CORISCO, O FILHO E PIRANHAS Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2012. (2ª Parte)            Estrada boa, agradável e bem sinal...

CORISCO, O FILHO E PIRANHAS


CORISCO, O FILHO E PIRANHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2012.
(2ª Parte)

           Estrada boa, agradável e bem sinalizada, deixava o passeio mais seguro. Logo chegamos ao entroncamento de Olho d’Água do Casado, mas não entramos na cidade. Deixamos à direita, que leva a Delmiro Gouveia, entramos à esquerda em busca de Piranhas. Vi de longe o bairro Xingó, passamos pelo novo bairro de Piranhas, localizado na chã, bonito e cheio de belos prédios e, descemos a escarpa do desfiladeiro avistando a cidade encantada se banhando no azul paradisíaco do Velho Chico.  O nosso anfitrião Inácio Loiola, foi indicando para visitas a casa da cultura e o museu do lugar. De palestra em palestra, de informações a informações, íamos apontando os lugares que faziam parte da história da cidade e dos episódios cangaceiros. Piranhas estava cada vez mais ornada e atraía turistas de vários municípios, como outrora atraiu, cativou e amarrou o célebre Altemar Dutra em suas ruas enluaradas.  Em breve o trenzinho estará matando saudades dos tempos áureos de Piranhas, levando e trazendo turistas numa extensão de 12 quilômetros, margeando o filé da Natureza.
          Por fim, foi marcada uma segunda viagem entre Silvio Bulhões e Inácio Loiola, para a cidade de Gararu (Sergipe), onde está localizado importante documento que interessa a Bulhões. Dando a boa nova sobre a recuperação do escritor do cangaço, Alcino, Inácio convida o Silvio para a terceira viagem a serra da Jurema, município de Água Branca (Al) local de nascimento de Corisco. Negócio fechado. Foi, então, que fomos conduzidos para um restaurante no cimo do despenhadeiro, onde a famigerada peixada se fez presente. Dali do alto é que o indivíduo tem melhor ideia do que seja o paraíso.
          A comitiva era composta pela estrela Silvio Bulhões, sua esposa dona Lourdes e familiares: Sérgia, Cristino, Karine e Zé Luiz; diretora de Cultura de Santana do Ipanema, Vera Malta; pesquisador e professor Marcello Fausto; escritor Clerisvaldo B. Chagas; deputado e pesquisador Inácio Loiola e seus três amigos também da região. Voltando satisfeito Silvio Bulhões, a comitiva vai pensando nos banhos de Gararu.
          Para completar, recebo foto e notícias de Alcino, através de E-mail do escritor Archimedes Marques. Deus levante aquele exímio escritor do cangaço. Quanto ao convite sobre o lançamento do livro “Lampião o Mata Sete”, em breve confirmarei ou não, Archimedes, a minha presença em sua honrosa festa sergipana.








CORISCO, O FILHO E NÓS Clerisvaldo B. Chagas, 7 de   maio de 2012. (1ª parte)   No sábado passado fomos visitar o nosso amigo ...

CORISCO, O FILHO E NÓS


CORISCO, O FILHO E NÓS
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de  maio de 2012.
(1ª parte)

 No sábado passado fomos visitar o nosso amigo Silvio Bulhões, o filho de Corisco e um dos apresentadores do nosso livro “Lampião em Alagoas”. Foi aquele papo gostoso que o Silvio sempre nos proporciona. Conversar com o ex-professor de Matemática, ex-funcionário do antigo DNER e economista Silvio Bulhões, é privilégio de poucos. O homem viera de Maceió para conhecer o lugar onde havia nascido em época chuvosa e de tiroteio entre o bando de Corisco e a polícia. Convidado que fui pelo professor Marcello Fausto e confirmado por Silvio, seguimos com os familiares de Bulhões ao lugar do seu nascimento, no dia seguinte. Ontem saímos em caravana até o povoado Piau, onde o deputado Inácio Loiola nos aguardava. Grande pesquisador do cangaço e conhecedor profundo da história do baixo São Francisco seria Inácio quem nos conduziria ao destino procurado pelo Silvio. Fiquei logo impressionado com o povoado Piau, distrito de Piranhas, pelo seu extraordinário crescimento que parece uma cidade, limpa e bonita. Como fazia anos que não viajava para a região fui ficando deslumbrado com a beleza dos lugares, que se implantam num belo raso de caatinga onde estão, além do Piau, os povoados Candunda e Caboclo, tudo palco de andanças e aventuras de Lampião e sua gente.
          Logo a caravana ganhou mais adeptos e seguimos rumo à “fazenda Beleza”, guiados por Inácio Loiola. Situada num alto com visão panorâmica, a fazenda Beleza está situada em um tipo de terreno semelhante a outros lugares de proximidades do rio São Francisco como Petrolina e Delmiro Gouveia, por exemplo. Vegetação com amplo domínio de catingueiras pequenas em terreno tipo piçarra, semeado de pedregulhos. Foi ali na fazenda Beleza onde Dadá deu à luz ao filho Silvio Bulhões. A fazenda na época pertencia ao senhor João Machado e está situada no município de Pão de Açúcar. A casa do proprietário João Machado não mais existia, mas conservava uma antiga tamarineira e várias árvores frondosas, onde o bando se arranchava e passava semanas descansando, dançando e fazendo farras. A fazenda Beleza fora dividida e os novos donos se emocionaram com a presença do filho de Corisco. Infelizmente o Sol estava muito alto para seguirmos a pé até o lugar exato onde Silvio nascera, apontado pelo senhor Benedito, o novo dono, como a “Pia de Corisco”.
          Pia é um lugar onde um lageiro acumula água da chuva ou água de minação no terreno vizinho. Aqui na minha região de Santana do Ipanema, ninguém chama pia, mas sim caldeirão, pedra d’água, caldeirão de pedra. Após muita conversa entre Silvio e o casal proprietário da fazenda Beleza, permeada de histórias de Corisco, Lampião e volantes, despedimo-nos e descemos rumo a Piranhas. Ali perto ficava a célebre “fazenda Emendadas”, ponto de encontro entre Lampião e o tenente Bezerra, mas não houve tempo de visitá-la.
·         Obs. Amanhã continuaremos esse trabalho, Aguarde.

BANHO NA CACHOEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 4 de maio de 2012. Nunca um acidente geográfico foi tão citado na televisão brasileira. ...

BANHO NA CACHOEIRA


BANHO NA CACHOEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de maio de 2012.

Nunca um acidente geográfico foi tão citado na televisão brasileira. Em todos os dias e em todas as horas está presente o nome de queda d’água que ninguém já não suporta mais. E quando a televisão pega no osso com vontade faz como cachorro do mato que não larga a presa por hipótese alguma. Navegamos por rios e mares, escalamos montanhas, subimos serra, descemos morros, vadeamos os rios até com certa tranquilidade, num lazer sadio e aventureiro que vai se distanciando do aperreio moderno. Com equipamento ou não, conduzido às costas, procuramos na paisagem geográfica criar alma nova nessa vida tão bela, mas que às vezes se torna enfadonha. A Natureza, sem nenhuma dúvida, gosta muito de repor a energia de quem à busca. A dificuldade é encontrada apenas quando alguém se depara com uma bruta cachoeira que encanta a princípio e afoga depois. É incrível como esse substantivo feminino está fazendo tanto sucesso no meio da política do país. Banhar-se na cascata parece deixar muita gente em estado de êxtase quando cédulas de reais descem sem sabão nem detergente.
          Carlinhos Cachoeira (reparem só: Carlinhos, menino levado!) foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, operação essa que desarticou a organização que explorava máquinas caça-níquel no estado de Goiás por dezessete anos.  Carlos Augusto de Almeida Ramos é o conhecido Carlinhos Cachoeira “papai” de políticos do alto escalão. Escutas telefônicas acabaram levantando um lençol que escondia a cama da safadeza, isto é, da corrupção sutil que se deitava no leito de Brasília. Demóstenes Torres, tão combatente com faca amolada de dois gumes para esfolar a pele alheia, escorregou feio nas pedras lisas e lodosas da corredeira de Goiás. O tal efeito dominó das descobertas, vai dinamizando o jogo do empurra e mostrando personagens que surgem na janela paisagística do melaço. E ainda existe certo Dadá, braço do homem que não lembra o Dadá Maravilha de jeito nenhum, mas deve recordar grosseiramente o ditador africano de apelido semelhante.
          Nos tempos em que a seca da Bahia vai matando os animais e desmoralizando os homens, no Centro-Oeste do Brasil um aguaceiro se avulta. Nesse momento, então, ninguém sabe o que é pior, se a seca baiana ou se o amparo da toalha que não enxuga o BANHO NA CACHOEIRA.