (menor) pendurados em torno da
cintura. Desfilava é um modo de dizer, mas ali tinha muito orgulho ao mostrar a
todos o resultado do seu trabalho. Geralmente as caças já estavam todas
encomendadas ou quase todas. E o caçador
sentia prazer ao ouvir quem passava dizer: “cabra que atira bem no voo”. E
atirar bem no voo era a principal virtude do caçador. Estamos falando do
profissional a exemplo do saudoso Mário Nambu, o único que cantava melodias de
Augusto Calheiro na cidade com o seu vozeirão. Tempos de natureza ameaçada e
sem leis. As leis eram apenas as dos proprietários das terras: aceitavam ou não
as caçadas.
Faz
bastante tempo que não vemos caças nos bares como tira-gosto. Se ainda matam
nambu, é coisa escondida dos que moram na caatinga. O que surge com frequência
são os pássaros para vender nas feiras. Muitos já vêm com a gaiola caprichada
para valorizar ainda mais a ave canora que varia no preço conforme a espécie e
o canto. A variação vai de 500,00 ao valor de um automóvel, por isso os
viciados procuram burlar a Lei. Vez em quando se noticia à apreensão de aves
selvagens nas feiras do Sertão e Agreste. Os pássaros são levados para as
reservas mais próximas onde pelo menos ganham a liberdade. A presença do Nambu, da codorniz, vai ficando
cada vez mais rara no comércio. Talvez também nas matas nativas.
Não
faz tanto tempo, passávamos na chã de Belém e havia o “Bar do Nambu”. Não foram
poucas as vezes em que passamos ali indo e voltando de Maceió e o bar
resistindo. Nunca paramos para verificar e nem comer um nambuzinho torrado. Nem
sabemos se ainda existe. Na verdade, depois das leis de proteção ambiental, não
fica fácil desafiá-las. Portanto, o jeito é ir comprando codorna de criatório,
cujo sabor também é excelente, além dos ovinhos pintados que dizem ser
afrodisíacos. Falar nisso, lembramos as incumbências de pelar juritis no
quintal de casa. Mas isso era no tempo que podia e caçadores diziam que era a
caça mais saborosa da caatinga. Devia ser mesmo.
O
nambu possui várias denominações conforme os estados brasileiros: Nambu,
Inhambu, Lambu, Chororó, Inhambu-Chitã, Perdiz e tantos outras regionalistas.
Quer dizer do tupi: ave do voo curto.
NAMBU
(WIKIPÉDIA).
ESPIANDO O GADO Clerisvaldo B. Chagas, 6 maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.697 Maravilha o poder da ...
ESPIANDO O GADO
Clerisvaldo B. Chagas, 6 maio de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.697
Maravilha
o poder da Web. Inúmeras postagens de vídeos por todos os lugares,
principalmente as divulgações amadoras sobre aspectos de feiras e feiras de
gado. As feiras de gado estão mostradas pelos estados de Pernambuco e Alagoas,
pelo menos são as que mais aparecem. É óbvio que estamos vendo uma melhora
significativa no aspecto físico, na qualidade dos bichos, na distribuição do
espaço e em mais caprichados currais. Muitas delas respeitando o espaço de
cavalos, bovinos e animais menores, mas ainda não vimos postado, um sistema de
alimentação, bebida e sombra para isto, a não ser das árvores surgidas do
acaso. Feira de gado deveria ser igualmente a uma exposição agropecuária com
toda a estrutura para o bem estar animal.
Destaque
em Alagoas é a Feira de Gado de Dois Riachos e a chamada Feira dos Cavalos no
distrito palmeirense de Canafístula Frei Damião. E a feira no geral que era
coisa da Idade Média, para surpresa de muitos, resistiu à modernidade do
Supermercado, do Mercadão, do Mercadinho, do hiper e de outras formas de vendas
nas cidades e capitais. Os destaques são justamente as Feiras Camponesas e as
feiras de gado que ninguém vai levar uma vaca para vender no Mercadinho. Ao
contrário de quem pensava que as feiras iam acabar, viu o diferente: cada vez
mais revigoradas e divulgadas. No caso da feira de animais de porte, entra e
circula milhões de reais nesses municípios que descobriram a mina. Isso sem
contar com as prestações de serviços nos entornos dessas feiras, consideradas
comércios miúdos, mas que arrecada muito dinheiro e assegura a dinâmica do
movimento feireiro.
Almoço
quase sempre com galinha de capoeira, a bebida, os artigos de couro, os doces
diversos e até cangas, vara-de-ferrão e acessórios para montarias, tapiocas,
milho assado, água de coco e muito mais. Como foi dito, parece um negócio
miúdo, porém bastante dinâmico e que assegura a sobrevivência de inúmeras famílias
e o próprio andamento da feira. Esse movimento que teve início defronte os
castelos medievais, portanto, atesta a força da compra livre e da validade
desse sistema secular. Nem o moderníssimo sistema de compras pela Web conseguiu
abalar as feiras de gado nordestinas. Para quem gosta do ramo, uma grande
atração pessoal.
CANAFÍSTULA
FREI DAMIÃO (FOTO: TRIBUNA DO SERTÃO).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.