OS VALORES DO GRUPO (Clerisvaldo B. Chagas. 7.1.2010) Para os que fazem a Escola Estadual Padre Francisco Correia Inaugurado em feverei...

OS VALORES DO GRUPO

OS VALORES DO GRUPO
(Clerisvaldo B. Chagas. 7.1.2010)
Para os que fazem a Escola Estadual Padre Francisco Correia

Inaugurado em fevereiro de 1938 no Bairro Monumento, o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, em Santana do Ipanema, Alagoas, é um prédio histórico. O citado grupo foi quem marcou a primeira etapa oficial funcionando até a antiga 4ª Série. Antes dessa parte, as escolas que existiam eram particulares e, mesmo oficiais lutavam com bastantes dificuldades em todos os aspectos. Podemos dividir a história das letras em Santana em seis fases. Primeira: escolinhas particulares (nem todas eram pequenas e particulares); segunda: do Grupo Escolar Padre Francisco Correia (séries: 1ª a 4ª); terceira: do Ginásio Santana (séries: 5ª a 8ª); quarta: do Colégio Estadual Deraldo Campos (segundo grau); quinta: (da Faculdade, ESSER); sexta: (escolas superiores à distância). Recebendo o nome de um dos fundadores de Santana, o Grupo Escolar, trouxe as primeiras normalistas da capital para o Sertão alagoano. Várias dessas professoras ficaram famosas na história educacional do Município, entre elas, Helena Braga das Chagas, Hilda D. de Carvalho, Iracema Salgueiro, Leopoldina Lima, Maria José Carrascosa, Durvalina Pontes, Maria de Lourdes Queirós, Audite, Nelzinda Nogueira Campos, entre tantas outras. Construída na gestão do 6º prefeito interventor, Joaquim Ferreira da Silva, a escola que estar completando 72 anos, pouco foi reformada. O pátio externo é grande e, o benefício que recebeu até agora, parece ter sido apenas a troca de um muro baixo cheio de pilares, por outro alto e fechado completamente. Isso há muito tempo. A parte do prédio, poucos benefícios recebeu. É de causar pena, uma escola de tantas tradições, localizada na avenida principal da cidade, continuar praticamente da mesma maneira de 1938. Ali estudaram milhares de crianças, entre as quais aquelas que exerceram ou exercem altos cargos na hierarquia estadual. Se existe em Santana uma escola resistente à falta de reconhecimento pelos seus filhos mandatários, é o antigo grupo Padre Francisco Correia. Está precisando de uma ampla reforma para se transformar em um prédio moderno e digno das suas tradições, com anexos e benfeitorias no terreno que aguarda há sete décadas. Enquanto isso a avenida ganhou praça de luxo, bancos e estabelecimentos comerciais que fazem jus à entrada de Santana. Mas o primo pobre continua lá aguardando, talvez, o centenário, para receber tais vantagens. Enquanto isso as esperançosas e competentes professoras dão continuidade à brilhante história da sua implantação.
Atualmente o grupo mudou o nome para Escola Estadual Padre Francisco Correia. Honrou-me bastante o convite que recebi para uma palestra naquela unidade, tempos atrás. Mas fiquei triste em notar o esquecimento dos que estão no poder estadual e mesmo municipal a respeito da Escola. Os mesmos que beberam daquele mingau que eu bebi durante seus recreios. Só o reconhecimento não é tudo. Gostaria muito de sair com aquelas professoras para uma aula viva sobre a história da nossa cidade pelo comércio e ruas de Santana. Estou sempre fazendo a minha parte. Autoridades, por que perdem a ocasião dos proveitos às raízes? Não esqueçamos, mesmo com atraso, os VALORES DO GRUPO.



HISTÓRIAS DE TRANCOSO (Clerisvaldo B. Chagas. 6.1.2010) Ainda nos tempos do rádio, ouvíamos boas histórias contadas pelas mães, pelas do...

HISTÓRIAS DE TRANCOSO

HISTÓRIAS DE TRANCOSO

(Clerisvaldo B. Chagas. 6.1.2010)

Ainda nos tempos do rádio, ouvíamos boas histórias contadas pelas mães, pelas domésticas, pelos vizinhos. Os mais diversos gêneros tinham vez na cama, nas esteiras, nas redes coloridas. Histórias de amor, assombrações, comédias e de muitos outros gêneros. As narrativas vinham quase sempre da criatividade cordelista, mas também de variadas fontes que não sabíamos precisar. Com certeza não eram sobre a “Gata Borralheira” e nem indicavam “Branca de Neve e os Sete Anões”, pelo menos com maior frequência. Essas histórias divertiam, amedrontavam, criavam expectativa e bastante curiosidade. Quando nos reuníamos nas noites estreladas para esse tipo de diversão, os mais velhos diziam que iam contar histórias de trancoso. Qualquer história que não fosse real, séria, era rotulada como história de trancoso. Trancoso era, então, um termo qualquer cujo significado era mentira, coisa inventada para divertir crianças. Tanto é que podia e pode ser escrita com inicial minúscula (não estamos nos referindo ao novo Acordo da Língua Portuguesa).
Crescemos curiosos sobre a palavra que sempre escapou as nossas buscas. Só agora nos lembramos de mergulhar no assunto e, para surpresa, já encontramos o problema resolvido. Descobrimos, postado em seis de outubro de 2006, trabalho de pesquisa da insigne escritora Djanira Silva. A escritora pertence à Academia de Letras e Artes de Pernambuco e possui vários livros publicados. Diz a pesquisadora em longo artigo que Trancoso era o cidadão português Gonçalo Fernando Trancoso que teria sido contemporâneo de Cervantes, Montaigne, Shakespeare, Erasmo e Camões. Homem moralista e de poucas letras, entendia muito de Justiça e Tribunal. Diz ainda Djanira Silva que Trancoso escreveu 38 histórias e foi um dos iniciadores de contos em Portugal. As histórias de Trancoso eram simples e bem escritas e caiu no gosto popular.
Ainda encontramos muitas novidades nas coisas antigas do Sertão. Pesquisa é coisa sagrada e fundamental para a juventude. Infelizmente o termo para a maioria é uma cópia retirada da internet e entregue até sem leitura ao coitado professor. Temas para mestrado e doutorado não faltam nesse Nordeste velho de meu Deus.
A pesquisa da ilustre escritora pernambucana veio preencher esse espaço em nossa literatura de tradições nordestinas ─ sobretudo. É pena que atualmente histórias de Trancoso tenham se transformado em deslavadas mentiras dos mandões. Louvemos a pesquisa da nobre escritora Djanira Silva. Não foram poucas as pessoas embaladas em sonhos de crianças com as HISTÓRIAS DE TRANCOSO.

AS TRAGÉDIAS CONTINUAM (Clerisvaldo B. Chagas. 5.1.2010) Mais da metade das notícias de início de ano foi sobre as tragédias do Sudeste...

AS TRAGÉDIAS CONTINUAM

AS TRAGÉDIAS CONTINUAM

(Clerisvaldo B. Chagas. 5.1.2010)

Mais da metade das notícias de início de ano foi sobre as tragédias do Sudeste. Desabamentos de encostas que vitimaram dezenas de pessoas. As tragédias anunciadas não são privilégios de São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro. Elas estão espalhadas pelos estados das cinco Grandes Regiões Brasileiras. São frutos ─ em quase sua totalidade ─ do descaso dos seus governantes que permitem construções em lugares impróprios. Quando não é a permissão oficial ou comprometida é a omissão ao acompanhamento do alargamento urbano. As maiores tragédias acontecem em encostas e em margens de rios e seus afluentes. A população pobre, não podendo comprar terrenos em áreas seguras, apelam para lugares insalubres. Um rio pode passar anos sem grandes enchentes, porém, tem seus limites marginais. A população constroi dentro desses limites e fica na esperança de que o rio ou córrego nunca venha rever o que é seu. Quanto às encostas que são declives por onde descem as águas pluviais, também levam nomes de barreiras, grotas, morros e outras denominações populares. Esses acidentes geográficos estão sempre ameaçados pelas chuvas. Bombas prestes a explodir a menor mudança do tempo. O desmatamento das encostas, hoje proibido por lei, desprotege o solo que desliza igualmente pneus carecas em pistas molhadas. Engolem o que encontram abaixo como casas, cercas e outros beneficiamentos humanos. Aliás, novos tipos de vítimas começam a aparecer no Brasil. São pessoas da classe média e rica atraídas no tempo de estio pelas belezas naturais dos lugares. Fazem como os americanos com suas mansões à beira-mar. A fúria das ondas leva tudo de roldão acabando o veraneio.
As autoridades são culpadas sim, quando consentem ou se omitem. Construções exigem planejamento, principalmente quando vão comportar uma quantidade exagerada de pessoas. Mas os “numerosos” afazeres dos dirigentes não permitem que eles se preocupem com os sinistros do amanhã. Depois dos fatos, abrigos e cobertores, algumas palavras de consolo e tudo fica definitivamente resolvido. Os lares cobertos de luto vão refazer suas vidas em cima da tristeza, do trauma, da depressão, abandonados depois a própria sorte. Afinal o que restou de vida continua; de qualquer jeito continua. Os maiorais apenas lavam as mãos como Pilatos. Logo, logo, todos esquecerão. Depois surgem outros dirigentes semelhantes e novas notícias opostas chegarão à mídia. Caso esquecido, ninguém punido. Até porque se houver punição será para os “teimosos” que construíram ali suas residências. As vítimas transformar-se-ão em culpados. Por outra rua, 2010 é ano de eleição. Tempos de festas e dinheiro a granel. Talvez chova, talvez não chova. Se não chover, adiam-se os funestos. Tem nada não. Para o ano AS TRAGÉDIAS CONTINUAM.