ESPIANDO O TEMPO Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.724   Continuam nossas ...

 

ESPIANDO O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.724

 

Continuam nossas chuvas mansas todos os dias; raramente o Sol tem aparecido para tirar o mofo das coisas, deixar os varais mais animados, esquentar os tiús e os preás nos lajeiros e nos fornecer mais Vitamina D. Assim anda nosso inverno sertanejo, verde, bem chuvoso e frio que chega aos l9 graus. Quem caminha pelas nossas estradas vicinais, estradas de terra, até se surpreende com lugares de muita lama. Vez em quando está arregaçando as calças, tirando os sapatos para vadear pequenos riachos da exuberante caatinga. Tem água agora por todos os lugares, o que faz entristecer dono de caminhão-pipa sem outra profissão. É o mês de junho entregando o tempo ao parceiro julho em condições claras de boa economia rural. Os santos juninos foram generosos com os sertanejos alagoanos, muito embora os festejos estivessem sem a força robusta da tradição.

E por falar nisso, continuam as visitas e mais visitas à represa do riacho João Gomes, o novo ponto turístico do município. Um verdadeiro mar d’água, amigo (a). E ainda na represa, paredão/ ponte com asfalto por cima, benefício duplo para a região. E para quem interessa o tema, junto ao Secretário Jorge Santana, conseguimos saber onde estão localizadas as nascentes do riacho que hoje é a sensação da terrinha. Aqui vai ao público em primeira   mão: o riacho João Gomes possui duas nascentes principais. O sítio serrote dos Angicos é uma delas e está localizada dentro do próprio município santanense. A outra cabeceira fica no sítio Serrote da Furna, já município de Carneiros.

 Enquanto um braço corre para os fundos da represa, outro chega à barragem mais pelo meio, mas ambas as nascentes fazem parte da mesma vertente da margem direita do riacho João Gomes. A esperança de todo homem da roça, é que as águas acumuladas de um bom inverno (chuvoso) cheguem até às prováveis trovoadas, três ou quatro meses depois. É certo que barragens importantes já estão fazendo esse papel, mas, nem todos os lugares possuem esses reservatórios. Entretanto, disse o Mestre: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”. Isso tanto vale para o homem da cidade quanto para os que habitam os campos.

Fé, é a palavra-chave.

O ETERNO DRAMA DA ÁGUA (FOTO: B. CHAGAS).

    SEBASTIÃO DE NARBONNE Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.723   Origi...

 

 

SEBASTIÃO DE NARBONNE

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.723

 


Originário de Narbonne (França) 256-288 e cidadão de Milão, Itália, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável.

Com o nome de São Sebastião foi construída no antigo Comércio de Santana Vila a Igreja particular com esse padroeiro. Aproximadamente, em 1915, a poderosa família Rocha escolheu a esquina de um beco para edificar a obra e, o beco também passou a ser conhecido como o Beco de São Sebastião. Essa via é passagem obrigatória do comércio para a Rua Prof. Enéas ou Rua de Zé Quirino e pode chegar, após, ao rio Ipanema, justamente por trás do Comércio.

Portanto, a Igrejinha de São Sebastião, em Santana do Ipanema, aniversaria este ano com suas 107 velinhas. É um templo discreto, pouco notado por quem passa e quase sempre se encontra fechado. Já foi motivo de embate com a Paróquia no final do século passado quando um remanescente daquela família se movimentou para tomá-la e transformar a capela em ponto comercial à venda. Não conseguiu devido à forte reação popular.  Quando o templo de São Sebastião se encontra raramente aberto, causa admiração ao transeunte que não perde tempo para ali adentrar e fazer suas orações ao mártir tão conhecido e amado do catolicismo brasileiro.  Embora pareça nem existir, quando fechado, é um dos edifícios históricos mais importantes do Comércio santanense.

O Beco São Sebastião marcou muito nas festas de Senhora Santana. Por ali desciam para o rio Ipanema muitos casais clandestinos. Ponto certo de soltar foguetes e bombas durante os festejos à santa. Já a igrejinha de São Sebastião foi palco de muitas missas, lugar de entrega nos Domingos de Ramos e cenário para o Terço dos Homens. Muito querido do sertanejo, o chamado Mártir   São Sebastião é padroeiro em lugares como Monteirópolis, povoado Areias Brancas e Poço das Trincheiras. Suas festas atraem multidões de fervorosos devotos, munícipes e visitantes. Mas a igrejinha fechada é como se não existisse, uma pessoa de cabeça baixa de tristeza no meio da multidão.

Parabéns Igrejinha pela sua história e seus 107 anos de existência!!!

Viva São Sebastião!!! Viva a Igrejinha!

 

IGREJA E BECO SÃO SEBASTIÃO. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 

  O BARBEIRO DA TAIPA Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.722 A descoberta de ...

 

O BARBEIRO DA TAIPA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.722


A descoberta de nova variedade do “barbeiro”, chega numa ocasião de variadíssimas doenças no mundo. São doenças e mais doenças uma atrás da outra como se estivéssemos mesmo no fim dos tempos, o que não duvidamos de maneira alguma, pois tudo está diferente e mórbido no mundo após o arrastão do Covid 19 pelo planeta. Até mesmo o próprio barbeiro de duas pernas desapareceu para dá origem ao cabeleireiro. Ora, se nem os salões querem mais usar na fachada o nome de “Barbearia”, por que o inseto barbeiro iria continuar de uma maneira só? Mas isso faz pensar no tipo de habitação usada pela pobreza do Brasil inteiro que é a casa de taipa. A casa de taipa é feita com trançados de varas, sendo cobertos com bolos de barro jogados por cima.

Lembramos da gestão passada, municipal, em Santana do Ipanema, quando surgiu um programa da União para substituir todas as casas de taipa por casas de alvenaria. É que o barbeiro, inseto hematófago, costuma se esconder, em copas de palmeiras, ninhos de pássaros, cascas de pau, mas também nas frestas das casas de taipa, sem reboco. Nos seus ataques ao ser humano causa a chamada “doença de chagas” (homenagem ao seu descobridor) e que causa aumento de volume no coração. Mas, é somente viajar pelo país para constatar a proliferação de casas de taipa, no Sertão, no Agreste, no Litoral nordestino e em grande parte da região Amazônica, principalmente. Onde está o programa brasileiro, então, e a verba a ele destinada?

Quando fomos tomar vacina no Posto São José, em Santana do Ipanema, uma senhora estava se queixando que tinha o coração grande, logo interpelada pelo enfermeiro se era coisa do barbeiro. Foi confirmado pela mulher que estava já em tratamento.

Em dia de São João, notícias melhores poderiam alegrar mais a nossa gente, mas o próprio festejo ficou restrito a um lugar para dança o os chamados shows de famosos com dinheiro público, praga que domina o Brasil inteiro. Nem balão, nem fogueira, nem outras coisas que caracterizam essa festa junina.

Quer saber?

Esqueça tudo, tome umas quatro e venha dançar antes que proíbam também o fungado no cogote.

QUADRILHA (FOTO: DIVULGAÇÃO)