OS
EXTERTORES DAS TRADIÇÕES
Clerisvaldo B.
Chagas, 3 de novembro de 2015
Crônica
Nº 1.492
Repentistas: Clerisvaldo e Zé de Almeida na Matriz de Senhora Santana. Foto: (Clerisvaldo/Arquivo). |
Vamos seguindo feira
adentro; olhos perscrutadores nas bancas, no quadro, no povo. Não encontramos
folhetos, emboladores, violeiros, vendedores de óleos estranhos para todo tipo
de doença. Tudo parece mais escasso e pobre. Vão-se as tradições e surge o novo
na continuação da vida, em ciclos de novidades cada vez mais curtos.
Não aparece diante
das feiras de Senador Rui Palmeira, Olho d’Água das Flores, Santana do Ipanema,
Carneiros, Canapi... Um vate popular que imite, ainda de longe, o cego pedinte
e repentista do sítio Travessão, Zequinha Quelé, o gênio das feiras interioranas
do sertão alagoano. “Perdoe ceguinho”:
“A bacia do perdoe
Eu deixei no Travessão
Sou homem
Não sou menino
Todo ser é assassino
Só meu padre Ciço
não.”
Nem mesmo se encontra
mais o violeiro nos bares, tomando uma, cantando repente, devorando temas,
assim como fazia o poeta Zezinho da Divisão: “Só vai arrochando tudo”:
“Se a sua mulher não
presta
Se o filho é um ladrão
Se o pai é um cornão
Que vive coçando a
testa
Se na vida nada resta
Nem trabalho nem
estudo
Falta dinheiro graúdo
Nesse seu bolso
furado
Se dane a comprar
fiado
Só vai arrochando
tudo.”
A escassez de
atrações nas feiras, entretanto, não faz diminuir a importância desse comércio
livre de grande valia para produtores rurais e consumidores, além de amenizar
os custos dos produtos comestíveis ofertados por famosos atacadões.
Afinal, a tradição
também tem seu Dia de Finados.
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