DETALHANDO A HISTÓRIA (Clerisvaldo B. Chagas. 1º. 5. 2010) Para jovens pesquisadores Rio s e riachos do Sertão começaram a engolir areia há ...

DETALHANDO A HISTÓRIA

DETALHANDO A HISTÓRIA
(Clerisvaldo B. Chagas. 1º. 5. 2010)
Para jovens pesquisadores
Rios e riachos do Sertão começaram a engolir areia há bastante tempo. Nos meados do século XX, o assoreamento no rio Ipanema já era uma penosa realidade. Mostrava que o desmatamento da bacia hidrográfica, principalmente no vizinho estado de Pernambuco, contribuía de forma cruel para a perda de terras férteis. No trecho urbano de Santana, a aluvião amontoava-se às margens, formava ilhas, dividia o rio em braços tortuosos. Foi assim que o Panema aterrou toda a barragem construída na periferia, ao lado da BR-316. Naquela época as estações do ano ainda eram regulares, o que fazia prevalecer à experiência dos mais velhos sobre um possível bom, ruim ou nenhum inverno. Essas experiências baseavam-se no comportamento de plantas, animais, demonstrações no Sol, na Lua, nas estrelas e nas cheias do rio Ipanema, além de outras fontes.
Com as cheias regulares, as águas do Ipanema iam trazendo e depositando as toneladas de terra, como foi dito acima. A enchente de 1941 ─ a mais famosa de todas ─ chegou a lamber o prédio da perfuratriz. Outras cheias sucessivas formaram com a aluvião, um terreno mais alto entre a perfuratriz e a conhecida pedra do sapo, na metade da largura. Como o Ipanema passou dezenas de anos sem conseguir subir o elevado, o senhor Otávio “Marchante” (torcedor número um do time com o mesmo nome do rio) cercou a área e depois vendeu para o senhor Euclides José dos Santos. O senhor Euclides, ali vizinho construiu uma rua estreita para alugar pequenas casas às pessoas mais pobres. Depois ele mesmo denominou a via de: Rua da Praia, cujo nome chegou aos nossos dias.
Alguns benefícios naquela área de extrema pobreza foram feitos tal o calçamento, durante uma das administrações do prefeito Paulo Ferreira. Um campo de futebol, gramado e cercado por árvores frondosas, também foi construído por um dos filhos de José dos Santos, ex-bancário Luís Euclides. Fundada ainda uma pequena igreja no local da antiga perfuratriz e mais uma associação comunitária, para atender aos moradores daquela região. Para o visitante, logo se destaca um prédio moderno e de 1º andar onde funciona a sede de luta dos seus associados e da comunidade local. Sempre que o rio Ipanema surge trazendo grande volume d’água, o campo de futebol (cujo terreno é mais baixo) fica completamente inundado. As águas ameaçam a Rua da Praia, mas a comunidade fica vigilante para evitar surpresas. Bem perto desse local, a prefeitura resolveu implantar um centro de saúde em avenida larga que se inicia à Rua São Pedro, indo até a margem do rio. Mais uma vitória da localidade resistente. É sempre um prazer encontrar progresso onde antes nem o mínimo existia.
Temos intenção ainda de falarmos sobre a vizinhança da Rua da Praia e seus personagens dos anos cinquenta. Quem sabe, na próxima crônica, mais material para pesquisadores sobre Santana. Enquanto a narrativa completa sobre o município não sai, vamos por outra vertente DETALHANDO A HISTÓRIA.

ESPONJA DE LIMPEZA (Clerisvaldo B. Chagas. 31.5.2010) E o mundo inteiro que dava às costas ao continente africano, vira de frente para a Áf...

ESPONJA DE LIMPEZA

ESPONJA DE LIMPEZA
(Clerisvaldo B. Chagas. 31.5.2010)
E o mundo inteiro que dava às costas ao continente africano, vira de frente para a África do Sul. Mesmo assim ainda tem gente que não acredita no milagre da bola. Sendo o planeta quase redondo, não é de admirar que uma esfera de couro permita movimentar milhares e milhares de empregos diretos e indiretos em todos os recantos da Terra. E na continuidade das lutas contra xenofobia e descriminação racial, surge o futebol como aglutinador dos povos, com atrativo único. O amor nacionalista, as vibrações da cores flamulares, o orgulho do sucesso no palco global, fazem desses animais bípedes seres racionais diante de eventos importantes como a copa na extremidade africana. Juntam-se as frustrações, as alegrias, as esperanças na mesma mala de embarque para um porvir onde outrora somente lágrimas brotavam.
Torçamos para que, após a copa do mundo, as coisas melhorem para aquele continente marginalizado que representa um mosaico com cerca de cinquenta e três países. Numa visão imediata o visitante, além dos estádios da África do Sul, poderá se inserir em outras atrações da terra. Cidade do Cabo, com uma população em torno de 2,5 milhões, representa o antigo Cabo da Boa Esperança dos nossos velhos estudos de Admissão. Último ponto do continente africano, passagem para as Índias, descoberto por Bartolomeu Dias em 1488; hoje sede do poder Legislativo. Pretória, sede do governo. Bloemfontein, sede do Judiciário. Os torcedores estarão no país de três capitais, o mais industrializado do continente e o primeiro lugar em reservas de ouro, manganês, platina e cromo. O segundo lugar em diamantes. Atrações de parques repletos de animais selvagens, posição geográfica, histórico de resistência do famoso bairro de Soweto das lutas contra Apartheid. Quem tiver sorte, poderá apertar a mão de um dos maiores homens dos últimos tempos, o herói Nelson Mandela, mito mundial.
A bola irá rolar nos campos, mas já vem rolando em outros lugares; por sua causa, centenas de milhares de trabalhos existem nas mais diferentes áreas de negócios do planeta. As armas separam e o esporte une os povos. Pena que cheguem ainda a esta dimensão, espíritos rancorosos de velhos generais do passado. Cérebros doentios que atuam em corpos humanos como robôs voltados à destruição. São como vulcões, tempestades, tormentas, montados em duas pernas, parecidos aos bons. Espíritos encarnados, tronchos para o mal que só compreendem os painéis draculistas de seus instintos bestiais. Estão eles a cumprir o ódio avassalador trazido das trevas que só reconhece o sistema da valentia. Nem o futebol ─ poderoso e magistral balé ─ consegue desviar as mentes sujas dos hematófagos.
É bom que a copa venha em breve, felizmente como ESPONJA DE LIMPEZA.


BOCA DE CAIEIRA (Clerisvaldo B. Chagas. 28.5.2010) Nas andanças , como estudante, em Maceió, pela praça da faculdade de Medicina, colegas fa...

BOCA DE CAIEIRA

BOCA DE CAIEIRA
(Clerisvaldo B. Chagas. 28.5.2010)
Nas andanças, como estudante, em Maceió, pela praça da faculdade de Medicina, colegas falavam sobre a região do Ouricuri, ali perto, e a Coreia, mais adiante. Do Ouricuri diziam do perigo permanente da marginalidade que dominava a pobreza do lugar. Quase todas as batidas policiais ocorriam no Ouricuri que sempre estava em evidência nas páginas dos matutinos Jornal e Gazeta de Alagoas. Da Coreia, a conversa era outra. Seria um bairro de população composta de mulheres maduras. Estava no auge à cantora de forró, Cremilda, que pouco a pouco invadia o espaço nordestino da famosa colega Marinês. Com tantas músicas bonitas e vibrantes (eu era seu fã) Cremilda lança um forró dizendo desse último lugar de Maceió. Aproveitava a indicação do povo e cantava:

“Na Coreia
Na Coreia
Só tem veia
Só tem veia...
(...) Na Coreia eu não vou mais.”

Não faz muito tempo, em Santana, inventaram um forró do outro lado do Ipanema, lá para as bandas do lugar chamado Eduardo Rita, saída para Olho d’Água das Flores. Esse forró acontecia durante uma tarde por semana, foi tomando corpo e passou a ser bastante conhecido e apreciado. Pela Rua São Paulo, em direção ao rio, só se via passar velhinhos bem vestidos e durinhos rumo ao outro lado. Nem era preciso perguntar. O povo dali mesmo apontava e dizia: “Vai para o forró das veias”. Durou bastante tempo, o “forró das veias” em Santana do Ipanema. Divertiu muita gente madura e jamais se ouviu falar em briga, arruaça ou arenga. Que falta faz o “forró das veias”!
Lá do outro lado do mundo, investigações internacionais dão conta de que a Coreia do Norte teria partido ao meio uma corveta da Coreia do Sul. Um míssil lançado de um submarino atingiu em cheio o barco de guerra que foi ao fundo do mar com quarenta e seis mortos. Descoberto o ataque, a Coreia do Sul promete represálias. O pai do mundo, Estados Unidos, que jogaram seus filhos para morrer no Vietnã, no Iraque, no Afeganistão, incentivam a Coreia do Sul para uma guerra fratricida com a vizinha de cima que eles dizem fazer parte do “eixo do mal”. A Coreia do Norte, de economia arrasada igual a Cuba, investe somente em armas com o mesmo pensamento arcaico da antiga União Soviética. Saída da poeira do passado, ainda vive da ilusão comunista e da força das armas. Os Estados Unidos, sedentos de sangue e malucos para testarem novas armas, já encontraram o novo brinquedo fora do Irã: a Coreia do Norte. Caso haja um confronto, primeiro eles mandarão a Coreia do Sul, mas depois não resistirão à guerra e entrarão no conflito. Arrasada economicamente, a Coreia não tem como sustentar uma guerra prolongada. Mas, se conseguir apoio da China, Os Estados Unidos não terão como sair de lá sem uma derrota como aconteceu no Vietnã, no Iraque (pela prorrogação) e agora no Afeganistão, engolidor de americanos.
Mexer com a Coreia do Norte é entrar num vespeiro sem tamanho. Mas os Estados Unidos podem pensar que é a mesma coisa que dançar no “forró das veias” em Santana do Ipanema, ou namorar na Coreia de Maceió. E como diz um doido da minha cidade, aquilo ali, amigo, é BOCA DE CAIEIRA.