RABO-DE-ONÇA
Clerisvaldo
B. Chagas, 10 de julho de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
O rabo abana, Zé, mas
atrapalha. E as diversas fontes procuradas não colocam hífen no rabo da onça.
Para que rabo de onça quer hífen, “primo véi?”. Taí, então, rabo sem os pestes
dos traços. Vamos mergulhando no Sertão de Conselheiro, padre Cícero, Gonzaga,
Jesus e nosso. É muito espinho para um lugar só: Mandacaru, facheiro,
xique-xique, alastrado, coroa-de-frade, favela, rasga-beiço, unha-de-gato,
rabo-de-raposa e o rabo-de-onça. Mas o rabo-de-onça que falamos é um pequeno
cacto ornamental. E assim, vamos à nova regra ortográfica: “O acordo
regularizou o uso do hífen na grafia de todas as palavras que indicam espécies
de plantas ou animais”. Acabemos a dúvida e coloquemos os benditos hífens.
O rabo-de-raposa,
adulto, não serve para jardim pequeno; cresce muito e se esgalha demais. Já o
rabo-de-onça, serve muito bem para ornamentar jardins caseiros e lugares de
entrada da casa. É pequeno, roliço e farto de espinhos. O seu charme são os
diversos tipos de florzinhas roxas que fazem o contraste com o seu verde
bastante escuro. Cabe em qualquer lugar. Pessoas usam o rabo apenas como enfeite,
mas outras ainda aproveitam para se defender de possíveis demandas, assim como
usam a coroa-de-frade. Alegam que o mal chegado não penetra na casa porque se
engancha nos seus espinhos. É preciso, porém, cuidado em dobro se a casa tiver
criança pequena. Mas que a planta é linda, não há dúvidas.
Assim é o nosso
Sertão repleto de riquezas e pouco valorizado pelas autoridades. Imenso
laboratório a céu aberto que não despertou ainda o olhar distante da grande
maioria de escolas. E se no Nordeste nascesse mais cem Luís Gonzaga, ainda não
cantariam nem um quarto dos nossos magníficos sertões. É andando pelas trilhas,
em tempo de inverno, que a caatinga desabrocha em toda plenitude. E o bom
observador vai passando os olhos nos lombos e na periferia dos lajeiros onde
estão os pequenos cactos que embelezam a mata. Nocivo, porém, o ato desembestado
de extrair para venda e ajudar assim a extinção das espécies.
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