LAMPIÃO NO GINÁSIO
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de julho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica: 1.950
Quando expuseram as
cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros nos degraus da
Igrejinha/monumento de Nossa Senhora da Assunção, o Grupo Escolar Padre
Francisco Correia, já existia. Havia sido inaugurado cinco meses antes, em
fevereiro de 1938. Foi construído na gestão do prefeito interventor, Joaquim
Ferreira da Silva que governou apenas seis meses entre 1937-38. Joaquim também
construiu um edifício para ser hospital, mas por falta de condições, o prédio
ficou ocioso até ser ocupado pelo 20 Batalhão de Polícia em 1936, tendo como comandante o, então,
major José Lucena de Albuquerque Maranhão. Quando o batalhão foi embora, o
prédio voltou à ociosidade até virar a Escola Cenecista Ginásio Santana, em
1950, atualmente com o nome de Colégio Cenecista Santana.
Ali passamos seis
anos como aluno e vários como professor. Aprendemos a respeitar o seu ensino
que repercutia qualidade em todo o estado. O antigo Ginásio está repleto de
história da educação santanense, mas o seu edifício também de muitas histórias
do cangaço que permaneceram mudas por anos a fio. Quase ninguém sabia que ali
fora o quartel do 20 Batalhão de Polícia que caçava cangaceiros. Por
quê? Só com o nosso livro Lampião em
Alagoas foi revelado tudo ou quase tudo que se passou naquele quartel. Ali
ficaram presos, após a hecatombe de Angicos, vários cangaceiros que se
entregaram a Lucena. Antes disso, foi presa a cangaceira Aristéia que estava
grávida. O quartel foi ainda depositário de várias cabeças de cangaceiros
mortos antes de Lampião.
Foi ali dentro que o
cangaceiro Português foi assassinado, após se entregar à polícia. O quartel
também recebeu, guardou e expôs as onze cabeças dos bandidos mortos na fazenda
Angicos, em Sergipe, inclusives as de Lampião e Maria Bonita.
Quando o Batalhão foi
embora o prédio ficou ocioso.
A escola Cenecista
Ginásio Santana foi fundada pela ideia do comerciante João Yoyô Filho com os
apoiadores: pré-pároco, Fernando Medeiros; Cônego Teófanes de Barros*; padre
Bulhões e coronel Lucena. O acontecimento se deu na casa do padre Bulhões. O
Ginásio funcionou por dois anos no Grupo Padre Francisco Correia até conseguir
o prédio atual que estava na ociosidade.
(Tive a honra de ter
sido aluno de Filosofia do cônego Teófanes, dono e diretor do colégio Guido de
Fontgalland, depois CESMAC, em Maceió. Uma das maiores ou a maior inteligência
de Alagoa, na época).
FOTO: Jornalistas da TV Cultura e Tribuna Independente, no antigo quartel, ao lado dos escritores Clerisvaldo B. Chagas (boné) e Marcello Fausto. (Foto: Arquivo B. Chagas).
Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/07/lampiao-no-ginasio.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário