O QUE VI Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.232   Sim, fiz uma incursão p...

 

O QUE VI

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.232




 

Sim, fiz uma incursão pelas imediações da Rua Delmiro Gouveia, “Rua dos Restaurantes”, que no momento tem novidades no Comércio, mas ainda é pouca. Porém, chegando a trifurcação urbana da via, a modernização recente salta aos olhos. Ali está situada a Pracinha Frei Damião centro das três ruas que para ali convergem e divergem: Rua Delmiro Gouveia, Rua Maria Gaia, Rua Manoel Medeiros. Houve no entorno da pracinha uma completa reforma, surgindo prédios novos ou reformados, que vieram embelezar o local, o subcomércio e a arquitetura em si. Todos, prédios modernos dando nova dimensão ao ponto mais movimentado dia e noite. Mercadão, funerária, floricultura, farmácia, igrejas evangélicas, casa de rações, tornando bem elegante o entorno da trifurcação.

Lamentável é a pracinha, com a imagem de Frei Damião, já completamente surrada, precisando de uma reforma urgente, com uma imagem muito maior, pedestal de respeito e bem conservada. Por outro lado, a pracinha do povo, lotada de motos ocupando espaços de canteiros, bancos e tudo o mais, numa falta de respeito, na tomada do espaço sagrado do usuário. Está faltando uma ordem severa da prefeitura e uma fiscalização rigorosa da SMTT. Estão destruindo a praça do povo, deixando constrangido qualquer observador consciente, progressista e torcedor de melhoras para sua cidade. Tudo evoluiu, mas a praça pede socorro.

Já no outro largo, o Largo do Maracanã, conversor e dispersor de sete ruas, inclusive trecho da BR-316, moderniza-se mais rapidamente na parte de cima, onde se inicia a Rua Santa Sofia. Farmácia, Clínica médica, padarias, lotérica, fruticultura, casas de lanches, “lan house”, artesanato, mercadinhos e vários outros tipos de comércio e serviços. Muitos saíram na frente na elegância de prédios mais vistosos, iluminados e limpos. Entretanto a parte inferior do casario, em sua maioria, ainda continua com prédios antigos e de aspectos humildes. Entretanto, vê-se que é apenas questão de tempo para acompanhar o que estão à frente. O comércio e os serviços do Largo do Maracanã, já estão ligados pela Rua Santa Sofia ao comércio pequeno e intenso por trás da Cohab Nova.

RAÇA FREI DAMIÃO (FOTO B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

  HEROÍNAS DO RIO Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.231   Às pressas, tive...

 

HEROÍNAS DO RIO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.231

 



Às pressas, tive que passar ferro em algumas camisas e logo veio o pensamento para dona Antônia Lavadeira e Zefinha Engomadeira, personagens reais da minha adolescência. As lavadeiras levavam as trouxas de roupas para o rio Ipanema e lavavam à beira de cacimbas escavadas na areia. O sofrimento era está ali debaixo do girau de madeira e pano a uma temperatura altíssima, no verão. E mais sofrimento ainda, uma criatura ficar de cócoras o tempo todo, até manhã inteira lavando, lavando, lavando para quem podia pagar pelos serviços. Durante as cheias, não havia cacimbas, quando a água barrenta limpava um pouco – após uns três do início da enchente – as lavadeiras usavam essa mesma água pela margem do Panema.

Já as engomadeiras – as que passavam ferro nas roupas – eram assim denominadas porque vários tipos de tecidos levavam goma. Tinham também o sofrimento continuado da quentura do ferro em brasa e ainda a curvatura do corpo nesse mister, por horas e horas seguidas. Como adolescentes não tínhamos ainda essa conscientização, mas o tempo aponta. Sabemos também que essas atividades como são descritas acima, aconteciam em todas as regiões do nosso País, mas estamos no referindo apenas a labuta das mulheres do Ipanema. Hoje, sumiram as cacimbas e surgiram lavanderias coletivas em alguns bairros. A goma não existe mais para aquela função. O ferro em brasa evoluiu para o ferro elétrico e, atualmente para um aparelho a vapor.

O romance inédito AREIA GROSSA, resgata a labuta dessas mulheres do rio. E vamos caminhando para um tempo em que, já chegou, muitos tecidos não precisam mais de passar, de engomar e de coisa parecida. Estamos aguardando agora, aquele tecido de vestir pessoas que não seja mais preciso lavar. Nesse caso, se está dispensada lavadeira e engomadeira, iremos dispensar também a valente máquina de lavar. Economia, mulher! E assim prossegue a humanidade. Os mais velhos viveram todas essas fases até agora, os mais novos, só sabem do passado mediante pesquisas.

Sertão fala.

Sertão conta.

Sertão contribui com a cultura brasileira.

 

LAVADEIRAS DO SÃO FRANCISCO. (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).