DEUSES DE MANDACARU Samuel Fernando – Cineasta   Acabei de terminar DEUSES DE MANDACARU. É um romance completo. Em alguns moment...

 

DEUSES DE MANDACARU

Samuel Fernando – Cineasta

 



Acabei de terminar DEUSES DE MANDACARU.

É um romance completo.

Em alguns momentos encontrei a verdadeira identidade do sertão bravo, sem o estereótipo cansado do sertanejo. Cada personagem bem construído. Apesar do grande número de personagens que pode, às vezes causar confusão para o leitor desatento.

É uma leitura que pega pela emoção e prende a atenção a cada nova página.

Tentei separar durante a leitura arcos para ver como poderia caber uma adaptação. Uma minissérie de 5 capítulos foi o que ficou mais próximo da ideia.

Mas, enfim, no final realmente o tesouro era amaldiçoado, mas Levino e Maria Pilar conseguiram uma riqueza maior. Ticinho arranjou um ganha-pão para deixar o cabo da enxada e ganhou dignidade. João Paulista, o negócio dele era jogo mesmo. E o professor ganhou um cunhado, mas não sei se ainda perdera no fundo a curiosidade (Eita que isso daria continuação).

Gostei muito de como traz o contexto histórico no começo – É muito lindo. E de cara vem a emoção daqueles filmes de faroeste, Invasores X Índios, mas sem a riqueza da história da nossa região. Depois desemboca no elemento cangaço e sua brutalidade que vou contar, é comparativo a Game Off Trones. Não sei se conhece, mas foi uma série de livros que fez muito sucesso de um escritor inglês e virou série na década passada. Destacava-se por ser uma fantasia repleta de violência e sexualidade, mas não me pegou muito por achar tudo gratuito. Melhor comparação mesmo com esse livro é SENHOR DOS ANÉIS, que gosto. Mas aqui em DEUSES DE MANDACARU, acho mais rico e pegou mais por sabe que era da “realidade” mesmo ficcional. É tudo muito real. Nada gratuito. Inclusive a busca pela arca no frenesi final, é algo épico que grandes filmes em que exércitos se encontram. Inclusive os desfechos e plots da história antes de chegar lá e no final.

E lembrou os filmes de Tarantino. Que sou muito fã. É uma crescente de expectativas muito bem construídas que pegou do início ao fim. Ainda no meio do enredo me diverti com a história e personagens com o mesmo sentimento de ler Suassuna.

É um romance completo! Parabéns pelo livro e muito obrigado por ter escrito algo assim. Jamais imaginaria encontrar algo que me identificasse tanto na escrita e na inspiração

 

  AS ENCOSTAS DO RIO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.216   Há qu...

 

AS ENCOSTAS DO RIO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.216

 



Há quarenta anos, o engenheiro apelidado Cutia e o contador Hamilton Melo, resolveram construir um conjunto residencial numa baixada às margens do rio Ipanema. O empreendimento financiado pela Caixa, constava de 18 casas divididas em duas ruas perpendiculares ao rio. O conjunto residencial recebeu o título oficial de Conjunto São João, mas logo um dos moradores colocou o apelido de Baixada Fluminense e que assim ficou mais conhecido. Escolhi a segunda rua e a casa de número 18, com frente para o Nascente. Lutas e lutas à parte, o lugar que era Bairro Camoxinga, foi desmembrado e hoje faz parte do Bairro São José. Como o terreno é baixo, não temos muito como estirar a vista e apreciar belíssimas paisagens de Santana do Ipanema. A única opção é olharmos para o lugar altos de encostas do outro lado do rio e que flui para o Hospital Regional ou para a serra da Remetedeira.

As encostas se iniciam na parte baixa do Bairro Paulo Ferreira e vai subindo numa ladeira longa, onde quase no topo se encontra o Hospital Regional e continua subindo em direção à serra da Remetedeira. Vista de cima das barreiras, surgem cenários belíssimos. Mas quem está no Conjunto São João, na parte mais baixa, não avista o grande movimento de veículos por cima das barreiras até o hospital e mais. Porém, avistamos uma bela floresta natural nas encostas, em tempo de chuvas. O mato se fecha e o verde toma conta de todo o espaço que vai do rio às primeiras casas lá de cima. Agradecemos à Natureza esse pulmão verde e aos homens que ainda não resolveram desmatar tudo.

Na estiagem, o verde vai embora, essa vegetação fica rala, transparente, mostrando detalhes dos terrenos. Às vezes fica seca, crestada e, serve para medir a intensidade dos estragos pelas zonas rurais. É ali em trecho das encostas que chegam anualmente as garças pantaneiras fazendo seus ninhais e base de caçadas pelos arredores. É dali que incursionam em nossa rua aves como rolinhas, bem-te-vis e anuns, principalmente. Pois assim, se não temos um privilégio, temos outro diferente, mas temos.  No restante, o Conjunto São João parece urbano, parece rural. Na proximidade, escritor, cantor e artista plástico.

Ô beira de Panema!!!

SEGUNDA RUA DO CONJUNTO SÃO JOÃO (FOTO B. CHAGAS).

 

 

  COMÉRCIO Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.215   Continuando sua vocação...

 

COMÉRCIO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.215

 



Continuando sua vocação para comércio desde os remotos tempos de vila, essa atividade se expande, engolindo rua e ruas tradicionalmente residenciais. Qualquer cidadã, qualquer cidadão pode notar transformações na terra em que nasceu e vive, porém, vejo isso com um olhar da vocação geográfica. Foi assim que aproveitando a procura por um objeto de construção, terminei numa inspeção pela Rua Tertuliano Nepomuceno, a primeira rua dos antigos cabarés de Santana. Rua que se inicia no Beco do Mercado de Carnes e se estende até a Ponte do Colégio Estadual Prof. Mileno Ferreira, passando pelo viaduto do Aterro na BR-316. Aos sábados, esta rua faz parte extensiva da feira livre. A princípio foi afastando os cabarés para os lados do Bairro que se iniciava, Artur Moraes sempre tangendo as casas de prostituição definitivamente para o Aterro.

E essa rua de cabarés, de bares, de boêmios, foi aos poucos cedendo lugar ao pequeno comércio, engolindo as residências e as transformando em barbearia, casas de construção, artigos de couro, mercadinhos, casas de móveis, artesanato, lanches, quitandas e muito mais. Era também no início desta rua onde se compravam chapéus de palha, abanos, esteiras, panelas de barro, porcos e galináceos e que até já foi chamada Rua dos Porcos. Já no Aterro, os cabarés após décadas de apogeu, entraram em decadência, dizem que pelo sistema de namoro avançado da modernidade. Tem também residências normais, casas de comércio e feira complementar como a chamada Feira do Rolo.

Mas, conversando com antigo morador da Rua Benedito Melo, Rua Nova, também tenho a mesma notícia: a antiga rua de residências da classe média e impensável para negócios mais profundos, vai no mesmo processo da Rua Tertuliano Nepomuceno. Casas antigas sendo vendidas e comércio pequeno e médio e até grande, vão apagando a Rua Nova em que você viveu e conheceu. Esses fenômenos sociais urbanos me fizeram classificar -  há cerca de dois anos – três áreas comerciais em Santana do Ipanema   e que

estão se interligando com o Centro através de corredores. Quem vai saindo dessas ruas, vai agora procurar conjuntos, loteamentos, condomínios nas periferias onde estão sendo formados novos bairros.

Só não entendi ainda porque a cidade não passa de 49.000 habitantes nas contagens oficiais?

RUA TERTULIANO (FOTO B. CHAGAS).