SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
MARCELA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3237 Quando Santana do Ipanema,...
MARCELA
Clerisvaldo
B. Chagas, 21 de maio de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3237
Quando
Santana do Ipanema, não tinha água encanada, valia-se das cacimbas do rio periódico
Ipanema. Um dos lugares do rio, porém se tornou simpático ao povo porque tinha
uma água de melhor qualidade e chamava-se Marcela. Sempre pensei que Marcela
fosse do município de Santana do Ipanema, ali para as bandas do sítio Água Fria
e os pés da serra do Poço. Acontece que só agora, depois de velho, descobri que
Marcela é um sítio do município do Poço das Trincheiras. Fica perto do povoado
quilombola Tapera do Jorge, ainda no poço das Trincheiras, um lugar muito aprazível,
onde o trecho do rio é muito belo e por séculos alimentou o aglomerado.
Marcela
não é a mulher Marcela. Marcela é uma florzinha do campo que se parece com a
camomila. É nativa do Brasil e chamada de Marcela, Macela, Marcela do Campo e
Camomila brasileira (a camomila verdadeira não é originária do Brasil). Possui
as mesmas propriedades calmantes da sua xará e tem o nome científico de Achyrocline
satureiodes. Então, com essa
mimosidade toda, tanto é bela a Marcela, quanto é belo o trecho do rio Ipanema
no lugar Marcela e imediações. Vale a
pena uma incursão pelo rio Ipanema seco, do Poço das Trincheiras a Santana do
Ipanema. Daria uma filmagem supimpa! Até porque a beleza de um rio periódico
está no tempo seco quando vira um belíssimo jardim com uma variedade enorme de
plantas e recantos agradabilíssimos.
Mas
você pode percorrer, para deleite, descontração, conhecimento... O trecho
citado acima. Pode seguir subindo o rio, se almejar, iniciando seu passeio pela
barragem assoreada na BR-316 e encontrar aspectos diferentes do rio. Acima da
barragem, encontrará o chamado Poço Grande ou Poço do Boi, onde tem o desenho
de uma cara de boi na rocha, segundo os que vêm. A pirâmide santanense ou Pedra
dos Bexiguentos, um corredor rochoso que forma um poço comprido. Após isso, o
leito do rio vai se alargando e chegando as imediações das faldas da serra do
Poço. Ali tem registro de tromba d’água e fragmentos de animal pré-histórico,
representado em museu. Vamos conhecer o nosso amor Marcela, Marcela do rio
Ipanema.
MARCELA
TUDO ESTRANHO Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.236 Finalmente, após o ...
TUDO ESTRANHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 20 de maio de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.236
Finalmente, após o dia 15 de maio, como sempre
foi, a região do Sertão alagoano, entrou em perspectiva de chuvas das chamadas
chuvas das tradicionais chuvadas de outono/inverno dessa região. O céu ficou
por vários dias, nublado, mas sem chuva, apenas dando notícias de precipitações
no Agreste. Agora resolveu colocar as mangas de fora, mas somente com algumas
nuvens com chuvas passageiras e fracas po cerca de cinco minutos. Uma friezinha
sim, o escurecimento do tempo dentro das casas, devido algumas nuvens mais
escuras e só. Diante das mudanças climáticas, não podemos mais confirmar nada
sobre a continuação das chuvas outono/inverno em Santana do Ipanema e região.
Um tempo estranho. Muito estranho.
Mas, independente do Sol e da Chuva, continuam
as obras do Anel Viário. Os trabalhos
estão descendo as colinas dos arredores e tudo indica, passarão pela estrada
que leva ao sítio Tocaias, onde se encontra a “Igrejinha das Tocaias. Não
entendemos de engenharia, porém dar a entender que essa ligação rodoviária
entre a AL-130 e a BR-316, irá cortar a estrada das Tocaias com um aterro. E
caso acontecesse isso, aqui vai uma sugestão que é fazer um viaduto no futuro
aterro assim como Paulo Ferreira fez no aterro das imediações do Colégio
Estadual. A Igrejinha das Tocaias, ao lado da Reserva Tocaia, são atualmente os
pontos turísticos mais visitados. Joias da visitação pública entre romeiros,
estudantes, professores, cineastas, escritores e devotos ferrenhos da tradição
histórica, geográfica, religiosa e social desse relevante ponto supervalioso de
Santana do Ipanema.
Porém, mais duas coisas relevantes acontecerão
com o Anel Viário. Os veículos que virão da região Oeste do Sertão em busca do
hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, não precisarão enfrentar o trânsito do
Centro da cidade, subirão direto da BR-316 para o hospital. Os que vierem da
Região Sul, pela AL-130, também não enfrentarão o trânsito do Centro, chegarão
livre ao hospital que atende cerca de vinte oito municípios. Quanto as
formações de novos bairros além do hospital, rumo a serra da Remetedeira e nas imediações
da serra Aguda, onde ficará a maior estátua sacra do mundo, serão bairro novos
já com asfaltos à porta, clima de altitude e boas perspectivas de vida.
(FOTO; B. CHAGAS).
ÁGUA NA PEDRA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 235 É natural que as pesso...
ÁGUA
NA PEDRA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 235
É natural que as pessoas tenham abandon
ado hábitos antigos e tenham se integrado
aos tempos modernos, aqui no Sertão de Alagoas. Foram deixados de lado os
remédios do mato, a procura de águas nas cacimbas de rios periódicos e a
lavagem de roupas nos pilões de pedra. Motivos pela ordem: remédios de farmácia
em abundância, água encanada do rio São Francisco e máquinas de lavar. Muitas
outras coisas poderiam ser citadas, mas vamos parar por aqui com objetivo de
falar sobre os pilões de pedras, um dos motivos do meu próximo livro sobre a
zona rural. Pedra d’Água, Caldeirão, Caldeirão de pedra, são os nomes que se
dão no Sertão às rochas, rochedos, lajes, lajeiros, lajedos, lajeado, que
afloram e que adquirem, pela Natureza, várias formas que acumulam águas
pluviais.
Aqui
no Sertão alagoano, no município santanense, temos até um povoado de
denominação, Pedra d’Água dos Alexandre. E é interessante porque pertence a
dois municípios: um lado da rua é Poço das Trincheiras, o outro lado, Santana
do Ipanema. É terra da cangaceira Maria do Cangaceiro Pancada. Maria de Pancada
como ficou conhecida. Pois bem, O nome Pedra d’Água vem justamente de algumas
rochas da região que acumulava água das chuvas em suas formas. Em Santana
existem vários pilões de pedra. Somente na região de Camoxinga dos Teodósio
existem mais de cinco, porém, hoje estão esquecidos por causa da existência de
água encanada. Se você não alcançou, que pena! Era um encanto as lavadeiras de
roupa nos caldeirões de pedra. Simplesmente romântico.
Tirando
a faina charmosa das lavadeiras nas rochas, o local é
atrativo para pássaros e outros animais selvagens, e mesmo lugar de emboscada
para caçadores, hoje ilegais. Suas formas de retenção da água pluvial tem uma
ótima variação: rachaduras, cavidades simples, panelas, caldeirões, torneados
profundos ou não e panelas em forma de parafuso. Ali vêm beber, o sapo, a
raposa, o furão, o lobo-guará, a cobra, o cassaco e todos os selvagens do
perímetro, durante, principalmente o período de estiagem prolongada. Durante o
tempo mais frio do inverno, urubus e teiús costumam usar esses e outros
lajeados para obrigatórios banhos de sol, como os humanos. Por isso e por mais
ainda, é tão importante um lajeiro tipo caldeirão na propriedade quanto uma
lagoa, um riacho, uma várzea.
LAJEADO
COM ÁGUA (foto: PULSAR).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.