SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
CÂMARA DE VEREADORES E A LUZ Clerisvaldo B, Chagas, 2 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.3 EM 31 DE ...
CÂMARA DE VEREADORES E A LUZ
Clerisvaldo B, Chagas, 2 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.3
Do
prédio referido acima, a empresa mudou-se para um edifício novo à Avenida Nossa
Senhora de Fátima entre 1951 e 1955, (hoje Câmara Municipal de Santana do
Ipanema). Ficou o prédio dividido em três partes: o grande salão, onde hoje é a
plenária, funcionava o motor e seus inúmeros painéis encostados à parede do
lado direito de quem entrava. E abaixo,
onde hoje são os gabinetes dos vereadores, ficava o caixa onde pagávamos as
mensalidades da energia consumida. Ainda lembro do Sr. Valdemar Lins, recebendo
os pagamentos. Os Lins faziam parte da empresa.
Do lado de baixo, última parte, era o lugar onde três enormes tanques armazenavam
uma água verde, talvez do Ipanema, para refrigerar o motor. Tomava conta dos
tanques, o Sr. Antônio da Empresa, assim conhecido. E do motor, o Sr. Agenor,
inteligente, artista e inventor, verdadeiro cientista. Na fachada do prédio
estava escrito: “Empresa Municipal de Força e Luz”.
Em
1959, na gestão Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, o motor entrou em
exaustão. A cidade passou quatro no escuro e somente após grande movimento
liderados por jovens como Eraldo Bulhões e Adelson Miranda, fundadores da rádio
clandestina Candeeiro e muitas passeatas pela cidade, finalmente chegou à
energia de Paulo Afonso, em 1963. O prédio ocioso passou a funcionar como fórum
e, hoje: Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas Duarte.
·
Nunca colocaram o nome do patrono na fachada. Absurdo!!!
(Fotos: livro 230)
ACONTECEU EM SANTANA Clerisvaldo B. Chagas, 31 de agosto de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.375 PROCISSÃO EM SAN...
ACONTECEU EM SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de agosto de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.375
Fato humorístico se deu durante uma festa de Senhora Santana, já apresentada aqui há muito tempo. Durante os festejos à padroeira, Santana do Ipanema ficava repleta de bazares, bancas de lanches, parque de diversão e um sem número de bancas de jogo. Jogos de todos os tipos, principalmente de bozós (dados) com estampas de seis bichos. Era a parte profana da novena ocupando toda a extensão defronte à Matriz, o Largo da Feira e a Rua Tertuliano Nepomuceno onde ficavam as bancas de jantares, os forrós e as cantorias de viola. Por trás do “sobrado do meio da rua” nos fundos das casas comerciais de Manoel Constantino, Arquimedes e Abílio Pereira, onda, curre (carrossel) e balões coloridos se equilibravam na saída, ganhando os céus. Banda de música, foguetório e ‘carro de fogo” animavam o orgulho santanense.
Ao
iniciar a missa as atividades profanas paravam e aguardavam o término da
solenidade para, então, reiniciar o furdunço que não tinha hora para acabar. Inúmeras atividades amanheciam o dia, entre
elas, músicas e mensagens de amor transmitidas pelo alto falante do parque
entre o ronronar da roda gigante.
Como
o padre Bulhões estava doente, fora substituído por um vigário de Viçosa
fanático por jogo. Em uma daquelas noites, passava da hora de iniciar a missa e
a igreja lotada. O sacristão também era viciado em bebida e jogo, chamado
Caiçara (que foi volante e matou o pai do futuro Lampião sob o comando de
Lucena). Caiçara foi chamar o padre que estava numa banca de jogo. O padre
dizia: “Vou já Caiçara, vá tapeando o povo”. Após três viagens para chamar o
sacerdote: “Padre, o povo está agoniado, pensa até que o senhor também adoeceu.
Já passa de meia hora de atraso”. E o padre de Viçosa, abusado com a insistência
do sacristão, disse para ele: “Caiçara, se o povo de Santana do Ipanema
soubesse o quanto vale a missa celebrada por mim e auxiliada por você, não
ficava um só fiel dentro daquela igreja!”.
·
O
caso do padre foi repassado pelo saudoso mestre de obras, conhecido como Mané
de Toinho.
APOSENTADORIAS DOS JEGUES Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.374 JEGUE EM CA...
APOSENTADORIAS DOS JEGUES
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de
2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.374
JEGUE EM CACIMBA DO RIO SECO IPANEMA, APROXIMADAMENTE EM 1966. (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).
Os mais de cem jumentos
que abasteciam Santana com água salobra das cacimbas do rio Ipanema, alcançaram
alforria. A partir do dia 31 de março de 1966, os asininos iniciaram seus descansos
daquele mister com a inauguração da água encanada vinda do rio São Francisco.
Com a chegada da Adutora de Belo Monte, houve uma grande euforia e festividade
nas ruas de Santana do Ipanema. A comemoração, os discursos políticos
aconteceram em cima do palanque da “Sorveteria Pinguim”, situada no Bairro
Monumento. Presente o governador Major Luís soltando piadas e mandando o povo
quebrar as cisternas da cidade com a chegada da água nas torneiras. Isso, três
anos após a o triunfo da luz elétrica de Paulo Afonso.
Para ser agradável, o
governador enviou um ônibus para os alunos do Ginásio Santana conhecerem a
captação de água na Adutora de Belo Monte. Fui um dos estudantes que
acompanharam esse passeio, mas algumas pessoas que não eram alunas, também
aproveitaram a oferta governamental. Assim saímos conhecendo as pequenas
cidades do trajeto: Olho d’Água das Flores, Monteirópolis, Jacaré dos Homens,
Batalha e Belo Monte. Estava em voga as primeiras canções do cantor Agnaldo
Timóteo, sucesso absoluto nessas cidades por onde passávamos. Conhecemos tudo e
fomos comprar lanche numa mercearia quando um dos nossos acompanhantes se
desentendeu com o merceeiro. Houve discussões brutas, o comerciante
apresentou-se como militar, o nosso acompanhante respondeu que também era militar.
Algumas pessoas apaziguaram os ânimos dos dois arrogantes valentões.
Voltamos de Belo Monte
enfadados, mas felizes com o conhecimento adquirido. Já pensou, sair para
passear e voltar com uma tragédia! Esses dois acontecimentos, luz e água em
Santana, foram verdadeira catapulta para o seu desenvolvimento que continua em
2020 com todo vapor. As aventuras do passeio estudantil logo se espalharam pela
cidade como um privilégio secundarista.
Após a água encanada, o
jerico, merecidamente, ganhou estátua em praça pública. E nós, mais do que
adolescentes, continuamos estudando no Ginásio Santana para não virarmos
jumentos.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.